CASA
Ergo paredes com pedras e desvario,
já não me sinto só no meio do mundo
nem mais me assusta onde o sertão profundo
estrada é vale, montanha, mar e rio.
Para minhalma cama, mesa e calor,
a minha casa rasa pro meu amor.
Maré vazante, barco à deriva, frio,
tudo escorrendo entre os dedos da mão,
não tenho sede e não navego em vão:
sei que há o mar no fim de todo rio.
Para minhalma cama, mesa e calor,
a minha casa vaza pro meu amor.
Uma cidade erguida por um fio,
Terra estranha é alma de pessoa,
que não se pisa, mas se sobrevoa:
(Lançar semente à beira de algum rio).
Para minhalma cama, mesa e calor,
a minha casa asa pro meu amor.
Este poema faz parte do livro O Terno do Meu Avô e Outros Pertences do poeta Nélio Rosa. Ele foi lançado num estojo acompanhado de um cd com alguns dos poemas do livro cantados ou recitados por diversos artistas baianos, sobretudo, santamarenses. Márcio Valverde, que fez a produção artística do disco e musicou a maioria dos poemas do cd inclusive este aqui, presenteou-me com esta relíquia que tanto me toca e sensibiliza. Aguardem que outros virão por aí.
FICHA TÉCNICA
Márcio Valverde: Violão
Roberto Mendes: Voz
02-Casa.mp3 |
2 comentários:
Obrigada pela pesquisa, também não acho que tenha muito a ver com Chico, mas... com aquilo descobri, que não posso culpar ninguém pela minha solidão, senão a mim mesma! Mas tudo bem... é preciso estar só para se viver! (pelo menos agora)...
Gostei do poema! E obrigada pelo elogio, caiu bem para meu ego, que anda todo murcho por esses dias! Um beijo :)
Hummmmmmm gostei!!!!!!
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