segunda-feira, 16 de abril de 2007

BAIANO NA DIREÇÃO - Diploma de Provinciano

“…baiano burro, nasce e cresce
e nunca pára no sinal.
E
quem pára e espera o verde,
é que é chamado de boçal…
Trecho da música “Vamo Comer” de Caetano Veloso

Quer comprar briga comigo? Fala mal do baiano ou da Bahia. No entanto temos que reconhecer nossos defeitos, nossas limitações.

Cada vez mais o trânsito das grandes cidades vem tornando-se um problema social extremamente preocupante. A velocidade do crescimento das metrópoles e de suas vias de escoamento, não acompanha o rápido aumento da quantidade de veículos nas ruas. A facilidade de comprar um carro novo, principalmente devido aos longos prazos oferecidos pelas financeiras e uma pequena melhora no poder de compra do cidadão, faz com que tal problema mereça uma atenção especial das autoridades e rigorosas providências no intuito de amenizá-lo. Já existe até rodízio em São Paulo, a cidade brasileira mais atingida pelos efeitos maléficos dos congestionamentos e, pelo que se vê, não vem adiantando muito.

Quando cheguei em Salvador, em 1983, este problema tinha proporções infinatamente menores. Era uma cidade calma e raramente havia engarrafamento pelas ruas. Hoje, em 2007, enquanto escrevo este texto, da janela da minha sala na empresa em que trabalho, perde-se de vista a fila de automóveis parados na Av. Juracy Magalhães, uma importante via da cidade. Isto se tornou rotina em vários pontos de Salvador. Por isso mesmo estou aqui escrevendo. São 19:35hs e estou liberado desde às 18:10hs. O engarrafamento não me encoraja de descer e ir pra casa, enfrentar este estressante percusso de 6,8km que, numa hora dessas, chega a durar uma hora de viagem é um verdadeiro inferno astral para quem se aventura nele. Se Salvador pretendia desempunhar o diploma de província e abarcar o título de grande metrópole, pelo menos no quesito trânsito, está conseguindo. É pena que este iten não nos traga benefícios, só dores de cabeça.

Tem um fator que, pra nós, multiplica os efeitos deste mal: a forma como dirige o baiano. Falo por experiência própria, já dirigi nas maiores cidades do país e nunca vi lugar onde se dirija tão mal como em Salvador. Uma direção ofensiva, egoísta, sem respeito aos limites de velocidade e normas de trânsito. Onde prevalece a lei do Gerson, onde a educação e os bons costumes são histórias da carochinha. Ninguém dá passagem pra ninguém, todo mundo precisa chegar primeiro que o outro. É claro que existem as excessões, mas, de uma forma geral, o baiano dirige assim. Eu mesmo me considero uma delas. Talvez, acho que com certeza, deva ser chamado de barbeiro por um monte de azes da direção, aqueles que se acham os maiores pilotos da terra, esquecendo que nossas ruas não são autódromos e, que, suas vidas, bem como as dos seus semelhantes, estão por um fio a cada saída de casa, expostas pela total irresponsabilidade de suas conduções.

Não vejo outra solução para o problema senão na educação. É preciso ensinar desde a infância nas escolas, que o ser humano, por uma questão de convivência, de harmonia, de dignidade, de princípios éticos e morais, deve respeito ao outro, em qualquer circunstância da vida, o trânsito é uma delas. Seu direito termina o onde começa o dos outros, já diz o velho chavão. Contudo os mais velhos precisam começar a tomar consciência que um dos elementos mais importantes da educação é o exemplo. Uma criança que sai da escola com as devidas noções de direção defensiva e harmoniosa, vendo seus pais furarem sinais, costurarem os outros carros, dirigindo em alta velocidade, fechando cruzamento, e cometerem tantas outras irregularidades, tem grandes chances de não fixar a lição.

Vamos tirar da Bahia este rótulo negativo que tanto nos envergonha. Já bastam aqueles que recebemos sem proveito, de pessoas preconceituosas que muitas vezes nem sabem do que estão falando. Não vamos dar aos leões o seu próprio alimento.

Um comentário:

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom