segunda-feira, 24 de novembro de 2008

QUANDO VOCÊ CHEGOU

Um novo amor sempre traz novo gás pra nossa vida. Foi assim quando conheci Lai em outubro do ano passado e me apaixonei intensamente por ela. Naquela época, escrevi um poema sem pretensão de fazer música. Acontece que Luciano o leu publicado aqui e me presenteou com esta canção. Fez algumas interferências na letra e falou que eu deveria por mais um verso a fim de casar melhor com a melodia que ele havia composto. Passei quase um ano para encontrar a frase e agora, ouvindo-a com atenção, observei o quanto ficou bonita. Dizem que quem gaba o toco é a própria coruja. Talvez seja verdade. Mas se a coruja não o fizer, quem mais fará? A verdade é que essa música, mesmo nesta gravação caseira só de voz e violão, ou melhor meia-voz e violão, que me desculpe Luciano, me toca profundamente. Além de me fazer lembrar o quanto de verdade e sentimento tem dentro dela. É exatamente assim que me sinto depois de um ano com Lai.

Quando Você Chegou
(Luciano Carôso/Adriano Carôso)

Eu estava perdido em pensamentos
Absorto em elucubrações
Eu nadava contra maré e o vento
Caminhava pra trás sem emoções

Comprava com cheque sem fundos
Cozinhava com água e fogo alto
Brigava com a vida, peitava o mundo
Fazia carícias no asfalto

Andava em sentido anti-horário
E era um voraz sofredor
A alma de um dinossauro
Quando você chegou

Tomou posse, me tirou desse contrário
Triturou a minha dor e fez-se o amor

Obs: Aqui a letra está completa e definida incluindo a estrofe sugerida por Luciano cantada como tracinho, tracinho, tracinho. Desconsidere os erros no áudio, vale o que está escrito aqui.





quinta-feira, 13 de novembro de 2008

DÚBIO

Duas coisas me enlouquecem:
Sexo e amor.

Duas coisas me entristecem:
Saudade e preconceito.

Duas coisas me envaidecem:
Amizade e elogios.

Duas coisas me enriquecem:
Amigos e caridade.

Duas coisas me empobrecem:
Desafetos e rancor.

Duas coisas me fenecem:
O descaso e o torpor.

Duas coisas me engrandecem:
A paixão e a libido.

Essas coisas nem parecem
que mexem tanto comigo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

DIVAGANDO

Andas num lindo caminho
Indo
Subindo
Crescendo

Trilhas nas margens do rio
Vindo
Emergindo
Enchendo

Cruzas o nosso caminho
Infindo
Luzindo
Tecendo

Trilhos no fundo do rio
Sentindo
Fluindo
Reflorescendo.

Para Jacinta Dantas

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

DE SALVADOR A BELÉM




De tudo que fiz nessa vida, nada me dá tanto orgulho quanto o fato de ser o pai de Júlia. Ela é a razão da minha existência, é o sentido da minha vida. Acaba de completar nove anos, fez agora em 07 de novembro, infelizmente, muito longe de mim. Hoje ela mora em Belém com sua mãe, mas a maior parte da sua vida esteve muito próxima de mim. Não foi à toa que sábado, um dia depois do seu aniversário, quase não consegui completar o preparo do prato da foto, de tanto que chorei com saudades dela. Enquanto cozinhava, estava assistindo a um DVD de flash backs nacionais quando começou a tocar "Era Uma Vez"(Álvaro Scci - Cláudio Matta) com Sandy e Júnior bem novinhos. Foi fatal. Logo me lembrei dela cantando essa música, balançando os bracinhos na minha frente enquanto eu tentava em vão assistir à TV e aí chorei feito criança. Repeti a música uma dezena de vezes na inútil tentativa de tê-la perto de mim, mas nada consegui além de chorar. Chorar muito...



Quer a receita, pegue aqui!

Me separei da sua mãe quando ela tinha três anos. Ela digeriu isso muito bem devido à boa relação que mantenho com Cynthia até hoje. Sempre viu nos seus pais dois grandes amigos batalhando juntos por ela. Dois parceiros fazendo de tudo para tornar sua vida melhor. E ela nos ajudando a entender os "descaminhos dessa vida", nos fazendo compreender que não passamos por essa existência em vão.

Quando me separei, ela ficou morando com a mãe. Eu sempre estava presente, saindo com ela, trazendo para passar dias comigo, ligando para conversar, fazendo o bolo e o cachorro quente dos seus aniversários na escolinha, ouvindo suas confissões, deitando em seu colo para receber o carinho da sua mãozinha angelical na minha cabeça. Depois, por motivos alheios à sua vontade, Cynthia pediu para ela morar comigo. Foi uma alegria que não consigo descrever, só sei que foi a melhor época da minha vida. O tempo em que fui mais feliz, onde remocei cem anos, onde vi que a vida vale a pena e a minha valeu muito.


Em fevereiro deste ano, Cynthia resolveu voltar para sua terra natal, Belém-PA, e pediu para levar Júlia com ela. Embora aquilo estivesse me matando por dentro, como poderia dizer não? Como separar uma mãe de sua filha? Nada pude fazer além de apoiá-la e ir com ela deixar nossa Preta da melhor maneira possível. Essa época de muito sofrimento, rendeu uma série de escritos, além de outros que já tinha feito por Júlia que foram publicados aqui. Esses dias estou como Zeca Baleiro, tão "à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar", mas não quero chorar sozinho. Quero o apoio dos amigos, quero me sentir acompanhado e protegido, quero me sentir melhor.


Aqui vai um recado pra Júlia: Minha Preta, sei que fiquei lhe devendo a receita do bolo. Que bom que sua tia fez um melhor do que o meu. Mas, isto é nada em relação a maior dívida que tenho com você. Eu lhe devo a minha vida! EU TE AMO!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

COISAS DE CRIANÇA



Segundo meu pai, o velho Carôso, foi a criança quem descobriu que o pé do Diabo era redondo. Realmente, criança faz coisa que Deus duvida. Minhas lembranças desta época são as melhores possíveis. Tive uma infância invejável. Muito diferente das de hoje, quando as crianças só brincam em vídeo games e ficam bitoladas na frente de um computador, quase sempre visitando conteúdos inadequados. Não sabem o prazer de sair fugido de casa e andar de bicicleta cinco quilômetros para tomar banho de rio, subir em árvores, fazer sua própria patinete, jogar bola no paralelepípedo tirando o gol toda vez que passava um carro, brincar de esconde-esconde, de baleado, de gude, de fura pé, enfim, de realmente ser criança. Eu tive o prazer de viver numa época onde a infância era coisa de criança e a criança era muito mais feliz.

É bem verdade que fui uma criança muito levada e, justamente por causa disto, vivia ficando de castigo e levando umas bordoadas da minha implacável mainha que me tirou da vagabundagem e me ensinou a ser homem. Bons tempos que não voltam mais, mas que não saem das lembranças. Como diria Ataulpho Alves, "eu era feliz e não sabia".

Lembro de Mundo Novo, interior da Bahia, quando com quatro anos entrei num tonel de lixo vazio para que os amigos empurrassem ladeira abaixo. Por causa disto ganhei o apelido de Sujismundo. Um personagem de uma campanha publicitária que pregava a higiene. Eu não tava nem aí. Na mesma cidade, tinha uma casa abandonada onde moravam duas famílias de mendigos. Fiz amizade com a criançada de lá e vivia enfurnado dentro daquela casa para desespero de minha mãe. Resultado, os piolhos criaram morada por longo tempo nos meus até então, acredite quem quiser, fartos cabelos louros e cacheados. Foi lá também, que entrei prematuramente para a escola, para os padrões da época é claro. Por causa do meu comportamento nada convencional, a professora do meu irmão Luciano, dois anos mais velho que eu, com pena da minha mãezinha sozinha para tomar conta de uma casa sem ajudante com um "pestinha daqueles", fez a proposta fatal: -Lourdinha, manda Adriano para a escola que lá a gente toma conta dele. Pelo menos num turno você fica mais descansada e pode dar conta do serviço da casa. A escola era na própria casa da professora. Lembro que no início eu ficava mesmo era brincando com a filha dela da mesma idade que eu. A menina era danada. A brincadeira que ela mais gostava de fazer era botar o dedo na xoxota e me dar pra chupar. Eu achava uma delícia! Depois resolvemos evoluir e ela botou um pedaço de bolacha cream craker, lambuzou bem e me deu pra comer. Resultado, a pró pegou a gente no flagra, pôs a menina de castigo e me botou dentro da sala de aula. Aí eu ganhei gosto pelos estudos, além do gosto por aquele sabor é claro, e em pouco tempo estava acompanhando a turma do meu irmão. No fim do ano, acho que pra se livrar de mim, disse a minha mãe que eu estava bastante desenvolvido e que deveria ingressar na primeira série em outra escola. Era verdade que eu já lia, escrevia e batia de frente com meus "colegas" de classe. Por causa disso, fiz o vestibular com dezesseis anos e ingressei na faculdade aos dezessete. Aos vinte já era professor do segundo grau.

Depois fomos morar em Juazeiro da Bahia nas margens do rio São Francisco. Eu adorava aquele lugar. Foi lá que vi Ivete Sangalo pela primeira vez. Ainda criança como eu. Meu pai era amigo de Seu Sangalo, pai de Ivete que morava em Petrolina mas tinha uma loja de variedades lá. Ele era parceiro de farras e tocatas do meu velho. Uma vez meu pai comprou um violão Gianninni na loja dele. Este violão eu sentei em cima e quebrei o seu braço muitos anos depois já em Santo Amaro da Purificação. Tomei uns tapas mas ficou por isso mesmo. Mas a lembrança mais marcante desta cidade foi quando, levantando um colega para tirar uvas na videira que tinha no quintal da minha casa, deixei o menino cair no chão. Ele quebrou a clavícula e eu fiquei com a bunda vermelha de tanta porrada.

Depois fomos pra Serrinha. Lá eu virei o Zorro tarado e o Espírito Assombrado. Calma, posso explicar. Vizinho a minha casa, tinha um colégio, o Comercial, existe até hoje, que tinha aulas à noite para uma turma de idade bem mais adiantada que a minha. Meninos de dezoito a vinte anos. Eu e minha galera, resolvemos fazer umas máscaras com papel duplex preto ao estilo da máscara do Zorro. Quando da saída da escola, ficávamos escondidos atrás de um caminhão que vivia estacionado na nossa rua e atacávamos as meninas quando elas passavam dando roubados beijos em suas boquinhas angelicais. Até o dia que eu ataquei a namorada do filho de um grande amigo de meu pai. Este me botou contra a parede e ameaçou contar tudo a meus pais. Claro que joguei a máscara fora e fui roubar pitos de pneus de carro. Era mais seguro. Até o dia que tomamos uma carreira do segurança do Banco do Brasil.

Naquela época, meus pais ficavam todos os dias jogando buraco com os amigos até de madrugada. Morávamos numa casa comprida, com um imenso corredor e seis quartos na parte interna da casa. Os quartos não tinham forro e, com o silêncio da madrugada, o som se propagava de forma amplificada. Certa feita, abri a gaveta da cômoda ao lado da minha cama para guardar um livro que estava lendo antes de dormir. Sem querer a fechei com muita força e esta fez uma zoada bem forte. Quando percebi o alvoroço lá dentro, fingi que estava dormindo e esperei para ver. Reparei que meus pais e seus amigos ficaram um longo tempo tentando entender o que aconteceu. Gostei daquilo e passei a fazer aquela zoada constantemente. Até um médium espírita, Seu Peixinho, meu pai levou lá em casa para descobrir o que era aquela "assombração". Depois de alguns meses, minha mãe desconfiou, me colocou contra a parede e eu acabei confessando. Mais um mês sem sair de casa.

De lá fomos para Santo Amaro, onde quebrei o violão comprado de Seu Sangalo, tomei banho na Pitinga que era um rio poluidíssimo onde a fábrica de papel jogava suas descargas, chupei minha primeira buceta, dei a minha primeira foda, aprendi a tocar violão mal e escrevi minha primeira letra de música valendo. Mas isto são outras histórias. "Eu era feliz e não sabia!".

Escrevi este texto atendendo ao pedido do querido amigo Leandro e à ele o dedico. Obrigado Leandro, você é uma pessoa muito especial. Indico este Meme para os amigos:

Vidal
Jacinta
Mary
Fernanda
Ana

Existem algumas regrinhas para este meme. Peço o favor que todos a sigam. São elas:

1. Colocar o(a) link de quem o convidou
2. Escrever um texto sobre lembranças da infância
3. Postar o selo do meme dentro do artigo
4. Se possível, colocar uma foto de quando era criança ou adolescente
5. Chamar cinco amigos para brincar com você.

Beijo a todos!

Eu e Luciano aos 05 e 07 anos respectivamente em Juazeiro-Ba