quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

BILHETE PRA SANDRA


Há tempos que tô querendo
Escrever um bilhete pra Sandra
Pra saber onde é que anda
A nossa tenra paixão

Os momentos de loucura
Que vivemos na Bahia
Mas que foram embora um dia
Nas asas de um avião

Nenhuma linha ou palavra
Nem poesia garbosa
Nenhuma carta ou bilhete
E eis que agora o deleite
Nos versos de Nélio Rosa

Este pequeno poema acima, imaturo e com o estilo cordelista que tanto me persegue, foi escrito de supetão, movido pelo desapontamento que senti ao ler o poema homônimo de Nélio Rosa, integrante do livro "O Terno do Meu Avô e Outros Pertences". Nélio, poeta baiano de Feira de Santana, com fortes raízes santamarenses, amigo-irmão e parceiro do meu amigo-irmão e parceiro Márcio Valverde, é um mestre nas palavras. Seu livro é belo desde à casca ao conteúdo, e deveria ser apreciado por todos os amantes da poesia, mas como infelizmente estamos no Brasil e mais propriamente na Bahia, onde a leitura é privilégio de poucos e publicar um livro de poemas é privilégio de loucos, Nélio fez o seu livro sem contar com editora, com um patrocínio sequer, e não tem condições de efetuar sua distribuição e divulgação para fazê-lo chegar às livrarias e ao público específico que facilmente o consumiria. Uma pena. Eu tive a sorte de, sendo amigo de Márcio que fez a produção do cd que acompanha o livro e musicou alguns poemas para o disco, receber de presente um estojo contendo o livro e um cd. Estou extasiado com a poesia de Nélio. Quando li "Bilhete Pra Sandra", logo me vieram à tona os versos acima. Por um motivo específico, que aqui não cabe falar, sempre quis escrever um bilhete pra ela. Agora transcrevo aqui os versos do poeta Nélio. Sou realmente corajoso de expor os meus, diante de tanta beleza.

Bilhete Pra Sandra
Nélio Rosa

O poeta Gilberto

pôs naquela canção

que'cê tem o condão

pra estar longe e perto


Ele tinha razão

(esse poeta Gil?!),

mas o que ele não viu

é o que vejo então:


é muito além do alto

da montanha e do salto
que eu agora procuro,

haverá do outro lado

(sempre dissimulado)
algum porto seguro?

Um comentário:

Éverton Vidal disse...

Lindo poema/cançao Adriano.