sexta-feira, 28 de setembro de 2007

VUMBORA CINEMA BRASILEEEEIROOO!!!!!

O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias foi o filme nacional escolhido para, junto com outros quarenta e nove, concorrer às cinco vagas de indicações para melhor filme estrangeiro do Oscar, edição 2008. Eu particularmente acho a cerimônia do Oscar um saco, um mar de futilidades, os apresentadores quase sempre fazendo piadas que só americanos dão risadas, um jogo de cartas marcadas, e, além disso, acho muito difícil que um filme brasileiro tão cedo ganhe uma das tão desejadas estatuetas do evento. No entanto não custa torcer, se não fizer bem, mal não faz. Não assisti ainda mas boto muita fé na nova safra do cinema nacional. Se tem uma coisa que progrediu muito no país nos últimos anos foi a qualidade no nosso cinema. Temos aí uma infinidade de filmes comprovando tal fato, O Homem Que Copiava, Invasor, Durval Discos, Ó Paí Ó, Tropa de Elite dentre tantos outros desta nova geração. Na verdade, acho que, desde o maravilhoso O Quatrilho, o cinema brasileiro vem num processo de melhora acelerado, e, mesmo que não tenhamos os recursos nem os dólares de Holywood, estamos no caminho certo e um dia chegaremos lá. Parabéns ao cinema nacional e aos profissionais que o realizam. Hoje podemos nos orgulhar do nosso desempenho nas telonas graças à competência e peserverança desses resignados e heróicos homens cinematográficos. Por isso, não custa fazer a corrente de torcida para que nossos filmes, jamais saiam de férias dos nossos cinemas. Vejamos o trailler.


quinta-feira, 27 de setembro de 2007

QUATRO MIL – Por Essa Eu Não Esperava...

O Blog

Na semana passada, conversando com meu compadre Ray Vianna, ele disse que admirava a minha dedicação em manter este blog sempre atual e com novas publicações. Embora não seja bem assim, haja vista que às vezes fico tempos sem escrever, este fato se deve ao imenso prazer que sinto ao manter viva esta página. Quando em 05 de Abril deste ano, incentivado por meu irmão Luciano Carôso, escrevi o primeiro texto de abertura do blog, não poderia imaginar, sequer pretendia isto, o alcance que ele teria. Hoje, após quatro mil visitas, vi que não se pode brincar com o poder desta rede e fico muito feliz em saber que muita gente acompanha, lê os meus textos e as maluquices que escrevo. O blog é uma coisa interessante. Não fico botando a prova o que escrevo antes de publicar. Às vezes, dias depois quando leio, penso comigo: que merda! Mas aí não tem mais jeito já foi. Sempre gostei de escrever, mas sempre tive receio de mostrar os meus escritos. Na adolescência, até os meus quinze anos, não era assim. Não tava nem aí e até gostava muito do que escrevia. Depois foi dando uma insegurança danada até que parei completamente.

Com o blog, voltei a ativa. No início fui divulgando aos meus amigos, alguns hoje são visitantes frequentes, acompanham de perto e sempre interagem, dão sua opinião e muito me gratificam. Minha amiga Rose mesmo, morando bem longe, lá no Canadá, me mandou um e-mail esta semana dizendo que adora o blog e sempre entra para matar as saudades dos amigos e ter notícias da nossa terra. Mas, o que mais me surpreendeu com tudo isto, foi ter alcançado pessoas estranhas, dos mais longínquos rincões que se tornaram visitantes assíduas, fazendo comentários, mandando e-mails com críticas e sugestões. Outro dia, recebi uma mensagem no orkut da filha de um compositor que cito no blog, Roberto José, a Indiara Taíse. Ela agradeceu a citação e me convidou para participar da comunidade de seu pai de quem sou muito fã da poesia.

Novidades

Por tudo isto, tenho procurado a cada dia, tornar a visita ao blog mais interessante. Assim, tempos atrás, coloquei os links do Google News dos assuntos gastronomia, culinária, literatura, poesia e MPB, vídeos do Youtube e do Google, e, hoje, acabo de colocar as novidades de esportes da UOL, na barra lateral, com os links para as atualizações de notícias esportivas deste site.

A partir de agora também, estarei sempre fazendo enquetes com os assuntos mais badalados e comentados no momento. A primeira já está no ar, sobre o voto nas casas legislativas, Câmera dos Deputados e Senado Federal. Espero contar com a colaboração dos amigos. As enquetes estarão localizadas na barra lateral esquerda, logo abaixo dos Blogs e Sites que recomendo.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

QUANDO O DESTINO QUER...

Quando Evandro entrou em casa logo percebeu que havia algo diferente. Já fazia muitos anos que ele morava sozinho e conhecia cada canto do lugar, a milimétrica posição de cada objeto, nada escapava ao rigoroso crivo do seu jeito sistemático de ser. Extremamente organizado notou imediatamente que o telefone estava um pouco mais a direita do que de costume. Quando foi conferir, erá óbvio que alguem o afastara para dar passagem à mão e alcançar o fundo da mesinha. Logo viu que o fio estava desconectado da tomada. Como poderia alguém ter feito aquilo. Não havia nem um sinal de arrombamento. A porta e fechadura estavam intactos. Ninguém possuía uma cópia da chave, nem poderia, aquele era o seu mundo, seu porto seguro, não havia como compartilhar com outrem. Ficou um pouco amedrontado. Será que havia mais alguém em casa? O que estaria fazendo ali? Seria um assalto? Uma vingança? Os pensamentos fluíram desordenadamente e uma sensação de pânico invadiu o seu interior.

Naquele momento, ele lembrou os acontecimentos da noite anterior. Fizera algo horrível, desumano e talvez estivesse agora pagando por sua conduta deplorável. Atropelou um mendigo e se negou a dar socorro. Chegou a parar o carro, viu o corpo agonizante e ensanguentado do homem no chão. Quando imaginou a sujeira que seria no seu estofamento novinho, olhou ao redor e, àquela hora da madrugada, não havia uma viva testemunha do acontecido. Contudo, tal atitude lhe tirou a paz. Não houve um segundo sequer desde o acidente, que sua mente não ruminasse um remorso sem fim. Começou a ficar assustado. Teria alguma relação com estes fatos da noite anterior?

Ofegante, começou a examinar cada detalhe e percebeu outros claros sinais de que alguém esteve ou estava ali. Apurou a audição, nem um ruído. Restava o andar superior onde ficava seu quarto, o banheiro e a biblioteca, o lugar mais preservado da casa, pelo qual ele seria capaz de morrer. Teve medo de subir os degraus, nem podia imaginar o que o esperava. Sem outra alternativa, começou a subir. A cada degrau seu coração acelerava. Tinha a impressão que saltaria do peito. Primeiro o banheiro. Nada além da torneira que pingava lentamente. Devia ter consertado o vazamento, pensou. No quarto outro sinal. O telefone da cabeceira também havia sido desligado. De resto tudo normal. A essa altura, o coração parecia furar-lhe o peitoral, tamanha a força e velocidade dos batimentos. Uma dor aguda começou a tomar-lhe o braço esquerdo projetando-se levemente para o peito. A respiração ficou mais difícil, faltava-lhe ar. Com as poucas forças que restavam, arrastou-se até a biblioteca. Ao entrar, olhando as estantes vazias, nenhum livro sequer, o que acontecera? Quem roubaria um monte de livros velhos? Para ele, era sua maior fortuna. Foi aí que a dor ficou insuportável, como se alguém batesse em seu peito com muita força. Perdeu os sentidos e desmaiou.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

BRASIL – Pirataria, Tropa de Elite, Calheiros e outras excrescências!



Acabo de assistir ao filme Tropa de Elite. Fico um tanto envergonhado de assumir em público tal fato, haja vista a desconcertante situação de confessar ser um, mesmo que circunstancial, colaborador da pirataria, algo cujos princípios éticos e morais me fazem condenar de imediato. Mesmo reconhecendo a imensidão deste problema que inicialmente quase extinguiu a indústria fonográfica brasileira, e agora abala de forma torrencial os alicerces das indústrias de cinema e vídeo, as dificuldades de solução para tal, num país com um povo ávido de entretenimento e lazer, cujos rendimentos só não são mais torpes que as ações dos Calheiros e cia ltda e a corrupção da nossa polícia cujo filme retrata cruelmente, vai ser quase impossível dar um freio num mercado que, na informalidade, vende por R$ 4,00 algo que não se compraria numa loja por menos de R$ 20,00. Sem contar os lançamentos cinematográficos que não saem abaixo dos R$ 80,00. Como convencer quem ganha um salário mínimo a pagar 500% a mais com argumentos como a geração de emprego e renda e a falta de pagamento de impostos dos piratas? Se estes pelo menos fossem bem aplicados, se nossa população não estivesse morrendo nas filas dos hospitais, talvez ainda tivéssemos uma chance.

Justamente agora que, aqui na Bahia, vários proprietários de vídeo locadoras fizeram manifestações pelo estado, só num dia foram destruídos mais de trezentos mil DVD´s e CD´s piratas, me caiu nas mãos uma cópia ilegal de Tropa de Elite. Neste caso então a coisa se torna ainda mais absurda já que o filme sequer estreou nas telonas e ainda surgiu um boato que não irá mais estrear. Resta-me o consolo de não ter comprado a tal, foi empréstimo de um amigo, como se isto diminuísse a minha culpa. Não iria perder a oportunidade de ver a brilhante película, não consegui resistir.

O filme é um soco na boca do estômago cujos efeitos são avassaladores. Qualquer cidadão sabe o mar de corrupção no qual está mergulhada a nossa polícia, mas ver o assunto tratado de forma escancarada, sem máscaras, sabendo que é tudo real, deixa o mais alienado dos telespectadores revoltado e indignado com a situação. Aqui mesmo, dizem as más línguas, lá no Morro do Águia, que já foi o maior ponto de venda de cocaína de Salvador, as viaturas da PM subiam e desciam constantemente para buscar o arrego, sem incomodar nem traficantes nem viciados.

Por outro lado temos que considerar o lado dos policiais. Pais de família, trabalham arriscando a vida a cada segundo para ganhar um salário de fome. Embora isto não seja desculpa nem argumento. Já imaginou se todo mundo que ganhasse pouco entrasse no mundo do crime e da corrupção para sustentar a família? Onde iríamos parar? Eu mesmo estaria empunhando uma pistola e fazendo assaltos, ou talvez tivesse no morro vendendo umas balas pra gurizada. Não, definitivamente não. Não é isto que quero dar de exemplo pra minha filha. Não é esta vida que quero pra mim. Prefiro conquistar com o suor do meu rosto, o pouco que ganho, sentindo-me feliz e honrado, dormindo tranqüilo enfim. Assim como eu, muitos não cedem às dificuldades, mas vamos convir que, se ganhasse melhor, bem melhor, seria mais fácil manter a polícia longe da corrupção e do crime. A verdade é que hoje pagamos pra ela proteger o ladrão e o traficante, enquanto ficamos sujeitos a todos os tipos de atrocidades. Para confirmar este fato, basta ler ou assistir um jornal diário.

Tudo fica pior quando vemos nossos governantes e legisladores, assim como o Roubalheiros, desculpem Calheiros, que lapso!, saírem impunes, sem máculas, absolvidos a portas fechadas, com votos secretos, onde sequer sabemos pra quem os filhos das putas que nós mesmos colocamos ali, estão trabalhando. Que nojo! Que absurdo! E o governo do trabalhador querendo foder sua classe? Brigando para acabar com 13º, para manter a CPMF. Alguém lembra do discurso do PT antes de ser governo? Cambada de aproveitadores, isso sim. Que saudade de Cristina Nicolloti. Por muito menos mandaria todos eles tomarem no cu. Pena que ela sumiu e a febre da sua inusitada música já passou.

Outra coisa que me repugnou, foi a forma como os membros do BOPE, Comando de Operações Especiais, retratados pelo filme, são treinados. Com humilhação, violência e desrespeito. Verdadeira máquina de ensinar a matar como se bebe uma garrafa de refrigerante, sem nenhuma culpa. Homens treinados para não terem sentimentos, para tratarem o seu semelhante como se fosse um lixo. Meu Deus, aonde vamos parar? É esta lição que daremos pras futuras gerações? Precisamos pensar nisto!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O SONHO

Nunca deixe de sonhar
O rio não larga o seu curso
O mar nunca cessa as ondas
O sonho não pode parar

Renove a cada dia a sua vida
Purifique o sangue nas veias
Remoce o seu coração

Estanque a sua ferida
Desfaça os fios da teia
Não perca a imaginação

O sonho é uma luz no fim túnel
Um oásis no meio do deserto
Que faz a solidão virar um lume
E o longe cada vez ficar mais perto

domingo, 9 de setembro de 2007

VAQUEJADA DE SERRINHA II

Público da Vaquejada 2006 no show de Zezé di Camargo e Luciano



É maravilhoso viajar pelo interior. Aqui em Teofilândia então onde conheço um monte de gente legal, terra do meu cunhado Moisés, onde mora minha irmã Sílvia, é uma delícia. A 20km de Serrinha, cidade onde já morei e hoje mora o meu pai, que está realizando a Vaquejada, festa concorridísima realizada anualmente, sempre em Setembro no final de semana mais próximo do feriado da independência. Este ano que o feriado prolongou o final de semana ficou ainda mais lotada. A festa muda a rotina da pequena cidade, hoje com uns 75mil habitantes. Não existem vagas nos hotéis, muitas pessoas alugam suas casas para os visitantes. Os bares ficam super cheios e o consumo de bebidas alcoólicas é extravagante. Este é um ponto negativo, algumas pessoas abusam demais. A cidade que tradicionalmente já tem mulheres de rara beleza, torna-se o metro quadrado com maior número de beldades da Bahia.

Na sexta à noite eu, Sílvia e Moisés fomos ao Parque Maria do Carmo para ver a festa. Teve show da Banda Calypso dentre outras. Fiquei assustado com a estrutura do lugar. Fazia muito tempo que não ia à Vaquejada. A última vez que fui lá, ainda era realizada num outro parque, defronte do atual, bem menor e sem a mega estrutura deste. Devia ter pelo menos umas 20mil pessoas e mesmo assim não tava apertado. Fiquei mentalizando e contabilizando os números do evento. Os ingressos custam R$ 20,00 na sexta, R$ 25,00 no sábado e R$ 45,00 no domingo. Considerando que das 20mil pessoas apenas 15mil pagaram imgressos, já que alguns privilegiados têm acesso gratuito, como eu que fiquei no camorote de um grande banco onde trabalha a minha irmã e um dos patrocinadores do evento, só a bilheteria rende R$ 1.350.000,00. Fora os camarotes que custam em média R$ 190,00 para todos os dias de festa. Acredito que pelo menos um terço dessas pessoas vão de carro e o estacionamento custa R$ 5,00. Aí seriam mais R$ 75.000,00. Ainda tem a taxa de inscrição dos vaqueiros que concorrem aos diversos prêmios, que varia de R$ 100,00 para amadores a R$ 500,00 para profissionais. Não sei precisar quantos inscritos mas com certeza são muitos. São cinco dias de corridas que acontecem até a madrugada. Embora eu ache a vaquejada um esporte malvado com os animais, no caso os bois, não posso deixar de reconhecer que é muito interessante. Numa pista de areia com 110m de comprimento, um boi corre com a dupla de vaqueiros cuja finalidade é, um guiar o animal para que o outro o segure pelo rabo e o derrube. O boi tem que cair no espaço de 10m demarcado por duas linhas ao final da pista. Quando isso acontece o narrador anuncia o pregão que se tornou famoso no meio: Valeu Boi! Vamos considerar também a quota de cada patrocinador. Este ano foram nove grandes empresas. Uma grande cervejaria, um grande banco, uma concessionária de celular, uma fábrica de caminhonetes americana, uma fábrica de tintas, uma fábrica de cachaça e outros. Não quero ser leviano e falar do que não sei, mas com certeza cada um dos patrocinadores não deixou menos de meio milhão para ligar sua marca ao evento. Ainda tem a taxa que os comerciantes pagam para vender qualquer tipo de produto por lá. Desde um velho espetinho de gato até restaurantes de grande porte, passando pelos bares, loja de souvenirs e outras coisas. Na cidade falam, não pude atestar a veracidade da afirmação, que a cervejaria dá ao evento, todas as latas que são vendidas durante a festa. Tenha certeza que são milhões. A latinha inclusive é personalizada especialmente para o evento. Aí, os donos de bares que exploram a festa, são obrigados a comprar a cerveja da organização. Dizem até que eles contratam catadores para recolherem as latas vazias e depois vendem por R$ 2,70 o quilo. Uma verdadeira mina de ouro esta festa. Mesmo com toda despesa de produção, segurança e estrutura, com o gasto nas premiações, que este ano foi em torno de R$ 100.000,00, é lucro certo. Lucram todos na verdade. Os organizadores, a cidade, a população, o visitante. De algum modo, dos lucros ao emprego, dos impostos à diversão, todos saem ganhando com a festa. Por isso, seus organizadores estão de parabéns. São dois irmãos muito conhecidos na região, Vardinho e Carlinhos, de quem fui vizinho dois anos quando morei em Serrinha, o segundo inclusive, era muito meu amigo, brincávamos de futebol de botão, gude e outras brincadeiras que hoje em dia estão acabando por causa dos computadores e jogos eletrônicos. A vida tratou de nos separar, cada um seguiu seu próprio rumo, mas foi bom reencontrá-lo na vaquejada.
Carlinhos(esquerda) e Vardinho, os organizadores, com Ivete Sangalo na edição 2006.

Quando voltamos pra casa eram mais de 4hs da manhã o que não me impediu de acordar cedo e ir para o mercado comprar as carnes que serão assadas logo mais no churrasco que faremos para despedida do feriado. Comer um beiju na manteiga, um espetinho de gato e tomar uma gelada com o amigo Souto, ou Duca, como preferirem. Depois uma excursão pelo bairro da Olaria, reduto da família de Moisés, cumprimentando o pessoal e bebericando mais umas geladas por lá. Aí fomos para o Jorro, levar a criançada num passeio. Caldas do Jorro é uma estância de águas térmicas, a 60km daqui de Teofilândia. Algumas décadas atrás, através de perfurações em busca de petróleo, jorrou uma água quente, com 48º, e hoje o lugar é muito visitado inclusive pelas propriedades medicinais das suas águas. Além do banho quente, lá é muito tradicional se comer bode. Frito ou assado, sempre acompanhado de uma deliciosa farofa d´água, um néctar dos deuses. Tem também o fígado de bode assado envolvido no redém, uma capa de gordura. Calorias à parte, vale a pena experimentar. A criançada, minha Júlia, Vitor, filho de meus compadres Gil e Mônica que trouxe comigo para o fim de semana, Moara, Mércia e Matheus, filhos de Moisés, amaram o passeio e se esbaldaram nas bicas térmicas. No Jorrinho, vilarejo perto do Jorro onde a água não é tão quente assim e eu, particularmente, acho um banho mais gostoso, curei um pouco a cerveja com horas e horas de banho. Assim, completamente renovado, estou aqui escrevendo este texto pra vocês e pronto pra tocar fogo na churrasqueira. Hoje é dia de Flafluzinho Pra Banguela!!!

sábado, 8 de setembro de 2007

VAQUEJADA DE SERRINHA!

São 4:13hs da manhã. Estou feliz, demasiado feliz. Sentimento antagônico daquele do último texto. Estou feliz sem motivos, ou talvez motivos hajam. Afinal, depois de quarta-feira, só existem motivos pra me alegrar. Uma aventura que, infelizmente, não posso contar. Hoje em Teofilândia, amanhã vou para o Jorro, ou melhor, mais tarde, daqui a pouco, como preferirem. Fui à Vaquejada de Serrinha, acabei de voltar. Embora uma festa linda, não mexe com minha pessoa. Prefiro uma festa íntima. Prefiro ser feliz! Nada que um banho quente não resolva. Estou morrendo de saudades de vocês!

NÃO SEI NADA

Não tenho tempo a perder,
Talvez eu morra amanhã.
Talvez eu seja mais um,
Talvez eu tenha importância.

Se meus amigos souberem
O quanto os amo, sincero.
Se meus amigos quiserem,
O mesmo que imploro e quero

Teria uma vida eterna,
Teria imenso prazer,
Pra seguir minhas jornadas,
Pra verter o meu amor

Pra que nesta caminhada
Não quebrasse o isopor.
Não saísse em disparada
Não tivesse desprazer.
Pra ver a mulher amada
Pra ver minha luz no cio.

Vou assim, em movimento,
Vou seguindo pelo rio.
Um lamento, um sofrimento,
Uma falta de pudor.
Uma voz cortando o tempo,
Um frio pro meu calor.
Um orgasmo inadimplente
A minha ignorância.
EU AMO!!!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

“PEGA NO TOMBA” – Fazendo Novos Amigos

Às 4:30hs da manhã na praça da concentração

É Tão Bom
(Luiz Caldas)

É tão bom
Quando a gente se entrega a beleza
Se sente em total realeza
Com a natureza e o amor...



Fazer novos amigos é uma beleza. Para isto, é preciso estar de peito aberto, livre de preconceitos e, às vezes, se meter em aventuras inenarráveis. Contudo, corajoso que sou, vou tentar narrar a viagem que fiz em 26 de agosto passado, para um vilarejo por nome Pedras Altas. Era a Festa do Vaqueiro que se realiza todo ano, da qual quase nada vi, já que no ponto alto da festa, dormia profundamente no passeio interno da casa onde fizemos nosso ponto de apoio e, provavelmente, roncava muito, rodeado por uma infinidade de garrafas de cervejas vazias, que a turma pôs ao meu lado de sacanagem, para fotografar e filmar meu vexame.

O convite partiu de Erenilson, um colega de trabalho cuja família mora em Feira de Santana, no bairro do Tomba. Seus pais são de Pedras Altas e até hoje mantêm uma casa na cidade que fica a aproximadamente 280km de Salvador e 170km de Feira. A estrada é a mesma que leva à Juazeiro da Bahia, fronteira com Petrolina-Pe, onde morei dos 05 aos 07 anos. Não lembrava quase nada da região mesmo tendo passado por lá na época que trabalhei viajando com bandas de forró e desbravei todo o interior da Bahia. Desta forma, pouco se conhece de onde se passa. Fazia muito tempo Erenilson insistia na minha ida. Resolvi aceitar o convite. A coisa funciona da seguinte forma. Um grupo de aproximadamente trinta amigos faz a vaquinha para bancar a viagem. Aluguel de ônibus, carne para o churrasco, um panelão de feijoada, a cerveja e o gelo. Tudo com muita fartura. Uma pechincha, tudo isto por R$ 30,00 para cada um.

Saí de Salvador de buzu no sábado, 25/08, descendo em Feira de Santana por volta das 10:40hs. Erenilson já me esperava na rodoviária com dois amigos, Feitosa e Dõe. De lá, fomos direto ao Centro de Abastecimento da cidade. Não sei se já comentei por aqui, mas adoro feiras, mercados, etc. É uma forma muito gostosa de interagir com o povo e a cultura de cada lugar. Primeiro paramos na barraca de Tia Nita. Uma velhinha de pelo menos 85 anos que, a cada garrafa que serve ao freguês surrupia um copinho e bebe com cara de imenso prazer, uma figura. Passeamos pelo Centro parando de bar em bar até chegar a um box-restaurante, onde degustamos um maravilhoso carneiro guarnecido com cuscuz de milho. De lá para o Tomba, continuando a via crucis pelos bares do bairro, até parar na mesa de sinuca onde o viciado Erenilson tratou de garantir nossas geladas através das tacadas certeiras, Aquela altura, não sei como ele conseguia jogar, já que o copo não deu conta de manter em pé. Animado pelas vitórias e pelos efeitos do álcool, derrubou-o no chão. Lembrei um e-mail de humor negro que certa feita recebi, onde dizia que era melhor ter mal de Alzeimer que de Parkison, haja vista ser melhor esquecer de pagar a conta que derrubar a cerveja. Erenilson concorda plenamente. Jantamos uma rabada em outro barzinho e fomos pra casa descansar os esqueletos para a jornada do dia seguinte.

Foi então que tive uma visão assustadora. Pensei que havia morrido e chegado ao inferno onde o Capeta me ordenou o pior dos castigos. Eram 4hs da manhã quando levantei ainda tonto e baratinado pelo sono. Ouvi uma zoada estranha, fiquei angustiado naquele escuro, num lugar que nunca havia visto antes. Levou um certo tempo até descobrir onde estava e que a tal zoada era, na verdade, o chuveiro onde Erenilson tomava seu banho. Quase corri desesperado quando a figura saiu nu do banheiro. Uma visão de terror, digna de haloween. Nervos abrandados, banhei-me também, vesti a roupa e saímos às 4:30hs para a concentração da viagem. Primeiros fomos a casa de Miguel, o tesoureiro, cozinheiro e churrasqueiro da turma e único abstêmio. Lá fizemos o desjejum com um delicioso e forte caldo de feijão. Aprovei o cozinheiro na hora. Lá também se encontrava o imenso isopor abastecido de gelo e latinhas. Era o único lugar seguro para guardá-lo. O resto da turma daria uma baixa com certeza em tão precioso conteúdo. Ajudamos Miguel a levar os bagulhos para a praça. Nesta altura o ônibus já nos esperava. Começaram a chegar os amigos do meu amigo. Alguns eu já havia conhecido no dia anterior, outros estava vendo pela primeira vez ali mesmo. Sei que não lembrarei todos os nomes, mas vamos tentar: Guaxinim, Tenente Pão Com Bufa, Feitosa, João Caruru, Caetano, Zé Braz, Tonho, Nêgo, Hugo, Tião e o filho Adriano, Júnior e o filho Felipe, Zé Pernambuco, Correia, Biro Biro, Paulo, Neto, Professor Embola Roda, Chico de Amália(…”Eu vou pra Maracangalha…”) e tantos outros cuja amnésia alcóolica não me permite lembrar. Desculpem àqueles que ficaram fora desta lista podem crer que estão no coração. Feitosa, de sacanagem, trouxe um coco gelado cujo conteúdo era 10% de água e o restante de cachaça. Saiu oferecendo a todos e alguns, uns desavisados como eu, outros por puro prazer, aceitaram a oferta e sofreram mais tarde as devidas consequências.

A turma na concentração às 6hs da Manhã. Miguel com a camisa do Bahia e Erenilson Rosa, o anfitrião, de camisa Rosa. Ai meu Deus!!!

A viagem começou da mesma forma que terminou. No maior clima de festa com a percussão comendo no centro na cozinha, sambas e sambas cantados por vozes apaixonadas, nem sempre afinadas, brincadeiras gostosas entre amigos que se dão bem e se respeitam embora quem venha de fora e não conheça a tradição do lugar, pode até se assustar com as trocas de amabilidades. Um pit stop tático no meio da viagem garante o término do café da manhã. Uma farofa de carne típica de posto de beira de estrada da Bahia. Chegando a Pedras Altas, bota-se o feijão pra ferver na casa dos pais de Erenilson, improvisa-se uma churrasqueira de blocos no fundo do quintal e parte-se para rodar a cidade, ver os desfiles de cavalos, visitar a represa, banhar-se nas águas geladas e renovadoras do Rio Jacuípe, paquerar as belas meninas vestidas ao estilo dos rodeios, cantar, dançar e beber. Apenas Miguel ficou em casa tomando conta do rango e da churrasqueira. Não pensem que ele se importa, esta é a sua diversão. Seu semblante transparece o imenso prazer que sente com sua função.



Na volta pra casa, o churrasco já rola a pleno vapor assim como a feijoada. A fartura é tanta que além de toda a excursão, várias pessoas da cidade e parentes dos anfitriões, filam a bóia na casa pequena, cujo coração não caberia neste texto de tão grande que é. É óbvio que depois de toda esta esbórnia, muitos, assim como eu, tiram sua madorninha depois do almoço. Estes sofrem nas lentes das máquinas e do câmera-man, especialmente contratado para registrar a viagem. Uma vez acordados, outro banho no Jacuípe renova todas as energias para a jornada da volta.

Foi uma delícia participar deste grupo, conhecer aquelas pessoas. Se Deus me der vida e saúde, quero voltar no próximo ano. Pois, se por acaso seu carro não pegar, bote no tombo. Se mesmo assim não der, passe no Tomba que ele pega.



Glossário Regionalista:
Vaquinha:
Reunião de dinheiro dado por diversos amigos com a finalidade de suprir alguma despesa.
Buzu: Ônibus.
Cuscuz: Espécie de bolo feito de fubá de milho com sal e liga de goma de tapioca cozido no vapor. Totalmente diferente do que se chama de cuscuz no sudoeste e sul do país.
Bagulhos: tralhas, bagagem.
Cozinha: Fundo do ônibus.
Amabilidades: Excluído o significado formal, forma irônica de ofensas.
Rango: Comida.
Filar a bóia: Comer de graça.
Pegar no Tombo: Botar o carro para pegar ao ser empurrado ao tempo em que solta-se a embreagem e acelera-se. Algumas regiões falam "pegar no tranco".

domingo, 2 de setembro de 2007

SATISFAÇÃO

Eu realmente precisava publicar alguma coisa. Mostrar aos leitores, sejam eles reais ou imaginários, que continuo vivo e o blog também. Outro dia recebi um comentário no texto de Ó Paí Ó com o seguinte conteúdo: “blog desativado???? Onde está aquela frequencia de prosas e poesias?”. Justo eu que reclamei tanto do poeta que parou de escrever no blog? Este pelo menos está escrevendo um livro e tocando um projeto pessoal de grande porte, e eu? Eu porra nenhuma! Na verdade estou muito tomado pelo trabalho, lendo bastante, mas a verdadeira razão pela ausência é a falta de inspiração. Ultimamente não tenho tido vontade de escrever. No entanto não posso simplesmente parar deixando ao relento os resignados corajosos que dedicam parte do seu tempo para ler minhas besteiras. Mas, meu compadre Ray Vianna já fala, que arte não é máquina de fritar pastel com produção industrial. Se não é assim para um artista do quilate dele imagine para mim, um embrião engatinhando no ofício de escrever? Hoje, aqui na paz do meu apartamento, no meio da minha solidão, enquanto a maniçoba fervilha no fogão, Júlia passeia de bicicleta com Luana, uma linda menina, coleguinha de escola e sua mãe, a simpatia em pessoa chamada Yone, enquanto Roberto Carlos despeja sua linda voz nos meus ouvidos, com seu romantismo implacável, sento no computador para escrever estas linhas. Nem mesmo o amigo Moreira, o único online no MSN, atende os meus pedidos de atenção. Com certeza deve estar tomando sua gasolina* lá em Teofilândia e babando sua linda netinha. Em mim, um imenso vazio, uma vontade de chorar, uma tristeza sem motivo nem explicação. Alguém já me disse que este é um claro sinal de depressão, será? Seja como for, estou sozinho. Morrendo de saudade do Rio Grande do Sul, de Sandra, de São Paulo. Como gostaria de estar agora em Sampa e pegar nos braços a filinha de Lílian, Júlia também, amiga invejosa esta Lílian. Na verdade tudo que eu queria neste momento era fazer exatamente aquilo que não está ao meu alcance já. Dormir com Priscila Fantin, passear de iate, comer a maravilhosa comida da minha avó materna Das Dores que nem cheguei a conhecer mas cuja fama atravessa gerações, ver o Bahia e o Vitória na primeira divisão . Enfim tudo aquilo que definitivamente não posso fazer agora. Apenas levantar e cuidar da panela no fogão. Beijos!!
*Gasolina: Cachaça destilada, de coloração amarela, apelidada por Moreira de gasolina pela semelhança com o combustível.