Hoje, revirando o baú da minha vida, lembrei do Barbosa Romeu. Um edifício velho em Pitangueiras de Brotas onde meu irmão Edmundo morou um certo tempo, num apartamento sub-solo que mais parecia uma caixa de fósforos, quando fixou moradia em Salvador depois de perambular por esse mundo de meu Deus sem rumo, sem moradia fixa e sem endereço. Acho que o Barbosa Romeu foi o primeiro lugar onde Edmundo pôde, por exemplo, apresentar um comprovante de endereço, desses tão exigidos em qualquer um dos cadastros que precisamos fazer nessa vida.
As lembranças daquela época, final da década de 80, são as melhores possíveis embora, no que diz respeito ao quesito financeiro, foram tempos difíceis para todos nós. Lembro do dia 8/8/88, quando a dureza tava foda, o saudoso Pintado do Bongô chegou na casa de Edmundo e encontrou ele tomando um caldo com uma banda de pimentão dentro e aí perguntou: -Que porra é essa?. Edmundo sem jeito, tentando disfarçar, falou: -Isto é uma sopa que aprendi na Espanha. -Espanha porra nenhuma, você tá é passando fome caralho! Parece que a combinação dos oitos não foi muito boa pra Edmundo. Pintado era assim, um desbocado com um senso de humor dos mais aguçados possíveis, mas que levou para o túmulo, o grande mérito de ter sido o mestre de percussão de Carlinhos Brown e o amor e admiração de uma infinidade de pessoas. Por falar em Brown, foi lá no Barbosa Romeu que presenciei ele, sentado na cama de Rá Nascimento que na época dividia o apartamento com Edmundo, mostrar em primeira mão a, até então, inédita "Meia Lua Inteira" e dizer que tinha feito uma merda. Deu a música pro Chiclete Com Banana e agora Caetano queria gravar. Graças a Deus tudo deu certo. Chiclete gravou e Caetano também e a música foi um dos temas de maior sucesso da trilha sonora da novela Tieta da Rede Globo, na voz de Caetano é claro e um estrondoso sucesso nacional. Também, depois que Caetano gravou, a versão do Chiclete ficou muito pequena.
Uma das melhores lembranças que tenho de lá, é da festa de inauguração da geladeira. Isso mesmo, inauguração da geladeira! Durante muito tempo não havia geladeira no ap. Quando Edmundo comprou sua primeira geladeira, isso até me fez lembrar de uma outra história, teve uma festa de comemoração. Foi fantástico. Muita música, poesia e alegria e, é claro, até pra justificar o motivo da festa, muita cerveja gelada.
Lá no Barbosa Romeu, vivemos momentos de muita intensidade. Foi uma época de muita criação. Edmundo e Rá fizeram muitas canções belíssimas, Rudney Monteiro também estava sempre presente com melodias maravilhosas que Edmundo letrava. Foi lá que nasceu uma parceria fantástica, dois irmãos que se juntaram e fizeram um quilo de músicas lindas que até hoje encontram-se no anonimato. Coisas do destino e da nossa indústria fonográfica e radiodifusão que executa ao extremo as "Boquinhas da Garrafa", as "Eguinhas Pocotó", os "Sou Chicleteiro" da vida enquanto ignora melodias e poemas lindíssimos que muito podiam aumentar a sensibilidade, cultura e dignidade do nosso povo. Fazer o que? Foi justamente ouvindo parte dessas músicas de Luciano e Edmundo que bateu uma saudade danada daquela época e uma vontade de escrever sobre o Barbosa Romeu. Bons tempos que não voltam mais.
As lembranças daquela época, final da década de 80, são as melhores possíveis embora, no que diz respeito ao quesito financeiro, foram tempos difíceis para todos nós. Lembro do dia 8/8/88, quando a dureza tava foda, o saudoso Pintado do Bongô chegou na casa de Edmundo e encontrou ele tomando um caldo com uma banda de pimentão dentro e aí perguntou: -Que porra é essa?. Edmundo sem jeito, tentando disfarçar, falou: -Isto é uma sopa que aprendi na Espanha. -Espanha porra nenhuma, você tá é passando fome caralho! Parece que a combinação dos oitos não foi muito boa pra Edmundo. Pintado era assim, um desbocado com um senso de humor dos mais aguçados possíveis, mas que levou para o túmulo, o grande mérito de ter sido o mestre de percussão de Carlinhos Brown e o amor e admiração de uma infinidade de pessoas. Por falar em Brown, foi lá no Barbosa Romeu que presenciei ele, sentado na cama de Rá Nascimento que na época dividia o apartamento com Edmundo, mostrar em primeira mão a, até então, inédita "Meia Lua Inteira" e dizer que tinha feito uma merda. Deu a música pro Chiclete Com Banana e agora Caetano queria gravar. Graças a Deus tudo deu certo. Chiclete gravou e Caetano também e a música foi um dos temas de maior sucesso da trilha sonora da novela Tieta da Rede Globo, na voz de Caetano é claro e um estrondoso sucesso nacional. Também, depois que Caetano gravou, a versão do Chiclete ficou muito pequena.
Uma das melhores lembranças que tenho de lá, é da festa de inauguração da geladeira. Isso mesmo, inauguração da geladeira! Durante muito tempo não havia geladeira no ap. Quando Edmundo comprou sua primeira geladeira, isso até me fez lembrar de uma outra história, teve uma festa de comemoração. Foi fantástico. Muita música, poesia e alegria e, é claro, até pra justificar o motivo da festa, muita cerveja gelada.
Lá no Barbosa Romeu, vivemos momentos de muita intensidade. Foi uma época de muita criação. Edmundo e Rá fizeram muitas canções belíssimas, Rudney Monteiro também estava sempre presente com melodias maravilhosas que Edmundo letrava. Foi lá que nasceu uma parceria fantástica, dois irmãos que se juntaram e fizeram um quilo de músicas lindas que até hoje encontram-se no anonimato. Coisas do destino e da nossa indústria fonográfica e radiodifusão que executa ao extremo as "Boquinhas da Garrafa", as "Eguinhas Pocotó", os "Sou Chicleteiro" da vida enquanto ignora melodias e poemas lindíssimos que muito podiam aumentar a sensibilidade, cultura e dignidade do nosso povo. Fazer o que? Foi justamente ouvindo parte dessas músicas de Luciano e Edmundo que bateu uma saudade danada daquela época e uma vontade de escrever sobre o Barbosa Romeu. Bons tempos que não voltam mais.
Baile No Coração
(Luciano Carôso/Edmundo Carôso)
Sol
Quando o sol nascer
Vai reacender
Tudo que é olhar e farol
Som
Diga que quer ser
Se você crescer
Música de um mundo melhor
Baile no coração
Reggae no bem querer
Rumba nessa emoção
Pão
Pão pra quem colher
No trigo o que vê
Pão para quem não colha pão
Grão
Não para moer
Grão para nascer
Grão para que venham outros grãos
Baile no coração
Reggae no bem querer
Rumba nessa emoção
P.S. Meu irmãozinho Luciano Carôso que além de um grande músico e compositor, é uma fera nos assuntos cibernéticos, ao contrário de mim, me ensinou uma maneira de colocar um link para áudio nas minhas postagens. Adorei este recurso e pretendo usá-lo sempre que necessário. Vivendo, fazendo e aprendendo. Então, para inaugurar meu novo conhecimento, vai o link abaixo pra quem quiser ouvir Baile No Coração.
FICHA TÉCNICA
Graça Reis: Voz
Luciano Carôso: Voz e violão base
Rá Nascimento: Voz, violão solo e percussão em tampo de violão
Edmundo Carôso: Voz, entrada na hora errada e bobagens faladas
Gravado em Burro Preto. Pequeno toca-fitas mono CCE de Edmundo que registrou muitas criações no Barbosa Romeu
baile_no_coracao.m... |
2 comentários:
Ei Adriano,
também eu, quando sinto saudade, gosto de escrever. Acho que assim, reescrevo minha história.
Gosto muito do jeito versátil no seu espaço. E viva as lembranças!
Um abraço
Jacinta
Adriano,
pelo seu nome e pelas historias que você conta no seu blog, tenho certeza de que é irmão de Edmundo Caroso (que anda sumido!)
Através do seu blog, que encontrei por acaso, achei também os blogs de Edmundo e Luciano, ambos excelentes, mas que parecem estar desatualizados, uma pena.
Li toda a historia do Barbosa Romeu, ouvi a musica "Baile no coração" e muitas outras; lembrei de velhos tempos em Feira e de velhas e queridas amizades. Fale com Edmundo desse comentario e lembre pra ele a historia das cadeiras que queimamos pra assar churrascos. Parabéns pelo seu Blog
Visite meu bloguinho: http://mariefleur.zip.net
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