segunda-feira, 31 de março de 2008

PALAVRAS MARCANTES

"Às vezes o consolo e a força vêm de onde menos esperamos." Lorena do blog Strange Little Girl.

MATANDO A COBRA E MOSTRANDO O PAU

Massa ao molho de camarão e de polvo

Muito já falei aqui que adoro cozinhar e reunir os amigos. No post RETOMANDO A ROTINA falei que iria passar o final de semana matando as saudades da cozinha. Foi maravilhoso. Chamei Luciano e minha cunhada Valéria, Moisés e minha irmã Sílvia, Ruy Bala, Nilma e o filho Gabriel, além de minha mãe e o besta aqui que além de cozinhar gosta muito de comer. Sábado foi o dia dos preparativos. Deixei tudo bem adiantado para ter tempo livre domingo e desfrutar a companhia da galera.


Para quem não gosta de frutos do mar, teve canelone de carne com molho de tomate e queijo parmesão gratinado.

Acordei bem cedinho no domingo. Às 6hs já estava de pé. Escrevi uma crônica, publiquei, tomei o café da manhã e terminei os preparativos do almoço. Às 11hs estava tudo pronto, eu já estava de banho tomado e abrindo a primeira garrafa de vinho, um Merlot Reservado Concha Y Toro. Aí o pessoal começou a chegar.


Luciano Carôso, Ruy Bala, Gabriel e Nilma

Nilma que até ontem não gostava de vinho seco, trouxe uma garrafa de suave intragável que ela mesmo reprovou. Pior pra mim que fui ensiná-la a saborear o vinho seco e a danada acabou gostando. Pronto, tive uma sócia indesejada o dia todo.

Com Ruy e Moisés

O jeito foi abrir a segunda garrafa. Desta feita um Cabernet Suavignon também da Concha Y Toro, e saborear a entrada: uma bruscheta. Esta mesma da foto, só que em metade delas, pus em cima uma fatia de mussarela antes de colocar no forno. Com uma boa música de fundo, o domingo foi passando rápido e feliz. Tava com saudades de um dia assim, foi maravilhoso. Por isso resolvi compartilhar com vocês, resignados leitores que me enchem de orgulho ao ler minhas bobagens. Se alguém quiser se arriscar nas receitas, é só clicar nas palavras destacadas em vermelho negrito.

A bruscheta da entrada

Sobremesa não é o meu forte, mas improvisei esta. Até que ficou boa.

domingo, 30 de março de 2008

NÃO DEIXE PARA AMANHÃ....


Armado até os dentes de coragem, bati à sua porta pra dizer que a amo. Que passei todo esse tempo desnudo, declarando-me através de gestos e comportamentos, embora não fosse bom com as palavras e, por isso, tinha muita dificuldade em pronunciá-las.

Naquele dia porém seria diferente. Em vez de elogiá-la, beijaria a sua boca. Em vez de um "Há quanto tempo?" um "Os dias parecem não passar quando não te vejo". Ao invés de olhar o seu decote maravilhoso, olharia fundo nos seus olhos e pronunciaria estas simples palavras, eu amo você. Três palavrinhas apenas que podem determinar o futuro de uma vida inteira.

As vezes me pergunto porque tenho tanto medo dessas pequenas palavras se as sinto dentro do peito com intensidade imensurável. Em quantos momentos, quando ela me sorria, como se esperasse por elas, estive com elas na ponta da língua mas algo travou os meus lábios e não me deixou falar. Naquele dia porém, seria tudo diferente.

Comprei um tênis novo, pus minha melhor roupa, usei meu perfume francês guardado a sete chaves para ocasiões extremamente especias. Algo mais especial que dizer eu te amo a mulher que você deseja dividir o resto dos seus dias?. Ah! Cortei o cabelo também. Precisava me sentir bonito, isto deixaria-me mais seguro. Era como uma muleta equilibrando os passos do capenga.

Saí em disparada, coração disparado. A alma armada de coragem, o coração armado de amor e as mãos armadas de rosas vermelhas perfumadas. "-EU TE AMO!" Como seria fácil. Eram só três palavrinhas e ainda por cima sinceras. uma mamata! Andei os três quarteirões até sua porta, que me pareceram três mil kilômetros, mas cheguei. Cheguei a tempo de vê-la sair com um homem bonito, forte e elegante. Antes de entrar no carro ela me viu e sorriu novamente para mim. Aquele sorriso me pareceu muito diferente de todos os outros anteriores. Ainda disse: - Aonde vai lindo desse jeito e com estas rosas? Qual a felizarda que irá recebê-las? Espero que tenha uma boa sorte! Ah! Conhece Paulo, meu namorado? Só consegui sussurrar: - Muito prazer!, quase inaudível. Entraram num Audi preto novinho em folha e foram-se pra nunca mais. Uma gota salgada escorreu do meu olho. Acho que era uma lágrima!

sábado, 29 de março de 2008

PALAVRAS MARCANTES

"Tenho o sexto sentido das almas mudas"
Samantha Abreu

RETOMANDO A ROTINA

Hoje acordei com uma vontade danada de armar um almoço pro domingão. Fazer feira e cozinhar para os amigos. Garantia de final de semana feliz e descontraído. Foi aí que me dei conta que desde 09 de fevereiro, quando entrei de férias, não passo um final de semana sequer na minha amada Salvador. Então resolvi tirar a diferença.

Bem cedinho fui à feira onde comprei os ingredientes para fazer um bom sugo. Fiz logo um montão. Quatro litros. Aí congelo em vasilhas pequenas de 250ml e vou usando à medida da necessidade. Acabo de tirá-lo do foge e peneirá-lo. Que cheiro maravilhoso! Estão sentindo?...Enquanto o sugo cozinhava, já que ele demora bastante em fogo bem baixo, umas três horas mais ou menos, fui deixar meu sobrinho no aeroporto e aproveitei na volta para passar no mercado de peixes em Itapoã("Um velho calção de banho, um dia pra vadiar...."Vinícius de Moraes) onde comprei um quilo e meio de camarão fresco pistola, daqueles que vai da ponta do dedão à ponta do indicador, e um quilo de polvo pescados nesta madrugada. Estava se definindo aí o cardápio: talharim ao alho e óleo com molho de camarão e de polvo à parte para que cada um escolha o seu predileto. Para os que não forem chegados à frutos do mar, farei um canelone recheado de carne ao sugo com queijo parmesão gratinado ao forno. É assim que gosto, passo o sábado fazendo os preparativos prévios para que no domingo, não fique muito tempo preso na cozinha e possa compartilhar da presença dos amigos que chamei. É claro que uma bruscheta de entrada não poderia faltar e, sendo assim, já comprei um Merlot, Reservado da Concha Y Toro e, amanhã ninguém passa da porta para dentro da minha casa se não estiver portando algo de qualidade semelhante. É pegar ou largar. O pior é que até agora ninguém que eu chamei largou. Tá todo mundo pegando.

Parei um minuto para descansar e aproveitei para escrever estas breves linhas. Contudo, na cozinha me esperam os camarões para serem tratados, o polvo para cozinhar(tem que ter a manha para ele não endurecer feito chiclete, explico isso na receita da moqueca de polvo com camarão, a sobremesa a ser feita e ainda por cima o fígado que vai garantir minha barriga cheia hoje pra aguentar o tranco na cozinha.

Espero que todos tenham um final de semana maravilhoso. O meu, embora com um programa extremamente caseiro, promete ser muito bom.

segunda-feira, 24 de março de 2008

PALAVRAS MARCANTES

Sempre tive vontade de abrir este marcador registrando frases que ouço ou leio no dia-a-dia e que me trazem novos ensinamentos. Vou inaugurá-lo com uma que acabei de ler no MSN de uma pessoa muito especial: Laércia Silva.

"Coincidência talvez seja uma desculpa para as coisas que têm de acontecer quando menos se espera..."

PALAVRAS

São sinceras as palavras que profiro,
Mas desonestas aquelas que omito.
Soa verdade, o desespero do meu grito,
As vezes falso, o canto do meu sorriso.
O pranto, quase sempre é verdadeiro!

As palavras? Quão importante elas se tornam,
Ditas na bucha, ou mesmo escondidas?
Ferem, machucam, aliviam e transtornam,
Mas quando certas, também curam as feridas.
O pranto, quase sempre é derradeiro!

Palavras simples, outras são complicadas.
Palavras tristes, algumas de alegria,
Imensurável, o valor destas palavras,
Quando faladas, lidas ou entre-linhas.
O pranto, quase sempre vem primeiro!

Não são bastantes, as palavras de conforto,
Não exterminam as fortes de agressão.
Me deixam leve, ou mesmo, me sinto morto,
Dão-me o prumo, e alimentam a ilusão.
E o pranto? Quase sempre vem inteiro!

*Poema escrito sob forte inspiração após ler o post "O Condimento da Palavra" no blog de Lorena que acabei de descobrir. Esse eu recomendo!

terça-feira, 18 de março de 2008

OUTRO SELO!


Essa Fada Mutante, pelo visto de mutante não tem nada, haja vista que insiste em me indicar para todos os selos que ganha. Sinto-me honrado com tudo isto. Não me acho porém, merecedor de tais prêmios. Só mesmo uma Maluca Adorável, poderia me brindar com tantas honrarias. Se eu fosse psiquiatra, ganharia fortunas com essa menina! Tudo que posso falar é: obrigado Fada. Sua loucura me faz muito bem! Mas, por falar em opinião, tenho que deixar este selo para outra pessoa. Deixarei para uma única apenas. Será inclusive muito suspeito pelo falo desta pessoa ser meu irmão de sangue e um dos meus melhores amigos: Luciano Carôso. Não conheço ninguém que tenha opiniões tão sóbrias quanto ele e que as defenda com tanta lucidez. Seus comentários, seja no blog ou no dia-a-dia, são sempre de muita sensatez. Beijos Fada! Beijos Luciano!

quinta-feira, 13 de março de 2008

DESAFIO DA DÁLIA

Nanda!

Esse desafio? Preferia não responder. Sou ruim nessas coisas, mas não posso deixar de atender seu pedido. Então vou tentar....O pior é que serei totalmente sincero!






Se eu fosse um mês seria...JANEIRO
Se eu fosse um dia da semana seria... SEXTA Á NOITE
Se eu fosse um número seria... CINCO
Se eu fosse um planeta seria... TERRA
Se eu fosse uma direção seria...ANTIGAMENTE SUL, HOJE NORTE ONDE ESTÁ A MINHA FILHA
Se eu fosse um móvel seria... SOFÁ
Se eu fosse um liquido seria... ALGO QUE MOLHASSE COXAS FEMININAS
Se eu fosse um pecado seria... LUXÚRIA
Se eu fosse uma pedra seria... JADE
Se eu fosse um metal seria... COBRE
Se eu fosse uma árvore seria... IPÊ
Se eu fosse uma fruta seria... MELANCIA
Se eu fosse uma flor seria... ROSA
Se eu fosse um clima seria... TROPICAL
Se eu fosse um instrumento musical seria... PIANO
Se eu fosse um elemento seria...ADRIANO
Se eu fosse uma cor seria... AZUL
Se eu fosse um animal seria um...HOMEM
Se eu fosse um som seria... MÚSICA
Se eu fosse uma letra de música seria... NÓS DOIS(Celso Adolfo)
Se eu fosse uma canção seria...CLUBE DA ESQUINA Nº 1(Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges)
Se eu fosse um estilo de musica seria...CHICO BUARQUE
Se eu fosse um perfume seria...ÁCQUA FRESCA(Será que a grafia tá certa?)
Se eu fosse um sentimento seria... PAIXÃO (Sem dúvidas!)
Se eu fosse um livro seria…CEM ANOS DE SOLIDÃO(Gabriel Garcia Marquez)
Se eu fosse uma comida seria… A ITALIANA
Se eu fosse um lugar (cidade ) seria ...SALVADOR
Se eu fosse um gosto seria... CAMARÃO
Se eu fosse um cheiro seria… BUCETA
Se eu fosse uma palavra seria… SINCERIDADE
Se eu fosse um verbo seria…COMPREENDER
Se eu fosse um objeto seria…. CANETA
Se eu fosse uma roupa seria… CALCINHA
Se eu fosse uma parte do corpo seria… SEIO
Se eu fosse uma expressão seria… SORRISO
Se eu fosse um desenho animado seria…TOM E JERRY
Se eu fosse um filme seria…A ESPERA DE UM MILAGRE
Se eu fosse forma seria… TRIÂNGULO
Se eu fosse uma estação seria… PRIMAVERA
Se eu fosse uma frase seria… "PODEM OS KILÔMETROS SEPARAR-NOS DOS AMIGOS?" Richard Bach


Como Nanda sugeriu devo nomear sete pessoas. Já que não tem jeito então lá vai:

Samantha Abreu
Paulo Bono(esse vai me chamar de viado mas não poderia faltar)
Fada Mutante ou Maluca Adorável(Dá no mesmo)
Gabriele Fidalgo
Nelson Guimarães
Jacinta Dantas
Maz, do Let It Beer

Quem quiser que se manifeste!

AMOR

Poema da minha afilhada Jade de Paula, 11 anos! Do jeito que ela escreveu! Como eu amo essa menina! Só dei uns toques na pontuação.

O amor pode ser
uma flor vermelha
no seu coração vermelho de amor.

Amor pode significar amar,
amar uma pessoa
que você tanto gosta .

Amor , amor de uma criança ,
como o seu filho.
Uma criança morena , negra ou branca.
Qual que for.
Essas crianças,
Deus mandou para os adultos criarem!

O COMEÇO DA DESPEDIDA! - De irmão para irmão, de amigo para amigo!

Eu, Luciano e o Rioja

Já diz o velho ditado: irmão a gente não escolhe, amigo sim. Por isso amigo é melhor que irmão! E quando seu irmão é um dos seus melhores amigos? Aí é foda! Tudo de bom. Assim é Luciano, o gênio da família. Por coincidência, meu irmão de sangue, e, por conquista, um grande amigo. Formado em composição, grande músico e compositor que é, agora faz doutorado pesquisando sobre Xisto Bahia, um compositor baiano que teve o privilégio de ser autor da música com o primeiro registro de gravação em disco no Brasil. Esse seu estudo já lhe valeu vários frutos. Acaba de voltar da Espanha, Salamanca, onde apresentou um trabalho sobre o assunto num congresso de música. Agora está de malas prontas para passar um ano em Lisboa, continuando sua pesquisa que chamou à atenção dos músicos e especialistas de além-mar.


Com Luciano e Valéria. Vou sentir saudades!

Iniciando as festividades de sua despedida e, ao mesmo tempo, comemorando o seu sucesso em Salamanca, ofereci à ele, junto com sua adorável espôsa, Valéria, um jantar na minha casa hoje(ontem, já que passa da meia -noite). O cardápio: Talharim à Mona de Versailles. Uma receita que criei de supetão, na casa de um amigo, Ricardo Mendes, quando fazíamos sua declaração de imposto de renda anos atrás. Ele disse: - Adriano, faça um jantar pra gente! Sem me fazer de rogado, fui à sua dispensa e geladeira, catando os ingredientes que ali existiam. Enquanto eu procurava, o cara ligou para namorada convidando para o jantar. Esta veio com uma amiga e o filho. E eu ali, com o cu no ponto fazendo uma experiência, uma alquimia, que nem sabia se ía dar certo. Mas deu. Tanto que depois, coloquei no blog Cozinhar Faz Bem e a repeti várias vezes. Luciano e Val, os criadores de tal blog, ainda não tinham provado a receita. Acabei hoje com essa injustiça.

Pra completar a noite, Luciano me trouxe da Espanha um RIOJA, Señorío de Ondas, Tempranillo, com selo de qualidade e tudo. Eu que já havia comprado um Concha Y Toro Merlot para o jantar, pensei em guardar esta relíquia para outra oportunidade, tipo aquelas de ver Deus. Ledo engano. Depois do Concha, derrubamos o Rioja. De lembrança mesmo, só ficará uma garrafa vazia, com selo de qualidade e o caralho e o imenso valor que teve pra mim a sua lembrança além do oceano. Esta jamais sairá da minha mente.

Foi uma noite maravilhosa. Conversamos muito e matamos as saudades. Luciano, que além de irmão e amigo é também meu parceiro, já que fizemos algumas músicas juntos, ainda tem seu lado escritor. Mantém um blog e também faz muitas letras de músicas. Aqui apresento uma, interpretada por Gileno Santos e ele. Ele também fez arranjo, tocou instrumentos e outras cositas más. Vai deixar uma saudade danada este cara!


Se você gosta do que vê, pegue a receita.

PRA QUEM PAROU DE SONHAR
(Luciano Carôso)

Não se engane nunca mesmo com a ilusão
Porque construir castelo é muito bom
Mas não se compara ao fato de você
Poder fazer aquilo que você quiser fazer

Do jeito que você quiser fazer

Na hora que você quiser


Olhe ao redor do campo meu irmão

Veja quantos Suassunas e Darcys

Como o lírio nenhum deles

Deixa de vestir a seda

Pra poder fazer e acontecer
Para poder ser e fazer ser

Pra viver feliz


O guerreiro que eu conheci

Pouco tinha tempo pra acordar

Dominava felinos de nuvens

Selenitas, rosas pra regar

Dromedários ele batizava
Com a espada que Xangô lhe deu

Se pianos a vida afinava

Densas notas soavam do seu
Casca de banana era gravata

E azul a cor da alegria

Pontas de esfera ele usava

Coração ligado ao da Bahia


Mas um dia um olho de vudu

Disse: homem pare de voar

Lhe presenteou com muito ouro

"Man non troppo" fez o seu andar


E o guerreiro que eu conheci

Se esqueceu que um dia me lembrou

Que eu guardasse bem o meu marfim

E fez como o elefante que tombou...

FICHA TÉCNICA

Gileno Santos:
Voz
Luciano Carôso:
Voz, violão e arranjo
Júnior Figueiredo: Guitarra e violão
Jorge Farofa: Percussão
Márcio Valverde e Valmar: Xequerês


Luciano Caroso - ...

terça-feira, 11 de março de 2008

FADA



Um dia dedicado à ela,
É um dia dedicado à mim.
Tudo que vejo na janela,
Aos meus olhos, parecem não ter fim.

São imagens que fazem a minha vida,
Que dão contorno ao meu semblante,
E que, nos momentos de descida,
Resgatam para cima o meu instante.

Um dia dedicado à ela,
É sempre um dia muito bom.
Mesmo fechando a janela,
Paira no ar, agradável aquele som.

Som de estribilhos maternais,
Que ninam o corpo com candura,
Os pensamentos tais e impensáveis,
A alma dos mortais, mas desprezáveis,
A nossa estética feiúra!

Um dia dedicado à ela,
É sempre um dia muito meu,
Que rasga a minha janela,
Com tudo que a fada prometeu!

MOTO-CONTÍNUO

As marés vazam e enchem,
O sol nasce e se põe,
As luas cheias minguam,
E as paixões também.

As flores nascem e morrem,
Feridas doem e secam,
Paus sobem e descem,
Mas as paixões também.

Os trens partem e voltam,
Navios chegam e vão,
As chuvas sempre acabam,
Paixões, sempre também.

Sóbrios e bêbados vagam,
Ruas começam e terminam,
Paixões sempre acabam,
Outra paixão sempre vem.

sábado, 8 de março de 2008

MARIA


Na essência do meu ser,
A flora que florescia,
Não me deixava esquecer
A beleza de Maria.

Maria bebê,
Criança, moça, namorada
Maria esposa, mãe e avó,
Que nunca deixou morrer
A flor da sua companhia,
Maria a bisavó,
A simplesmente Maria.

Maria que eu me lembro
Desde os tempos de criança,
Que trago fundo aqui dentro,
Gravada nas minhas lembranças.
Maria que me ensinou,
O valor da esperança.

Maria que nunca morre,
Vive em todo amanhecer.
Maria que nos socorre,
Faz a vida Florescer!

Quem poderia na vida,
Mesmo que por um dia,
Esquecer a alma linda
E a beleza de Maria?

Dedicado à Jacinta Dantas e à todas as mulheres pelo seu dia!

Foto: Fernando Pereira(SP)

quinta-feira, 6 de março de 2008

JORNADA NAS ESTRELAS - De Trovão Azul à Interprise!

Pinte este carro de azul e você verá o Trovão.

Quando Muriçoca conheceu Zezinho, os dois ainda eram muito novos. O primeiro com sete anos e o outro chegando aos nove. A antipatia foi instantânea. Muriçoca, como o apelido sugere, era um moleque franzino, magrelo e, como é até hoje, um covarde para brigas braçais. Já Zezinho, um menino forte, brigador, daqueles que não levam desaforo pra casa. Era um "baba", ou uma "pelada" como se chamam em outros lugares. Traduzindo, um bando de pernas de pau tentando jogar futebol. Zezinho era muito melhor que Muriçoca, este um verdadeiro fracasso com a bola. Ninguém o queria em seu time. No meio daquela partida os dois discutiram. Muriçoca, vendo o tamanho de Zezinho tratou de desconversar e sair de fininho, não queria apanhar, e achou o cara um boçal. Durante um tempo andaram se estranhando. Zezinho sempre provocava e Muriçoca corria do pau. Nenhum dos dois imaginava que daquela rusga momentânea, nasceria uma amizade de vida, um amor de irmãos.

O tempo passou e fez com que os dois fossem colegas de escola. Não da mesma sala, mas se encontravam diariamente. Nenhum deles sabe porque mas algo fez com que eles se aproximassem. Aí as diferenças entre eles começaram a ser mais aparentes. Além da força física, tinha o lado social. Zezinho, muito podre, já trabalhava naquela época. Era empacotador de um supermercado. Muriçoca, era filho de uma cara "remediado", classe média, mas destes que todos, em cidades pequenas, acham que são ricos. Na verdade, comparado com Zezinho, ele era rico mesmo. Outra diferença foi gritante entre os dois: o gosto pelos estudos. Muriçoca era daqueles que sempre estavam entre os melhores da classe enquanto Zezinho não tava nem aí pra nada. Foram muitas as vezes que ele tentou botar o outro nos eixos. Com conselhos, aulas, estudos coletivos, mas não havia jeito. Zezinho só queria saber de "farra". Até os livros e cadernos, dava aos colegas pra levarem pra casa e trazer no outro dia. Sempre achava um besta para fazer os seus deveres. No entanto ele era um menino obstinado e tinha muitos sonhos na vida. Naquela época pareciam sonhos, depois todos iriam descobrir que eram objetivos.

Dentre os seus sonhos, o que ele mais falava, era sobre carros. Sonhava em ter um Opala quatro portas todo equipado. Mas, com o seu salário de empacotador, isso parecia muito distante. Num dia muito triste, seu pai faleceu. Deixou uma viúva desempregada com quatro filhos para criar e, de bem mesmo, só o casebre onde moravam. Foi então que D. Leninha, mãe de Zezinho, mostrou ser uma mulher retada. Arranjou emprego e, sozinha, tocou a criação e educação dos meninos a ferro e fogo. Aos poucos, reformou o pequeno casebre e o transformou numa casa decente e bonita. E mais do que o lado material, foi dando a eles um alicerce de caráter e dignidade. Assim Zezinho começou a progredir. Seu primeiro passo foi quando saiu do supermercado e foi trabalhar como balconista de farmácia. Tinha um salário melhor e ainda as comissões. Muriçoca continuava com o esteio do seu pai. Estudando muito, mas ainda não ganhava o seu próprio quinhão.

Os dois juntos viveram aventuras incríveis. Durante o ano, Zezinho economizava o que podia e Muriçoca também, das mesadas e, às vezes, de umas aulas particulares que dava. Gastavam tudo nas férias com viagens. A Chapada Diamantina era o destino predileto. E assim cresceram, viraram adolescentes e, sempre juntos, bateram na porta da fase adulta. Muriçoca já não morava na mesma cidade, mas isto não impediu que a amizade prosperasse. Um belo dia, na cidade onde morava Muriçoca, estavam os dois bêbados na piscina quando o telefone tocou. Era a irmã de Zezinho dizendo que ele tinha sido aprovado no teste que fizera para uma grande companhia estatal. Que ele precisava voltar urgente, com fotos e documentos a postos. Nas pressas, Zezinho arrumou as malas e, ainda bêbado, saiu pra tirar as fotos e pegar o primeiro ônibus. Foi com cara de chapado que Zezinho saiu no seu primeiro crachá daquele emprego que seria então o início da realização dos seus sonhos e das conquistas dos seus objetivos.

Aí entra na história o Trovão Azul. Foi o primeiro carro de Zezinho. Comprado pela mãe é bem verdade, mas destinado a ele. Muriçoca então o ajudou nas aulas de direção. O coitado do Trovão sofreu na mão daquele barbeiro até que ele tivesse mesmo condição de dirigir. Só por curiosidade, Trovão Azul era um chevete ano mil novecentos e antigamente, daquele modelo mais velho, cuja frente tinha a inclinação para dentro, ou seja, da parte superior para inferior. O nome veio por causa da sua cor. Um azul "cheguei" de doer os olhos. São muitas histórias que Zezinho e Muriçoca poderiam contar daquele carro. No entanto os dois preferem deixá-las no anonimato. Assim é melhor pra muita gente.

Muitos anos se passaram. Os dois constituíram famílias, tiveram filhos e a amizade estava lá. Não sem os seus percalços, mas estava lá. Zezinho foi transferido para muito longe e então começaram a se ver e se falar muito pouco. Agora, Zezinho e Muriçoca, cada um no seu lugar, seguiam suas jornadas separadamente. De longe Muriçoca acompanhava os sonhos de Zezinho se realizando. Opala quatro portas já era obsoleto. Caminhonete cabine dupla seria uma boa opção. Com o progresso automotivo, Zezinho trocou o alvo do seu sonho e chegou lá . Teve vários tipos de carro, mas enfim chegou a uma S10 cabine dupla. Todo mundo pensou: agora sua vida está completa.

Mas Zezinho não se limitou a isto. Voltou a estudar, fez faculdade e brevemente se formará em administrador. Trabalhando até hoje na estatal, já tem um outro emprego e administra uma empresa mesmo antes de se formar. Seus ganhos se multiplicaram e seus sonhos também. A S10 ficou pequena. Comprou então uma Hillux topo de linha. Câmbio automático e o escambal. Todos os acessórios possíveis e imagináveis. Ligou para Muriçoca contando a novidade. Este perguntou: -Como é dirigir esta máquina? -A bicha é uma Nave! -Pronto, só pode ser a Interprise!

Se a gente pensar bem, a vida de Zezinho foi uma jornada nas estrelas e ele o comandante desta nave. Mesmo de longe, Muriçoca o admira e sente muito orgulho desse amigo que é um grande vencedor! Mas o que mais o valoriza, carros e dinheiro à parte, é sua dignidade e o seu caráter. Agora o próximo sonho, é uma incógnita. Se Muriçoca tivesse que apostar o seu rico dinheirinho, diria que é um foguete. Um dia, Zezinho chega na lua!A INTERPRISE pronta para a sua Jornada Nas Estrelas!

quarta-feira, 5 de março de 2008

SONETO PARA JADE

Seu nome é uma pedra preciosa,
Assim como é, precioso o seu carinho.
E para mim é uma coisa prazerosa,
Todo o orgulho de ser o seu padrinho.

Já fui distante eu sei, é bem verdade,
Gostaria de apagar esta lembrança.
Mas falta ao adulto a capacidade,
De entender o mundo sério da criança.

Sinceramente, peço perdão minha linda!
Menina flor cujo perfume evapora,
Um cheiro doce de amor que nos invade.

E acredite nos veremos muito ainda,
Mesmo que hoje eu tenha de ir embora.
Jamais na vida esquecerei a minha Jade!

MILIONÁRIO

Sou um homem rico e abastado
Cheio de propriedades,
Que me conferem o status
De um grande milionário,
Distribuídas pelo país,
Em inúmeras cidades.

Tenho bens em Porto Alegre,
Em São Paulo também tem,
Em Salvador, Paulo Afonso e Recife
Os meus bens são registrados.
Também tenho em Belém.

Atravessando as fronteiras,
Eles estão no Pará,
Varam as terras brasileiras,
Atravessam os oceanos
Para Espanha e o Canadá.

Diante de tanta riqueza,
Posso dizer com certeza
Que sou um homem feliz,
Cujos bolsos são vazios,
A conta bancária também,
Mas pra que maior fortuna
Que os amigos que se tem?

terça-feira, 4 de março de 2008

BODAS DE OURO

Poema de Zé Ribeiro recitado por Aristóteles Carôso

Bodas de Ouro.mp3

Bodas de Ouro

Estes versos íntimos,
São o produto natural
Das minhas emoções
De filho simples,
De casal humilde

Fi-los hoje
Vinte e quatro de setembro
De mil novecentos e cinquenta e oito,
Para o cinquentenário de casamento
Dos meus idolatrados genitores.

Cinquenta anos atrás na mesma igreja,
Das pessoas presentes recebiam,
Abraços, parabéns, Deus os proteja!,
E casados do templo eis que saíam.

Conduzindo a esperança benfazeja
Pela estrada da vida lá se íam.
Na labuta, peleja após peleja,
Caminhando eles dois envelheciam.

E na mesma igrejinha secular,
Cinquenta anos depois como se viu,
No mesmo piso, frente ao mesmo altar,
Sorridente o casal apareceu,
Dando conta a Jesus do que sorriu,
Do que gozou, também do que sofreu.

Na prestação de contas, a exuberância,
De felicitações, abraços pois,
Foram de fato na primeira estância,
Aprovadas as contas deles dois.

Nessa festa dos dois esse tesouro,
Que supera qualquer que me apareça,
É engraçado: é que as bodas são de ouro,
E eles chegam com prata na cabeça.

PARCERIA

Poema de Nélio Rosa musicado por Márcio Valverde

13-Parceria.mp3

FICHA TÉCNICA

Violão e voz: João Eudes

Parceria

É o delírio
do Prometeu:
fogo no breu;

são quatro mãos
numa batéia
e uma idéia;

é o vassalo
e o suserano:
a linha e o pano;

é o Quixote
e o Sancho Pança:
é contradança;

o devedor
e o agiota:
palavra e nota;

é um que diz
tudo o que sente
e outro que mente;

é um que crê
noutro que cria:
é parceria.

AREIA MOVEDIÇA


Quanto mais me debato para sair,
Mais afundo dentro do meu ser.
O que vejo é assustador e obscuro,
Muitas incertezas e pouca ação.

Estendo a mão na esperança de ser puxado
Para fora desse abismo abissal.
Mas os transeuntes me ignoram
Como se pensassem que se ali me coloquei,
Só eu dali poderia me tirar.

Cada vez mais afundo na areia
Do buraco negro que há dentro de mim,
Até não mais respirar e fenecer.
De repente, suado, assustado e palpitante,
Acordo para a vida que tenho pra viver!

segunda-feira, 3 de março de 2008

CONTA CORRENTE

Eu devedor me confesso a ela.
De alma para alma,
Quando da partida de mamãe
Destas para as plagas da eternidade,
Em treze de abril de mil novecentos e sessenta e um.

Somando a conta dos pegados meus
É que chorando com saudades dela
Eu, pecador me confessando à Deus,
Sou devedor me confessando à ela.

Devedor, me confesso arrependido,
De tanto te dever sem te embolsar,
Não fosse o teu desvelo, era um falido
Pelas ruas da vida a mendigar
Um naco de afeição como um vencido,
Indigente de estima salutar.

Todavia, de ti sendo querido
A indigência não pôde me chegar
Dos céus, a casa madre,
Onde com palmas é sempre recebida a geretriz,
Levendo a filial dentro em tua alma
Agora tu te vais rumo a matriz.

Sou portanto infinito devedor
Que teus cheques pagaste aqui no mundo
No guichê do teu banco interior
E que cheques mamãe? Cheques sem fundos!

Selada com a estampilha do perdão
A gente se hipoteque a liquidar,
Nem mesmo recebendo a quitação
Não deixa de ficar hipotecada.

Credora vitalícia, cofre aberto,
No teu peito tesouro iluminado
Saquei dia após dia em descoberto
Numerário de afetos e assim fiquei,
Toda a vida contigo endividado
E nunca nem os juros te paguei.

Porque para dispor nesta carcaça
Só tenho um coração desses maduros
Pulsando dentro em mim a ti chorar.
Que para te pagar levado à praça
Não dá para pagar-te nem os juros
Dos juros que fiquei sem te pagar

DIÁRIO DE FÉRIAS - O Que é Bom Dura Pouco

"Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão. Poderá morrer de saudades, mas não estará só!"
Amir Klink

Duas palavras podem definir bem os dias finais das minhas férias junto ao meu compadre Zé Filho e os seus amigos: Engov e Sonrisal. A farra gastronômica e etílica que me foi proporcionada na minha estada em Canaã, consumiu alguns comprimidos de tais medicamentos e alguns litros de água no "cura ressaca".

Farras à parte, reencontrar Zé Filho e Jane, amigos cujos laços sentimentais que nos unem, acredito eu, vem de muitas vidas atrás, foi uma coisa maravilhosa. Com a distância que hoje nos separa, temos nos visto e nos falado muito pouco ou quase nada. Agora, após esta minha visita a eles, esses laços se refortaleceram de maneira implacável. Valeu também para me reaproximar da minha afilhada, Jade, e me tornar familiar para os pequenos Igor e Hugo. Uma amizade de trinta e dois anos não se apaga com a distância. "Podem os kilômetros separar-nos dos amigos?" Definitivamente não. Richard Bach está coberto de razão.

Essa alegria do reencontro, foi também fundamental para abrandar a minha dor de deixar Júlia no Pará. Diante de tais reflexões, ficou mais fácil assimilar essa mudança e, aos poucos, trazer de volta a alegria ao coração.

Não tenho palavras para expressar a imensa satisfação e gratidão que sinto pelas pessoas que me receberam de forma tão calorosa e carinhosa. Que me deixaram à vontade como se estivesse em minha própria casa e que de tudo fizeram para tornar os meus dias no Pará os mais agradáveis possíveis. Zé Filho, Jane, Jade, Igor e Hugo, pela hospedagem em Canaã e pelo o amor e carinho que me dedicaram. Gracinha, a secretária deles, pela paciência e dedicação nos dias em que estive lá. Cícero, Aninha e Bruna pelos maravilhosos almoços e por terem viajado 180km para me levarem confortavelmente à Marabá, cidade onde peguei o vôo de volta. Verena e Vicente pelas farras memoráveis e os maravilhosos momentos de descontração. Rose, que além de participar das nossas farras, assumiu o papel de guia turístico e me levou pra conhecer lugares maravilhosos como o Núcleo Urbano da Companhia Vale do Rio Doce em Carajás. Efigênia por ter me acolhido em Carajás de forma tão carinhosa. Elisângela, Paulo, Paulo Hugo, João Vítor, Ana Paula e Campeão, que me receberam de portas abertas na sua casa em Belém, sem contar as intermináveis caronas de Paulo e a sua força fundamental para conseguir a vaga e o desconto na escola para Júlia. D. Maria Helena que também me recebeu com muito carinho e franqueou a sua mesa para os meus almoços espetaculares em Belém. Lene que preparou estes cardápios fantásticos. Ainda vou querer muitas receitas, ela não sabe o que a espera. Cynthia que me apresentou os mais belos pontos de Belém e viabilizou minha hospedagem na capital.

Pra finalizar, os amigos que fiz ou reencontrei em Carajás. Marquinhos, João, sua esposa Luciana e sua linda filha Geovana, Maurício e sua esposa Socorro. Bruno, a esposa Sol e a filinha linda deles que por coincidência também se chama Júlia. Pedro que tocou ao violão, de forma belíssima, Paisagem Na Janela(Lô Borges/Fernando Brant) atendendo a um pedido meu e sua simpatissísima esposa Ângela. E ainda muitos outros cuja memória não consegue lembrar os nomes já que o contato foi menor, mas que também tiveram sua parcela de colaboração para que eu tivesse dias tão felizes por lá.

Sempre me considerei um privilegiado por ter os amigos que tenho. Por isso procuro honrar e retribuir toda a "riqueza" que eles me dão. E, através dos amigos, é que trago do Pará as mais gratas lembranças e uma saudade serena, mesmo tendo deixado por lá a pessoa que mais amo na vida: a minha filha Júlia. E, por ela e por esses amigos é que tenho certeza que em breve voltarei. MUITO OBRIGADO!