Quando eu morei em Belmonte, no sul da Bahia, ainda com 02 anos de idade, tive em Porto Seguro pela primeira, e até 2001, a única vez da minha vida. Não guardo lembranças desta viagem, apenas a visão de um mar cheio de recifes em barreias que dava a impressão de haver um muro natural separando a costa do mar. Até hoje não sei que praia é aquela. Mesmo nos mais de quarenta dias que passei por lá no início deste século, não consegui reconhecê-la. Embora longos dias na cidade turística, isto somando as quatro vezes que lá estive naquele ano e no ano seguinte, muito poucos passeios ou quase nenhum, pude fazer. Era trabalho de domingo a domingo, exceto pelas noites boêmias com Renato Vianna irmão de Ray, quase nenhuma diversão. Estou sendo muito injusto já que aquele trabalho foi uma verdadeira diversão. Duro sem dúvida, mas divertido.
Em Setembro de 2000, a Perto da Selva dava claros sinais de declínio e eu vinha muito insatisfeito com as condições de trabalho na época. Foi aí que Ray, saindo de uma experiência frustrada com a empresa Pauppuro Design e Arte e com a vida financeira virada de cabeça pra baixo, me pediu socorro. Ele havia dissolvido a sociedade que tinha na Pauppuro, aberto uma nova empresa, mas as dívidas e a total falta de talento para administração das finanças, estavam emperrando sua vida. De início foi coisa de amigo. Trabalhava o dia inteiro na Perto da Selva e ia à noite pro seu escritório e atelier no bairro da Boca do Rio. Equacionei a separação do antigo sócio que até então andava travada por falta de entendimento, renegociei as dívidas com o banco e fornecedores e ajudei no planejamento de sua nova etapa de vida. Não havia convite para que eu ficasse efetivo.
Acontece que o destino nos reserva várias surpresas. Já em novembro, quando eu tinha acabado de voltar dos meus únicos quinze dias de férias gozadas após cincos anos na Perto, a uma linha da explosão pela insatisfação total em que vivia, tive, em pleno expediente, uma briga séria com Edmundo, meu irmão e um dos três sócios da empresa. Nervos arrefecidos pela sensata interferência de Carlinhos Amaral, o gerente de lá. Aquele episódio foi preponderante numa decisão que tomei ali no mais inapropriado momento, o do descontrole emocional. Não fosse por Carlinhos tinha mandado Edmundo e Perto da Selva tomar naquele lugar ali mesmo. No entanto, mesmo com a interferência apaziguadora e dos diversos conselhos do experiente Carlinhos, não desisti de tal decisão. Edmundo não sabe, mas suas palavras naquele dia, foram à gota d´água. Era um momento difícil, Júlia acabara de completar um ano, eu não tinha nenhuma reserva monetária, meu casamento começando a desmoronar e nenhuma outra perspectiva de emprego.
Em Setembro de 2000, a Perto da Selva dava claros sinais de declínio e eu vinha muito insatisfeito com as condições de trabalho na época. Foi aí que Ray, saindo de uma experiência frustrada com a empresa Pauppuro Design e Arte e com a vida financeira virada de cabeça pra baixo, me pediu socorro. Ele havia dissolvido a sociedade que tinha na Pauppuro, aberto uma nova empresa, mas as dívidas e a total falta de talento para administração das finanças, estavam emperrando sua vida. De início foi coisa de amigo. Trabalhava o dia inteiro na Perto da Selva e ia à noite pro seu escritório e atelier no bairro da Boca do Rio. Equacionei a separação do antigo sócio que até então andava travada por falta de entendimento, renegociei as dívidas com o banco e fornecedores e ajudei no planejamento de sua nova etapa de vida. Não havia convite para que eu ficasse efetivo.
Acontece que o destino nos reserva várias surpresas. Já em novembro, quando eu tinha acabado de voltar dos meus únicos quinze dias de férias gozadas após cincos anos na Perto, a uma linha da explosão pela insatisfação total em que vivia, tive, em pleno expediente, uma briga séria com Edmundo, meu irmão e um dos três sócios da empresa. Nervos arrefecidos pela sensata interferência de Carlinhos Amaral, o gerente de lá. Aquele episódio foi preponderante numa decisão que tomei ali no mais inapropriado momento, o do descontrole emocional. Não fosse por Carlinhos tinha mandado Edmundo e Perto da Selva tomar naquele lugar ali mesmo. No entanto, mesmo com a interferência apaziguadora e dos diversos conselhos do experiente Carlinhos, não desisti de tal decisão. Edmundo não sabe, mas suas palavras naquele dia, foram à gota d´água. Era um momento difícil, Júlia acabara de completar um ano, eu não tinha nenhuma reserva monetária, meu casamento começando a desmoronar e nenhuma outra perspectiva de emprego.
O Pirata da Montila
Cenário Para Fotografias
Réplica em tamanho natural de um ser humano, do símbolo do Run Montila.
Foi assim que fiz minha proposta a Ray. Sabia que ele não poderia pagar nem metade do que eu ganhava, mas apostava muito no seu trabalho. Antes de pedir a demissão, conversei com ele. As bases eram as seguintes. Ele me pagaria um valor fixo que equivalia na época a menos de um terço do que ganhava e um percentual sobre o bruto dos trabalhos fechados dali por diante. Embutiríamos esta comissão no orçamento de cada serviço. Era aí que eu apostava. Sabia que em alguns serviços, poderia tirar um pouco do atrasado e, na média, equivaler aos meus proventos anteriores. Acertamos tudo, com a promessa de em dois anos, havendo melhora no desempenho da Ray Vianna Design e Arte, o nome fantasia da nova empresa, repensaríamos as bases no sentido de haver aumento no meu fixo e no percentual da comissão. Consegui que a Perto da Selva me demitisse e, com isso, recebi a minha indenização podendo também retirar meu FGTS. Não durou muito tempo esta grana, os primeiros meses com Ray foram muito difíceis.
Sinalização - Placa com o mapa completo do lugar, ao estilo dos mapas piratas.
Foi quando, por volta do meio do ano de 2001, apareceu a proposta que dá título a esta série de textos, Ilha do Pirata, por intermédio de um produtor baiano, Rodrigo Palhares, que conhecemos na época da Timbalada, estabelecido em São Paulo. Ele tinha contrato com a Seagram´s do Brasil, fabricante do Run Montila, para ambientar uma ilha em Porto Seguro, a Capitania dos Peixes, com o merchandising da bebida. A ilha passaria a se chamar Porto Montila, A Ilha do Pirata. Foram intermináveis minutos de conversas telefônicas até chegarmos a um consenso no valor do projeto. Neste meio tempo, fizemos a primeira viagem ao local. Eu Ray e Renato. Fotografamos a ilha inteira, imensa por sinal, tiramos medidas, fizemos as locações de peças que já haviam sido previamente solicitadas mesmo antes do projeto chegar ao papel. Ainda sem nada fechado, no meio das negociações, Ray mergulhou no mundo dos filmes e livros piratas. Este foi inclusive um projeto feito no sentido contrário. O projeto foi apresentado sem a definição de valor pelas partes, junto com o respectivo orçamento. Tira peça daqui, altera material dali até chegar a um número aprovado pela Seagram´s.
O Bar do Pirata - Um dos Ambientes da Ilha.
Recebida a primeira parcela, começou o trabalho de execução. Vale ressaltar que, além da parte administrativa dos negócios, eu também fazia o papel de produtor executivo. A empresa tinha um grande cast de funcionários, eu e Paulo Pipoca. Este uma figura incrível. Um cara espirituoso, com múltiplos talentos. Carpintaria, marcenaria, fibra de vidro, pintura, cozinha dentre tantos outros. Quando quer, sabe ser o cara mais chato do mundo. Nunca para de falar, mas estou pra ver a pessoa que não goste dele. É o que se chama de pau para toda a obra, um animal para trabalhar. Ray já tinha pré-montada uma equipe de primeira que era sempre contratada para os maiores serviços, além de Carlinhos, O Sócio, como o chamo, dono da JC Montagens, figura indispensável, juntamente com sua equipe, nos serviços de Ray. Ao todo entre a equipe de Ray e de Carlinhos, vinte e uma pessoas foram arregimentadas para trabalhar no projeto. Só tínhamos dois meses para execução e montagem já que batemos martelo no início de agosto e a ilha inaugurava em vinte e três de outubro. Só para citar alguns, Jorge Estrela, o chefe da produção, Renato Vianna que, juntamente com Ray, gerenciava a parte artística e de modelagem, um outro Paulo, o Pity Bitoca, que além de multi-funcional, nos fazia dar risada o tempo todo, Juca, Rafael, Nonô, Tararita, Mezenga, Dae, Cid, Mun, Edson, Tico e muitos outros. O trabalho começou na Boca do Rio. Foram dias memoráveis com aquela equipe reunida, totalmente entrosada. Muita risada, almoços maravilhosos preparados por Paulo Pipoca e, às vezes, por mim, várias garrafas de Montila, já que tínhamos de prestigiar o nosso patrocinador, e por aí vai. Muito foi feito lá, até os vizinhos darem queixa na prefeitura reclamando do cheiro de thinner e dos fios de lâminas da fibra de vidro. Era uma área residencial e tivemos que mudar de mala e cuia para o galpão da JC aceitando o convite de Carlinhos. Foi durante estes dias da Boca do Rio que conheci um cara de quem sou admirador e gosto muito até hoje, com quem simpatizei da primeira vez que o vi, mas, falo isto sem nenhuma mágoa, foi um dos fatores responsáveis pela minha separação profissional de Ray. João Teixeira.
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