quarta-feira, 31 de outubro de 2007

VUMBORA BAÊÊÊÊÊÊÊÊAAAA!!!!!

Hoje recebi de um amigo um e-mail despretensioso que achei muito interessante. É na verdade uma pequena crônica, dessas histórias que circulam pela internet e a gente nunca sabe quem escreveu. Achei muito interessante e tem inclusive muito a ver com o que escrevi em Teste Para Cardíacos. Por isso, resolvi transcrevê-la aqui. Pena que não posso dar crédito ao seu autor. Lá vai!


BAÊÊÊÊÊÊÊÊAAAA!!!!!


Seu Jurandir chegou em Salvador num vôo da GOL, às 19:20 do dia 7 de outubro. Saiu do avião e partiu para buscar sua mala no saguão de desembarque. Como a bagagem demorava de aparecer na esteira, Seu Jurandir sacou a Maxi-Goiabinha que a aeromoça tinha lhe oferecido e ele havia guardado no bolso para mais tarde. A mala chegou, ele colocou no carrinho e saiu pelo portão para procurar um táxi.

- “Quanto é o táxi até...
Ele olhou um papel na sua mão e completou:
... Ondina?”
- “Ondina? 88 conto”
- disse o motorista.

Seu Jurandir fez cara feia, mas entrou no carro mesmo assim. Afinal, Seu Jurandir é paulista e veio conhecer Salvador pela primeira vez no alto dos seus 53 anos. O táxi partiu e logo depois que passou pelo túnel de bambuzais, o motorista fez um pedido:

- “O senhor se incomoda se eu ligar o rádio?”

Seu Jurandir observou o motorista. Era um homem que aparentava uns 40 anos. Tinha uma aparência serena, óculos escorregando pelo nariz e uma boina azul, vermelha e branca na cabeça. Seu Jurandir disse que não se incomodava, mas ficou surpreso quando o rádio ligou. Não era bossa nova ou MPB, nem pagode, arrocha ou axé. O que estava ecoando dos alto falantes do táxi era um jogo de futebol.

- “É que eu torço pro Bahia, sabe? E esse jogo é decisivo” - explicou-se o motorista.

Seu Jurandir não era muito de papo, nem de futebol. Assistia de vez em quando a um jogo do São Paulo na TV, time pelo qual ele carregava uma certa simpatia. Por isso, ficou calado, ouvindo o locutor do jogo junto com o motorista. O locutor gritava:

- “6 MINUTOS DE ACRÉSCIMO!!!”

A cada berro do locutor, Seu Jurandir percebia que o motorista ficava mais nervoso. A aparência serena inicial dava lugar a um semblante de desespero. O homem suava e fazia o sinal da cruz enquanto o carro passava pela Avenida Paralela.

- “Não é possível. A gente precisa de um golzinho só!!!” - desesperava-se o motorista.
- “TERMINA O JOGO NO ACRE!” - berrava o locutor.
- “Pelamordedeus, a gente só depende da gente!!!” - desesperava-se ainda mais o motorista.

Seu Jurandir começou a ficar assustado. O motorista estava suando que nem cuscuz, embora o ar-condicionado do carro estivesse ligado no máximo.

- VAI QUE DÁ BAHIA!!!! - berrava o locutor.
- Vai que dá Bahia!!!! - repetia o motorista.

Seu Jurandir já se segurava na porta do carro, quando o locutor recitou:

- “É A ÚLTIMA CHANCE! LÁ VEM CARLOS ALBERTO, CRUZOU NA ÁREA, CHARLES DE CARRINHO.............................................................GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!!!”

O motorista começou a tremer, chorar e gritar ao mesmo tempo:

- “É goool, é goool, é gooool, bora Bahêa minha porra, bora Bahêa, minha nirgraça!!! Aí bando de rubro-negro feladaputa! Toma aí!!! É a estrela! Eu disse, eu disse!!! É goool porra!! É gol do Bahia caralho!!”

As mãos do homem tremiam, o táxi já não andava em linha reta. Agora, quem se desesperava era Seu Jurandir, que pedia assustado para o táxi parar.

“Pára, pára!” - gritava Seu Jurandir.
“Bahêa, Bahêa! - gritava o motorista.

Meio que em estado de choque, o motorista finalmente encostou o carro no Posto 2 da Paralela. Bastou o táxi parar, para ele deixar seu Jurandir sozinho no carro e sair pela porta correndo e gritando uns 15 putasquepariu.

Sozinho no carro, Seu Jurandir observava o cenário ao seu redor. Carros buzinando, fogos explodindo no céu, gente gritando, chorando, ajoelhando. Cada vez mais carros chegavam ao posto em festa, comemorando o que parecia ser um título inédito. Em meio ao buzinaço, o motorista voltou pro táxi.

“Desculpa, senhor. É que é muita emoção. Esse time é foda.”

Agora curioso, Seu Jurandir perguntou:
- O Bahia foi campeão?
- Campeão? Não, se classificou pro octogonal”
- respondeu o motorista ofegante.
- Octogonal?
- É, o octogonal da Série C.
- Da Série C? Terceira divisão?
- É ganhamos do Fast, do Fast do Amazonas. 1x0, caralho!
- “Sei, sei”
- disse um incrédulo seu Jurandir.
Ainda em êxtase, o motorista perguntou:
“Pra onde é que o senhor está indo mesmo?”
E o seu Jurandir respondeu:
- “Pro aeroporto. Volta pro aeroporto que eu não fico mais um segundo nessa terra de maluco.”

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

LAMENTOS FRATERNAIS

Como quer me tirar do sofá
Se me nega a cadeira?
Como se os caminhos do egoísmo
Não tivessem várias versões.

Como se além do seu umbigo
Habitasse algo que não a sua arte.
Nos momentos de não fale comigo
Como se da sua vida
Eu não fizesse parte

Nos limites mais profundos do amor
Talvez eu deva muito
Assim não me enxergo
Deito no meu travesseiro,
Na minha almofada
E durmo o sono dos deuses.

Me faz muito mal eu sei, exagero.
Mas tava precisando da tela branca do word,
Das carícias geladas de um computador.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

EU DETESTO CIGARRO DE MENTA

Em 1983, com menos de catorze anos de idade, vim do interior para estudar na capital. Cheguei a Salvador complexado, me sentindo inferior. Fui estudar numa escola de classe média graças ao imenso sacrifício dos meus pais. Eu achava, naquela época, que todo mundo ali estava em melhor situação do que eu, mas depois fui descobrindo que a coisa não era bem assim.

Eu era magro, quase um esqueleto andante, pobre, do interior e tímido. Prato cheio pra quem quer se sentir menor, e eu me sentia assim. Na nova escola, observava bem os colegas sem, no entanto, me aproximar de nenhum deles. Foi aí que reparei numa menina que para mim era o que se podia chamar de bonita e gostosa, aliás, muito gostosa. Logo fiquei apaixonado, uma paixão platônica que durou uns três anos mais ou menos. Como todo otário, deixei que nascesse entre nós uma forte amizade, achando que assim, posteriormente, poderia conquistar o seu amor. Ledo engano. Nunca passou da amizade, mas hoje, muitos anos depois, sei que foi melhor assim. Afinal, não há nada na vida que supere o infinito valor de uma amizade sincera. Os verdadeiros amigos passam anos sem se ver e, quando se reencontram, parece que se viram na véspera. Nada mudou. Foi assim sábado passado, com a minha amiga Estér.

Fazia mais de três anos que não nos víamos nem nos falávamos. Como sempre aconteceu nas nossas vidas, sempre passamos longos períodos assim. Mesmo durante os muitos anos em que éramos quase vizinhos, ficamos deveras afastados. Aí ela me achou pelo orkut e combinamos de nos encontrar. Foi uma noite muito legal. Relembramos muitas histórias e agora vou contar algumas delas.

Ainda no início do ano letivo, quando ainda não havíamos nos aproximado muito, houve um fato que fez com que conversássemos pela primeira vez. Não foi nada bom. Também, raciocinando melhor, não foi uma conversa e sim um monólogo onde só ela falou. Na verdade, uma puta bronca onde ela descascou todas em cima de mim. Só faltou me chamar de ladrão. E bem que ela estaria no direito e coberta de razão já que o ato em que fui flagrado era literalmente um roubo. Naquela época eu estava começando a fumar e Estér era uma dos muitos fumantes que tinham na escola. Na hora do intervalo, por causa da minha timidez e falta de entrosamento, às vezes eu ficava na sala sozinho, estudando. Aí bateu uma vontade danada de fumar e, como eu não tinha cigarros, decidi pegar um dentro da sua bolsa que sabia eu, lá não faltaria. Abri a distinta e retirei o cigarro. Foi aí que Estér entrou na sala e me pegou com a boca na botija. Que vergonha!

Estér era uma aluna excelente. Passava direto em tudo. Uma fera em matemática e sabia tudo de inglês. Eu nunca fui um aluno ruim, mas em inglês era e sou até hoje uma negação. Foi aí que essa menina me deu uma prova absurda de sua amizade o do quanto gostava de mim, mesmo que não fosse da forma que eu esperava. Na reta final do ano letivo, meu desempenho em inglês estava fraquíssimo e a prova final era inevitável. Ela já vinha me dando aulas de reforço há um bom tempo, mas, nem eu nem ela acreditávamos que eu fosse conseguir passar de ano. Ela já estava quase passada, mas fez a loucura de quase tirar zero na última prova do ano pra ir pra final e poder me ajudar. Acreditem, ela não passou direto propositalmente para me dar pesca, ou cola, como preferirem na prova final. No dia da bendita sentamos em fila, ela na frente e eu atrás. Tremíamos de nervosismo pois tínhamos combinado que ela marcaria as questões antes de assinar e aí trocaríamos as provas. Não sei como conseguimos, mas deu tudo certo. O fiscal não viu e os colegas que presenciaram usaram a lei do silêncio que impera entre aqueles que sempre se utilizam de tal artifício. Ninguém dedurou a gente. Pra aumentar a minha vergonha, antes de dar o resultado, a professora me chamou para uma conversa reservada. Não consigo lembrar o nome dela. Aí ela falou:

- Adriano, sei que você é um menino correto, um aluno exemplar e que isto não é do seu feitio, mas estou desconfiada que você pescou na final.
Eu, muito surpreso, perguntei:
- Porque a senhora acha isto professora?
- É que sua nota foi muito alta e todo mundo sabe que inglês não é o seu forte.
- Foi por causa de Estér professora.
- Como assim?
- Ela tem me dado aulas de reforço durante toda última unidade. Me ajudou muito e estudei pra caramba.

Falava enquanto cruzava os dedos e mentalmente pedia perdão a Deus por este ato leviano e repulsivo. Até hoje carrego comigo este remorso, mas esta história valeu muitas gargalhadas na noite de sábado.

Teve uma que eu não lembrava, foi Estér quem falou pra aumentar o meu vexame. Um dia, sem coragem de me declarar, deixei uma carta apaixonada no meio das suas coisas. Não lembro do conteúdo, mas se bem me conheço, no auge da minha adolescência, deve ter sido extremamente romântica. A filha da puta achou a carta e ficou calada. Nunca comentou nada. Me deixou na maior dúvida, se ela não tinha achado ou se não queria nada comigo. Óbvio que era a segunda opção a correta.

A conversa rolou solta até quase meia-noite quando ela foi buscar sua filha numa festa. Bebemos um bocado de cerveja e, só pra variar, fumamos muito. A menina agora inventou uma moda de fumar cigarro de menta. Eu detesto, mas acabei fumando alguns só pra castigar o corpo. Essa menina me faz fazer cada coisa!

Bons tempos aqueles. Eu e Estér, envelhecemos, casamos, tivemos filhos, separamos, mas continuamos unidos por uma laço muito forte que, sem dúvida, veio de outras vidas. Eu gosto demais dessa loura, e não é de farmácia não, que contrariando todas as expectativas, de burra não tem nada. Valeu Estér! Até a próxima!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

NATASHA & LETÍCIA - Que Bom Conhecer Belo Horizonte!

Que saudade do Clube da Esquina,
Dos versos imortais desses mineiros.
Que do Malleta à Santa Tereza,
Deram belos horizontes a muitos brasileiros.

Belos, sempre belos, musicais...

Mil tons para a minha desventura,
Brant me tomou pela raiz.
Borges me levaram na loucura.
Voar nas asas do 14 Bis.

Belos, sempre belos, musicais...

Guedes, Venturinis e Antunes,
Multiplicaram sons de norte a sul.
Nos permitindo o prazer da festa,
As serestas de Paulinho Pedra Azul.

Belos, sempre belos, musicais...

Belo Horizonte, horizonte belo,
Jamais esqueceremos seus cantores.
Letícias, Natashas, outras mulheres,
Derramam neste mundo seus amores.

Belos, sempre belos, musicais!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

NOITE DE LINDOS SONHOS!

Telegrama
(Zeca Baleiro)

Eu tava triste
Tristinho!
Mais sem graça
Que a top-model magrela
Na passarela
Eu tava só
Sozinho!
Mais solitário
Que um paulistano
Que um canastrão
Na hora que cai o pano
Tava mais bobo
Que banda de rock
Que um palhaço
Do circo Vostok...
Mas ontem

Eu recebi um telegrama
Era você de Aracaju
Ou do Alabama
Dizendo: Nêgo sinta-se feliz
Porque no mundo
Tem alguém que diz:
Que muito te ama!Que tanto te ama!
Que muito muito te ama!
Que tanto te ama!...

Por isso hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria...

Hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português da padaria...
Mama!

Oh Mama! Oh Mama!
Quero ser seu! Quero ser seu!
Quero ser seu!Quero ser seu papa!

Hoje eu acordei assim como Zeca Baleiro define muito bem nesta canção. Feliz, pra cima, renovado, remoçado, cantando sem parar e com vontade de beijar o mundo. O que será que aconteceu?

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

TESTE PARA CARDÍACOS



O Esporte Clube Bahia continua pondo à prova o já mais que sofrido coração do seu torcedor. Time de tradições, duas vezes campeão brasileiro, com a torcida mais fiel do Brasil, mesmo na terceira divisão mantém uma das melhores médias de público do ano, isto considerando as três divisões do campeonato brasileiro. Castigado por anos a fio de administração desastrosa, há muito que o time não dá uma alegria substancial à sua torcida. Domingo passado foi um dia inesquecível. Dependendo de outro resultado, o Bahia jogou na Fonte Nova precisando vencer para se classificar para o octogonal decisivo e manter acesa a chama da esperança de, pela primeira na sua história, ascender através de resultados conquistados no campo. No outro jogo, Rio Branco x ABC, estava tudo dando certo. Terminou empatado em 0 x 0, só faltava o Bahia fazer sua parte e balançar a rede uma vezinha apenas. Eu, impossibilitado que tava de ir ao estádio, já que era aniversário do meu afilhado Eduardo, estava na festa ouvindo pelo rádio. Aos 43min, quando o locutor anunciou o término da outra partida e que o juiz daria mais 6min de descontos, não tinha a menor condição de continuar ouvindo aquela tortura, e passei o rádio para o amigo Romário, outro Bahia doente como eu. Na verdade, naquele momento, fiz o que costumamos chamar de jogar a toalha. Perdi a esperança. Mas quem torce pelo Bahia deve saber que o jogo só acaba quando o juiz apita. Não é que aos 50min os pés milagrosos do atacante charles classificou o tricolor? Joguei o copo de cerveja para o alto e, junto com a maioria dos convidados, transformamos o aniversário de Edu, filho de torcedores do Vitória, numa festa da torcida azul, vermelha e branca. Quando acabou os parabéns, entoei os primeiros versos: "Somos a turma tricolor, somos a voz do campeão...", foi um coro lindo. Sob os protrestos do meu compadre Gil, que nada pode fazer, transformamos a pequena sala numa extensão das arquibancadas da Fonte Nova. Agora convenhamos: só mesmo o Bahia para, na terceira divisão, merecer uma matéria de mais de 3min no Globo Esporte nacional. Veja o vídeo.



E, para matar as saudades deste sofredor cansado de sofrer....

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

A VIDA E A MORTE

Em junho deste ano, recebi um e-mail de minha amiga Sheila. Esta menina me conhece muito, sabia que o texto me tocaria profundamente. Desde aquele dia, tenho ruminado muito sobre ele e, quanto mais o leio, mais admirado e apaixonado fico. Não quero falar sobre minhas impressões, acho que cada um deve ter a própria, mas gostaria muito de compartilhar com todos. Vale salientar que não verifiquei a autenticidade da autoria, estou transcrevendo o que me foi passado. Contudo, pela genialidade e estilo, acredito mesmo que tenha sido escrito pelo Rubem.

A Vida e a Morte

Era no tempo de toca-discos. Eu estava ouvindo um long-play com poemas de Drummond e Vinícius. O perigo eram os riscos que fazem a agulha saltar. Felizmente até ali tudo estava liso, sem pulos ou chiados. Era a voz doVinícius, voz rouca de uísque e fumo. Chegou o poema "O Haver", meu favorito, em que o poeta fazia um balanço da sua vida, o que restara.
"Resta essa capacidade de ternura, essa intimidade perfeita com o silêncio..." "Resta essa vontade de chorar diante da beleza, essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido..." "Resta essa faculdade incoercível de sonhar e essa pequenina luz indecifrável a que às vezes os poetas tomam por esperança..."
Começava, naquele momento, a última quadra, e de tantas vezes lê-la eu já sabia de cor as suas palavras, e as ia repetindo dentro de mim, antecipando o último verso que seria o fim, sabendo que tudo o que é belo precisa terminar.
O pôr-do-sol é belo porque suas cores são efêmeras, em poucos minutos não mais existirão. A sonata é bela porque sua vida é curta, não dura mais que vinte minutos. Se a sonata não tivesse fim ela seria um instrumento de tortura. Até o beijo... Que amante suportaria um beijo que não terminasse nunca?
O poema também tinha de morrer para que fosse perfeito. Tudo o que fica perfeito pede para morrer. Depois da morte do poema é o silêncio. Nasceria então uma outra coisa em seu lugar: a saudade. A saudade só floresce na ausência.
A voz do Vinícius já anunciava o fim. Ele passou a falar mais baixo. "Restaesse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio pelo momento a vir, quando, emocionada, ela virá me abrir a porta como uma velha amante..."
Eu, na minha cabeça, automaticamente me adiantei, recitando em silêncio o último verso: "... sem saber que é a minha mais nova namorada."
Foi então que, no último momento, o imprevisto aconteceu: a agulha pulou para trás, talvez tivesse achado o poema tão bonito que se recusava a ser cúmplice de seu fim, não aceitava a sua morte, e ali ficou a voz morta do Vinícius repetindo palavras sem sentido: "sem saber que é a minha mais nova, sem saber que é a minha mais nova, sem saber que é a minha mais nova..."
Levantei-me do meu lugar, fui até o toca-discos e consumei o assassinato: empurrei suavemente o braço com o meu dedo, e ajudei a beleza a morrer, ajudei-a a ficar perfeita. Ela me agradeceu, disse o que precisava dizer, "sem saber que é a minha mais nova namorada." Depois disso foi o silêncio.
Fiquei pensando se aquilo não era uma parábola para a vida, a vida como uma obra de arte, sonata, poema, dança. Já no primeiro momento quando o compositor ou o poeta ou o dançarino preparam a sua obra, o último momento já está em gestação. É possível que a última quadra do poema tenha sido a primeira a ser escrita pelo Vinícius. A vida é tecida como as teias de aranha: começam sempre do fim. Quando a vida começa do fim ela é sempre bela por ser colorida com as cores do crepúsculo.
Não, eu não acredito que a vida biológica deva ser preservada a qualquer preço. "Para todas as coisas há o momento certo. Existe o tempo de nascer e o tempo de morrer." (Eclesíastes 3.1-2)

terça-feira, 9 de outubro de 2007

DIREITO DE RESPOSTA

Ontem recebi um comentário falando sobre o meu texto "BRASIL - Pirataria, Tropa de Elite, Calheiros e outras excrescências!" escrito por uma leitora por nome Fernanda. Ela condena o fato de que eu critico a forma como os oficiais do BOPE são treinados. Isto é a democracia. Cada um com sua opinião. Ela tem a dela, eu tenho a minha. Obrigado Fernanda!
Fernanda Disse:
É impressionante como as pessoas não entendem o que o filme quer passar! Como você acha que os policiais deveriam ser treinados? Para passar a mãozinha na cabeça dos traficantes? Sinceramente, todo mundo já percebeu que assim não funciona! Porque você acha que o BOPE é respeitado na favela?
Minha Resposta:
Fernanda,
Respeito a sua opinião mas não concordo com ela. Você acha que é criando assassinos sanguinários que iremos resolver o problema do tráfico de drogas? Você chama de respeito o sentimento que os traficantes nutrem pelo BOPE? Por acaso já parou para pensar na quantidade de vidas inocentes que suas ações exterminam sem nenhum tipo de remorso? Ou você é daqueles que acham que se estão no morro são marginais e portanto devem ser exterminados? Hitler, graças a Deus, já morreu faz tempo. Nosso problema é muito mais profundo. Reside na falta de eduação, nos péssimos ganhos da polícia, na miséria do nosso povo, no interesse que a classe política tem em manter a nossa ignorância e falta de educação, na ganância do povo sempre querendo ganhar mais, mesmo que isso signifique a morte de fome de um semelhante. BOPE nenhum vai resolver esta questão. O BOPE pra mim é tão ruim quanto o traficante, uma vergonha, um absurdo, uma isntituição nazista e podre. Desculpe por não concordar com você. Por acaso gostaria de receber aquele treinamento?

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

FIDELIDADE PARTIDÁRIA

Mais uma palhaçada do Gran Circo Planalto Central! Uma nova receita da Pizzaria Congresso Brasileiro! A gente tá é f.....

ÇEN COMEMTARIO... II

Meu irmão Luciano, na sua lucidez e competência, mandou um comentário na minha última publicação, Sem Comentários..., muito interessante. Com muita propriedade, definiu tudo em poucas palavras. O vídeo já havia me chamado a atenção pelos absurdos ortográficos e políticos. Contudo, prefiri não me manifestar. Deixei a cargo dos leitores para que estes tirassem suas próprias conclusões. Agora, transcrevo aqui as suas palavras que, acredito eu, não devem ficar ocultas num campo de comentários, onde pouca gente se aventura a ler.
Meu irmão:
Olha o texto que aparece no início do vídeo: "quando você ver um politico vire as costa para ele, mas antes cuspa no chão de nojo. não cumprimente de o seu despreso". Tirando os problemas de acentuação, pontuação e articulação sintáxica, a ortografia das palavras em negrito fala por si só. Está aí a razão pela qual o parlamentar brasileiro é um dos mais caros do mundo. Aquele que o colocou no congresso carece de educação (básica, muitas vezes) e é ignorante ao ponto de pensar que não tem responsabilidade por isso e que dar "despreso" e "cuspir no chão de nojo" irá resolver a questão. E o pior é que a classe política tem total conhecimento deste fato e sabe que para se manter nesta situação (como uma das mais bem pagas do mundo) é só sustentar o estado de ignorância e deseducação deste sujeito que produziu o vídeo.
Pobres de nós, brasileiros.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007