quinta-feira, 26 de julho de 2007

ROBERTO CARLOS - A Biografia Proibida


Esta é a capa da biografia.

Acabo de ler a tão falada biografia não autorizada, Roberto Carlos em Detalhes e, cada vez mais, entendo menos o porque do cantor ter brigado tanto para retirar o livro das livrarias. Uma celebridade como Roberto, o artista de maior peso de todo o Brasil, deveria ter sido mais coerente e humano. Sim, estou usando a palavra humano pois achei uma desumanidade jogar por terra anos de pesquisa séria, um trabalho brilhante realizado pelo baiano Paulo César de Araújo.

Fã do cantor, assim como a maioria dos brasileiros, o autor faz uma abordagem carinhosa, séria, respeitando a pessoa do artista sem desnudar com sensacionalismo sua privacidade. É natural que o Brasil e o mundo tenham interesse em saber da vida do rei. E ele que tanto fez para chegar onde chegou deveria saber e respeitar este desejo. Pois Paulo César realizou o sonho de milhões e milhões de pessoas ao escrever este livro, aí vem Roberto Carlos e joga areia no brinquedo da mesma multidão que o colocou onde ele está. Uma maldade.

O livro é uma delícia. Um texto claro, fluente, com depoimentos históricos de pessoas que de alguma forma passaram pela vida de Roberto. Uns mais próximos, outros nem tanto assim. Tem também depoimentos do próprio Roberto Carlos extraídos de entrevistas fornecidas às mais diversas fontes inclusive ao próprio autor, além de muitas fotos interessantes. Sob todas as óticas que procurei observar o livro, desde a abordagem jornalística até a invasão da privacidade de alguém, não encontrei motivos que justificassem tal atitude. Que pena!

Não estou crucificando Roberto, de maneira nenhuma. Ele é humano como todos nós e portanto está passível de cometer erros. Neste caso, eu acho que ele errou. Por outro lado só alvoroçou mais a curiosidade de milhões de pessoas. Hoje o livro está por aí, passeando mundo afora em sua íntegra pela internet, e, quem não teve a felicidade de encontrar um exemplar adquirido antes da proibição, como eu, está tendo toda condição de lê-lo. No fim das contas acho que foi até uma espécie de promoção para o livro, pena que não valerá o pagamento de direitos autorais ao escritor, os mesmos direitos autorais que ajudaram a fazer de Roberto Carlos, uma das maiores fortunas do Brasil.

Não sou o único a reclamar, o jornalista Luís Perez, em artigo(leia aqui) publicado no Interpress Motor, defende: “Belíssimo tributo à vida e à obra de Roberto Carlos o livro “Roberto Carlos em Detalhes”, de Paulo César de Araújo. Não que não haja defeitos. Como fã declarado do cantor – e todos que me conhecem sabem disso –, encontrei inúmeras imprecisões, mesmo em transcrições de letras. Mas nada que comprometa o documento histórico (afinal, história é feita de versões, não de “verdades factuais”) que é o livro, que narra o processo de formação desse ídolo nacional, mas não sem trazer à tona minúcias bastante reveladoras. Uma das passagens mais interessantes é a forma como esse livro que o cantor tanto quer proibir aborda um ponto que permeia toda a obra de Roberto Carlos…”.

Li na veja que Roberto não ganhou a ação e sim fechou um acordo com a editora e o autor. Este não foi favorável mas diante da pressão da editora e seus advogados acabou cedendo. Parece que hoje está arrependido. Segundo a reportagem Roberto pagou uma verdadeira fortuna e é claro que Paulo César recebeu uma gorda comissão. No entanto acho que dinheiro nenhum paga a satisfação de um autor que dedica anos da sua vida num projeto para ver o reconhecimento do público por aquele trabalho traduzido na compra dos seus exemplares. Paulo não terá este prazer. Contudo, acho sinceramente que escreveu o livro muito mais pela admiração que sempre sentiu por Roberto do que antevendo generosos proventos com ele.

Fã de Roberto Carlos que sou, principalmente pelo seu trabalho do fim da década de 60 e toda a de 70, fiquei deliciado com a leitura. Pra mim valeu também para descobrir muitas outras coisas da história da nossa música, algumas nem têm tanto haver com Roberto Carlos assim. Estou sentindo uma tristeza imensa por ter terminado aquelas páginas. Fizeram-me uma grata companhia nos últimos dias e acabei me afeiçoando muito a elas. Eu ainda acredito que, mais cedo ou mais tarde, Roberto vai voltar atrás, pedir desculpas ao público e liberar a publicação. Uma imensa multidão ficará agradecida.

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Trechos do Livro

Para quem contesta a sua popularidade e o seu reinado...

"....Roberto Carlos é o mais popular cantor brasileiro de todos os tempos - e nenhuma celebridade deste país pode ser considerada mais conhecida ou mais adorada pelo público. Quando começou a fazer sucesso, o homem ainda não havia chegado à Lua, os Beatles ainda não haviam conquistado o mundo, a Guerra Fria ainda dividia o planeta, e o Brasil era apenas bicampeão mundial de futebol. Pois bem: o homem foi e voltou à Lua, os Beatles viraram lenda, a União Soviética acabou, o Brasil já conquistou o pentacampeonato e Roberto Carlos continua fazendo sucesso...."

Para os que acham que tudo foi fácil pra ele...

"...Já com Roberto Carlos não foi assim. Ninguém o convidou para nada. Quando chegou ao Rio de Janeiro, não tinha nenhum contato, nenhum conhecido no meio, nenhum parente importante. Chegou para arriscar a sorte, e apenas com a fé e um violão..."

"...Escaldado pelo fracasso do primeiro disco na Polydor, Roberto Carlos resolveu arregaçar as mangas e trabalhar mais pela divulgação de seu novo trabalho, sem esperar apenas pela gravadora. Diariamente ele percorria as emissoras de rádio, especialmente o programa do Chacrinha, na Rádio Mauá. "Eu pedi ao Othon Russo que desse mais trabalho a Roberto na CBS para ver se assim ele sossegava e espaçava as visitas diárias para três vezes por semana", afirma o apresentador. Paralelamente à sua atuação no rádio, na época Chacrinha comandava seu programa na TV Tupi, e lá também estava Roberto Carlos, participando do quadro "Adivinha quem é o cantor mascarado?". Roberto Carlos entrava de tarja preta no rosto, sentava em um banquinho e cantava ao violão Brotinho sem juízo. Em seguida, Chacrinha criava uma onda danada, perguntando ao público quem era aquele cantor. Ninguém tinha dúvida na resposta... era João Gilberto. Quando Roberto tirava a máscara, o público fazia oh!!!!!!!!!!, sem entender nada...."

Para os que acham que tudo foram flores para ele...

"...Roberto Carlos estava segurando as mãos de Maria Rita quando o coração dela parou, às 23 horas de domingo, dia 19 de dezembro de 1999. O artista chorou e rezou abraçado ao corpo de sua mulher, que viveu apenas 38 anos, oito meses e quatro dias. "A imagem de meu pai foi a coisa mais desoladora que vi na minha vida. Nessa hora, tive a dimensão real de sua dor. Até aquele momento, tinha sido uma coisa de luta, de vamos lá que tudo vai dar certo. Aí percebi que não seria do dia para a noite que ele iria superar aquilo", afirma Dudu Braga...."

"....Os médicos da Pro-Matre foram então chamados para examinar a criança e deram o diagnóstico: infelizmente, os olhos de Segundinho
(Dudu Braga) não haviam nascido perfeitos. Estavam com 40 de pressão, quando o normal é 15. E essa doença tem um nome: glaucoma congénito - que acarreta perturbações visuais transitórias ou definitivas. Glaucoma: infecção dos olhos, assim chamada pela cor esverdeada que toma a pupila (do grego glaukós - verde), caracterizada pelo aumento de pressão intra-ocular, dureza do globo do olho e atrofia da pupila ótica.

Naquele momento, Roberto Carlos estava envolvido no lançamento de seu novo álbum, O inimitável, e o diagnóstico dos médicos bateu como uma paulada em seu coração. Como normalmente acontece em casos que envolvem celebridades, o boato rapidamente se espalhou pelo Brasil: o filho de Roberto Carlos tinha nascido cego...."

Muitos não acreditaram nele e previram o seu fim...

"...Na contramão da comoção popular que o artista despertava, muito se especulou sobre a possível queda do rei. Diziam que ele não aguentaria muito tempo, que o sucesso acabaria no inverno seguinte, que era falso demais para perdurar. O jornalista David Nasser relatou: "Ninguém pensava, naquele início dos anos 60, que o moço triste de Cachoeiro de Itapemirim tinha vindo para ficar por tanto tempo. Eu também, quando o vi pela primeira vez, calculei que não passasse de um dos muitos passageiros da música". Opinião semelhante à que teve o jornalista e exgovernador da Guanabara Carlos Lacerda. "Pensei, pensaram muitos, que ele ia afundar nas margens plácidas de um Ipiranga de glória passageira."..."

"...Depois de fracassar com seu primeiro disco na Polydor, foi dispensado sem segunda chance da gravadora. "Ninguém tem uma bola de cristal para saber o futuro de um artista. Ele gravou, não vendeu e foi desligado", explica João Araújo, que assumiu o comando da gravadora logo após a saída de Roberto Carlos.

É curioso que, para Roberto Carlos, ninguém teve bola de cristal. Os radialistas só passaram a tocar suas canções depois que ele foi contratado pela CBS - como tocavam vários outros cantores que sumiram no tempo. O importante é identificar quem acreditou em Roberto Carlos antes de ele gravar seus primeiros discos naquela gravadora - quando era apenas um cantor de rádio ou da noite. E nesse papel só houve Carlos Imperial. Mesmo Chacrinha, só ajudou Roberto por insistência de Imperial. "O Imperial foi a minha bengala branca. Ele me levou pela mão através dos corredores das emissoras, das redações dos jornais, das fábricas gravadoras", afirmou o cantor numa entrevista nos anos 60...."

"...Em meio à polémica em torno da ascensão de Paulo Sérgio, e a queda de audiência de seu programa na televisão, não faltaram análises apocalípticas sobre a queda do ídolo. Os sociólogos de plantão também foram chamados a se manifestar sobre o fato. Marialice Foracchi, socióloga da Universidade de São Paulo, afirmou que Roberto Carlos se transformara em consumo e, por conseguinte, havia se desgastado. "Ele acabou se perdendo porque, generosamente, distribuiu as características que o tornavam tão especial. O seu modo de vestir, compor e falar foi partilhado por todos, imitado por todos. As diferenças gradativamente se anularam. A distância que, no palco, mantinha Roberto Carlos afastado mas ao mesmo tempo ao alcance de seu público dissolveu-se. Confundindo-se com o público, o ídolo adquiriu forma humana...", e por aí seguia toda uma tese sociológica para explicar por que teria se exaurido o mito Roberto Carlos.

O que ninguém analisava era se as canções de Roberto Carlos continuavam atingindo o grande público. Nota-se que, naquela época, o critério de avaliação do poder de Roberto Carlos estava no índice de audiência de seus programas, como se ele fosse essencialmente um apresentador de televisão, e não um cantor-compositor...."

Para os que não visualizam a dimensão da sua grandeza e do seu sucesso...

"...Nos demais países não houve um grupo ou cantor jovem com poder de fogo maior do que os Beatles. O Brasil talvez tenha sido o único país no qual, nos anos 60, os Beatles não foram os principais ídolos e vendedores de discos. Aqui quem mandava era Roberto Carlos e sua turma. Fenômeno que vai se repetir depois com o aparecimento do espanhol Júlio Iglesias. O que levou Caetano Veloso a afirmar que Roberto Carlos era o nosso ministro da Defesa.

O fenômeno Roberto Carlos chamava a atenção de todas as subsidiárias da CBS. Mensalmente fazia-se uma lista de best-sellers locais. Cada subsidiária tinha sua lista e a enviava com a quantidade de discos vendidos e a data de lançamento. Quando a matriz começou a ver o número de discos vendidos por Roberto Carlos, ficou estupefata. Nenhuma das outras subsidiárias conseguia vender tanto...."

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É por tudo isso que concordo plenamente com Paulo César de Araújo, dentre as razões para um sucesso tão sólido e duradouro, uma das mais importantes é a imensa qualidade do seu repertório, principalmente nas canções da dupla Roberto e Erasmo. Canções que atravessaram o tempo, de geração em geração, ditaduras, manifestações, exílios, anistia, democracia, etc e, até hoje, estão vivas e atuais encantando o público das mais diversas classes sociais sem importar a faixa etária. Roberto Carlos, para mim, é uma unanimidade.

Como prova irrefutável de tal fato, estão aí "...Detalhes, Se você pensa, Outra vez, Cavalgada, Emoções, Fera ferida, Nossa canção, Olha, De tanto amor, Como vai você, O portão, Jesus Cristo, As curvas da estrada de Santos... E ainda, Sua estupidez, Café da manhã, Nossa Senhora, Proposta, As canções que você fez pra mim, Como é grande o meu amor por você..." dentre tantas outras que não caberiam neste relato. O cara é mesmo o REI!!!

quarta-feira, 18 de julho de 2007

A TRAGÉDIA ANUNCIADA

Chocado, estarrecido, transtornado, de luto e revoltado. Assim amanheceu o povo brasileiro hoje, 18 de Julho de 2007, após o terrível e anunciado acidente ocorrido ontem em São Paulo que, ainda sem números oficiais, deve ter vitimado fatalmente mais de cento e oitenta pessoas. Alguém tem que se responsabilizar por esse caos que se estabeleceu na aviação do Brasil nos últimos tempos. Caos este que embora já existisse, vivia mascarado na irresponsabilidade do governo federal até outro fatídico desastre, a menos de um ano atrás, onde morreram cento e cinquenta e quatro pessoas no desastre com o avião da gol, deflagrar o escândalo para os ouvidos do povo.

Os contralodores culpam o governo, que culpa os controladores, que culpam os pilotos do Legacy que culpam os pilotos da Gol que não podem mais culpar ninguém. Assim, neste empurra empurra de responsabilidades, ninguém trará de voltas as vidas que se esvaíram nestes acidentes, nem amenizar a dor dos milhares de familiares e amigos das vítimas.

Muito se fala que a pista ainda não continha as ranhuras necessárias para a aderência dos pneus do avião na hora do pouso, principalmente em pista molhada, o que permite maior desempenho na freada e a manutenção da aeronave em linha reta. No entanto, acabo de ler no blog de Fernando Rodrigues, jornalista da Folha Online, que as informações preliminares reduzem consideravelmente a hipótese dos supostos defeitos da pista de Congonhas, serem os responsáveis pelo acidente: “O fato de o avião ter continuado em alta velocidade depois de ter atingido o solo –informação pendente de ser oficialmente confirmada com dados da caixa-preta– reduz muito a hipótese de os supostos defeitos na pista de Congonhas serem os únicos possíveis causadores da tragédia. Quando o avião derrapa por deficiência da pista quase sempre ocorre uma mudança imediata na trajetória em solo. As informações preliminares (atenção: preliminares!) dão conta de que o Airbus da TAM seguiu em linha reta até praticamente o final da pista, sem frear nem perder a direção.” A verdade é que, há dois dias atrás, um pequeno avião da empresa Pantanal derrapou na mesma pista sem maiores proporções. Não teria sido um aviso, um sinal?

É sempre assim, as informações são totalmente desencontradas e depois de muito estardalhaço tais tragédias caem no esquecimento sem a punição dos verdadeiros responsáveis. Até quando amargaremos esta situação?

Não me acho no direito de responsabilizar ninguém, até porque não tenho conhecimento técnico para tal, mas acredito que a postura do governo federal tem sido omissa, irresponsável e incompetente. O descaso para com os controladores de vôo, função de extrema responsabilidade já que lidam diariamente com milhares de vidas, que trabalham em condições adversas e recebem um péssimo salário é um destes indicativos. Isto não é novidade nenhuma. Veja a polícia de todo o Brasil, formada de elementos despreparados, ganhando misérias e que, em muitos casos, acabam virando pro lado crime, ou seja, fazendo exatamente o contrário do que deveriam fazer, para aumentar os parcos proventos e melhorarem a situação da família. De quem é a culpa? O governo alega que os cofres públicos não suportam aumentos nos gastos para realizar tais ações. Perguntamos então: de que cofres vieram os bilhões investidos para a realização do PAN? De que cofres saíram os milhões e milhões surrupiadas pela quadrilha da Construtora Gautama? De onde saíram os milhões do mensalão que o próprio governo usou para manipular os votos e apoios de parlamentares? De onde saiu o dinheiro que reformou o sucatão (termo usado pelo nosso presidente referindo-se ao avião presidencial)? De onde sairá a fortuna que cobrirá o recente aumento de quase 100% dado aos parlamentares e toda a corja de beneficiados que os rodeiam? Além de incontáveis outros absurdos.

Vi estes dias na televisão, um popular falando sobre o orgulho de ver o Brasil sediando uma competição de tamanha importância internacional como os Jogos Panamericanos. Até que teria o mesmo orgulho se não tivesse no nosso Brasil, milhões de pessoas morrendo na filas do SUS. Milhões de crianças nas ruas roubando, pedindo, se prostituindo sem direito à saúde ou educação. Se não saíssemos de casa todos os dias apreensivos, com medo de tudo, sem saber se vamos voltar. Se milhares de conterrâneos não revirassem os lixos urbanos em busca do alimento para matar sua fome. Se nossas estradas não matassem milhares por dia por causa de seus buracos, sua falta de sinalização e conservação mesmo que o povo pague um absurdo de impostos para mantê-las (mesmo assim a solução do governo é entregá-las nas mãos das empreiteiras que pagam propinas e propinas com o dinheiro do nosso pedágio), e etc, etc, etc. Aí eu me orgulharia do PAN e das medalhas do Brasil. Nesta situação porém, não vejo motivo de orgulho nenhum, apenas de revolta e vergonha.

Quantos acidentes serão necessários para que uma providência sensata seja tomada e o problema definitivamente resolvido. Quantas vidas teremos de perder, quantas lágrimas verteremos em vão?

O governo declarou luto oficial de três dias em homenagem às vidas perdidas no acidente da TAM. Esta é a providência do nosso presidente até o presente momento, além, é claro, de cancelar sua agenda recente. Uma lástima, uma vergonha.

Meus sentimentos mais sinceros às famílias que perderam seus entes queridos. Aos desencarnados, que estes encontrem a paz aonde estiverem agora, porque aqui na terra, principalmente no Brasil, está muito difícil.

sábado, 14 de julho de 2007

Ó PAÍ Ó - Rapaz! Neto retô!

Depois de assistir por duas vezes ao filme Ó Paí Ó, não pude deixar de escrever umas palavras sobre minhas impressões. Extremamente tocado, emocionado em demasia, não sei se tenho condições de ser imparcial nesta crítica, até pelo simples fato de ser baiano e amar profundamente a Bahia.

Um retrato fiel de Salvador, ou de pelo menos uma parte significativa e importante da cidade, o filme une humor e drama com total equilíbrio. Dos risos às lágrimas bastam segundos de projeção.

Não tive o privilégio de assistir ao espetáculo teatral que deu origem a película, homônimo, encenado pelo Bando de Teatro Olodum, que emprestou alguns atores para esta montagem. E por falar em atores não há como não destacar as excelentes atuações de Lázaro Ramos, Wagner Moura e Dira Paes. Na verdade, procure um ator com um fraco desempenho no filme. Desafio àquele que encontrar.

A forma como o jeito de falar do baiano, daquele baiano que habita o Pelourinho e suas adjacências, é caricaturado é de extrema perfeição. Quando andamos nas ruas da nossa cidade ouvimos tais expressões por todos os cantos.

A trilha sonora é maravilhosa. Os adjetivos seriam intermináveis para quem, embriagado que está com tamanha emoção, não tem a menor condição de falar sobre nada. Quanto mais sobre um filme de tamanha grandeza.

Parabéns aos autores, diretores, atores, técnica, empresários e todas as pessoas envolvidas neste projeto. Um presente para a Bahia e para o Brasil. Sei que o filme vai agradar brasileiros nos mais longínguos lugares, mas com o verdadeiro baiano, aquele que conhece a terra e seu povo no âmago da sua cultura, será difícil empatar.

Agora, escrevendo estas linhas lembrei de um reclame, que sempre ouço na Rádio Metrópole aqui de Salvador, de uma determinada copiadora. É o diálogo de dois baianos bem típicos, falando das façanhas do proprietário e das vantagens da sua loja. Pena que não sei como extrair este áudio e disponibilizar para os leitores. O começo, que me chamou muita atenção e retrata o falar dos meus conterrâneos além do meu próprio, diz assim:

- Rapaz! Neto retô!
Assista ao trailler do filme. O vídeo está disponibilizado
neste blog.

MALA É MALA EM QUALQUER LUGAR

Depois de ter chamado o poeta de mala e sofrer as consequências do meu impensado ato, venho aqui falar de outras malas que muito me incomodam: as malas virtuais, ou malas internáuticas, como costumo chamar. São um chute no saco de qualquer um.

Não precisa citar nomes, deixemos que as carapuças caiam em suas respectivas cabeças, se é que tais cabeças existam.

Não entendo como uma pessoa perde horas e horas na frente de um computador mandando e-mails de correntes que ajudam a disseminar os endereços eletrônicos para os distribuidores de vírus, numa progressão geométrica de razão elevadíssima, acreditando que seu desejo se realizará em dez minutos ou então acontecerá o contrário por ter quebrado a tal.

Outra chatice são as mensagens de amor, auto-ajuda, amizade e tantos outros temas que no fim das contas possuem a mesma finalidade das tais correntes. Se quiser mandar uma mensagem para alguém seja original e escreva você mesmo. Caso não goste de escrever escolha uma mensagem que tenha a ver com o destinatário e mande apenas pra ele. Se quiser mandar pra mais de uma pessoa, principalmente se elas não se conhecerem, tenha o cuidado de enviar através de cópia oculta. Um e-mail é como um telefone ou um endereço. Só quem tem o direito de dar é o seu dono, não podemos sair por aí divulgando aos quatros ventos algo de cunho pessoal, desrespeitando a privacidade de outrem.

Já não bastam os inúmeros spans que recebemos por dia, os e-mails que os intrusos nos mandam com vírus disfarçados em tantas formas e facetas? Será que ainda precisamos dos amigos para aumentar esta lista de inconvenientes que nos fazem perder o nosso precioso tempo filtrando o que presta e o que não presta na nossa correspondência eletrônica? Claro que não.

Outro lugar onde as malas reinam soberanas é o orkut. Quantas pessoas que você nunca viu ou ouviu falar te pedem para adicioná-las. Alguns que você até conhece te adicionam, acho que só para aumentarem o número de "amigos", sem nenhum aviso prévio, sem um scrapzinho sequer, mas nunca mais te mandam um recado ou interagem de alguma forma. Sem contar os que ficam mandando propagandas dos mais variados produtos, festas e etc. Não que eu ache um absurdo mandar um scrap para quem não se conhece, afinal quem entra no orkut sabe que estará exposto ao mundo, apenas esperamos que as pessoas tenham um mínimo de desconfiômetro e sensatez.

Tudo depende da forma como se aborda ou o que se quer com aquela pessoa. Por acaso você fica parando na rua um desconhecido pra dizer amenidades ou fazer comentários íntimos? Pois é, no orkut também deveria ser assim. Eu mesmo já mandei mensagens para desconhecidos. Uma vez elogiei o texto de uma menina que, através do perfil de uma amiga muito querida, acabei visitando o seu. Mesmo com uma abordagem discreta e elogiosa a resposta não foi das melhores. Ontem achei no orkut o perfil de uma jornalista da qual sou um grande admirador. Uma menina talentosa e culta, apresentadora de um programa de entrevistas numa rádio de Salvador cujo conteúdo é dos mais interessantes. Não resisti à tentação de mandar um scrap elogiando o programa e o seu trabalho. Desta vez fui melhor entendido e recebi uma resposta carinhosa.

Pois então, não sou o corretinho do pedaço, mas estou longe de ser aquilo que chamo de mala internáutica. Pelo menos é o que acho. Se alguém não concorda comigo que exerça o seu direito de resposta.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

OS PRESENTES

Ontem fui comprar um presente pra minha filha dar a uma coleguinha que fazia aniversário. Na dúvida do que levar, dentre as várias opções, fiquei inclinado em comprar o mais barato. Na verdade, por uma grande coincidência, aquele que mais gostei, era exatamente o de menor preço.

Aí me peguei com um pensamento estranho e repulsivo. Será que a família da menina não iria reparar o valor de tal mimo? Nunca valorizei um presente pelo seu valor material e sim pelo grande significado do ato de presentear. Significa que alguém, em algum momento, por algum motivo, lembrou de você com carinho. Este sim é o grande valor do presente. Principalmente aqueles que são dados fora das datas comemorativas como aniversário, natal, etc. Pra falar a verdade, os presentes que mais fundo tocaram o meu coração, foram singelas lembranças de muito pouco valor material mas de infinito valor pro meu íntimo. Ora, se a família não gostasse, problema dela. Era de coração que estava comprando. Não o mais barato, mas aquele que mais gostei.

Minha mãe conta um caso interessante, história verdadeira. Não vou citar nomes mas a coisa aconteceu assim. Certa feita, uma mulher mostrava a uma amiga os presentes que seu filho recebeu na festa de aniversário da véspera. De um em especial ela falou com muito desdém. Era uma gravatinha borboleta. - Como é que se dá uma coisa destas a uma criança? Uma porcaria! Acontece no entanto que a dita cuja esqueceu do comentário infeliz e mandou para o filho da mesma amiga, meses depois, quando este fazia aniversário, o mesmo presente que desdenhara no passado. Não que a amiga concordasse com ela mas ficou indignada com a situação. Foi assim que guardou o presente e devolveu ao filho da moça no aniversário seguinte. Bem feito!

“Cada presente de um amigo é um desejo por sua felicidade” Diz Richard Bach no seu livro “Longe é Um Lugar Que Não Existe”. É uma verdade profunda. É preciso valorizar o ato de presentear. Não importa o preço do presente mas a sinceridade de quem o deu. Por isso, ao receber uma lembrancinha, não deixe de agradecer e de ficar muito feliz.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

SALVADOR - SÃO PAULO - O Roteiro da Loucura e da Irresponsabilidade - V

Com Adalberto, o famoso Gatão.

QUERO VOLTAR PRA BAHIA

(Paulo Diniz/Odibar)

I don´t want to stay here
(Eu não quero ficar aqui)
I want to go back to Bahia
(Eu quero voltar pra Bahia)

Eu tenho andado tão só
Quem me olha nem me vê
Silêncio em meu violão
Nem eu mesmo sei porque

De repente ficou frio
Eu não vim aqui para ser feliz
Cadê o meu sol dourado?
Cadê as coisas do meu país?

I don´t want to stay here
I want to go back to Bahia

Via intelsat eu mando
Notícias minhas para o Pasquim
Beijos pra minha amada
Que tem saudades e pensa em mim



A viagem de volta foi um verdadeiro descalabro. Uma irresponsabilidade sem tamanho. Eu e Gatão devíamos ter sido multados em muitos e muitos reais para aprendermos a não mais arriscar a vida dos outros na estrada.

Já começa que eu tive a infeliz idéia de voltar pela BR 116 que cruza o estado de Minas Gerais. Queria que Gatão visse novas paisagens já que ele não conhecia. A estrada é muito pior de trafegar do que a BR 101, com muito mais curvas, estava em pior estado que a outra e o fluxo de caminhões é interminável.

Saímos de São Paulo às 7hs e lá pelas 11hs atravessávamos a fronteira do Rio com Minas. Se não estou enganado almoçamos em Juiz de Fora. Gatão tinha pressa de chegar a Salvador já que na segunda pela manhã tinha uma audiência na justiça do trabalho que não poderia faltar e começou a dar a idéia de não pararmos para dormir. Sugeriu que enquanto um dirigia outro cochilava ao lado. Não concordei. Achei muito arriscado. Poderíamos ser traídos pelo sono além do perigo que é a estrada à noite. Ele não desistia. Usava vários argumentos e não conseguia me convencer. Sem querer botar a culpa só nele, sei que a minha parcela é equivalente, foi muita insistência até que, no finalzinho da tarde, paramos para abastecer.

O posto estava cheio de caminhões. Foi quando Gatão teve a triste ideia: - Adriano! Sei como resolver nosso problema! Como é o nome daquilo que caminhoneiro toma para não dormir? – Arrebite. – Pois Vamos tomar isso daí. O cara desceu do carro e abordou um caminhoneiro que encontrava-se descansando na boléia. Fui atrás para conferir tamanha cara de pau. Ele perguntou como fazíamos para conseguir os tais remédios. O caminhoneiro não contente em nos indicar onde comprar, deu-nos uma cartela que continha quatro comprimidos junto com a receita: - Vocês dissolvem dois comprimidos numa dose de conhaque e bebem. Em seguida tomam um cafezinho. Acho que vai dar pra vocês virarem a noite sem precisar comprar mais.

Seguimos nossa viagem até por volta da 10hs da noite quando paramos para jantar. Tomamos os comprimidos. Pra mim foi um desastre. Quando virei o conhaque com os comprimidos dissolvidos quase boto tudo pra fora. Tive de me controlar para não vomitar. Imediatamente perdi a fome e não consegui comer nada. Gatão ainda jantou um pouco, mas vi que estava empurrando, comendo por obrigação. Não senti absolutamente nada na hora. Assumi novamente a direção e pegamos a estrada.

Meia hora depois comecei a sentir algo diferente. Uma coisa boa, uma euforia repentina. Perguntei a Gatão e ele disse estar sentido a mesma coisa. Deu uma vontade incontrolável de conversar aí abrimos a matraca descontroladamente. Sono nem pensar. Umas duas horas depois, eu já tava com vontade de tomar mais comprimidos. Sentindo nescessidade de reacender o barato. Preferi me calar, achei que Gatão reprovaria. Não demorou muito tempo e ele falou: - Adriano, o que você acha de tomarmos mais um? Concordei na hora. Tivemos que comprar mais já que tomamos de vez o que ganhamos. Foi muito fácil. O comércio de afetamina, principal substância dos chamados arrebites, rola solto nas estradas.

Aí foi um moto contínuo. Paramos várias vezes para tomar novas doses. Sempre dissolvido no conhaque. Não precisa falar que ficamos completamente embriagados. O pior é que não tínhamos consciência disso. Dirigi até Vitória da Conquista onde chegamos às 5hs da manhã. Não sei descrever o que estava sentindo mas estava completamente fora de mim. Ao mesmo tempo que sentia cansaço me sentia completamente desperto. A euforia deu lugar a um imenso vazio e derrepente não conseguia mais articular uma palavra sequer. Quando tentava falar parecia que a língua era maior do que a boca e não conseguia emitir nenhum som. Prostei catatônico no banco do carona enquanto Beto seguiu dirigindo e cantando músicas sem nenhum nexo.

Não sei como conseguimos chegar. Só pode ter sido obra de Deus. A verdade é que às 11hs da manhã do domingo desembarcamos na porta da casa de Gatão. D. Gracinha nos esperava com uma feijoada maravilhosa. Digo maravilhosa por conhecer o seu feijão, daquela porém nada consegui comer. Pelo menos já estava conseguindo falar. O efeito já começava a passar. Não me dando por satisfeito, sugeri tomarmos uma cerveja para comemorar a chegada. Depois de alguns copos, corri ao banheiro e botei o pouco que tinha no estômago pra fora. Gatão começou a falar coisas sem sentido. Fui para casa, precisava dormir. Nem tirei as bagagens do carro, fui direto pra cama sem banho sem nada. Fritei de um lado pra outro o resto do dia, a noite inteira até o amanhecer da segunda. Embora meu corpo estivesse dormindo, meus olhos continuavam abertos.

Foi uma experiência muito ruim, daquelas que nem devíamos provar. Não desejo a ninguém o que eu senti naquele dia. O pior de tudo é a ressaca moral. Pelo menos aprendi a lição e acho que Gatão também. Hoje quando lembramos damos muita risada, mas nada justifica nossa irresponsabilidade. Nada aconteceu mas poderia eu nem estar aqui pra contar essa história.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

A INDGNAÇÃO DO POETA

O poeta ficou enfurecido comigo. Chamou-me de língua de trapo, traidor além das outras suas insinuações cruéis. Tudo porque caí na asneira de dizer que ele estava chato agora que retomou a escrita de um livro nascido em 1988 e que, há muito, jazia na poeira e no limo da sua cabeça. Ainda se gaba de sublimar minhas imperfeições. Coisas de poeta!

Reclamei também por ter deixado os seus leitores, e me sinto no direito já que sou um deles e dois mais assíduos possíveis, à mingua sem textos nem explicações nas páginas do seu blog que ficou longos dias sem uma linha sequer.

Vi o tal livro nascer. Eram épocas difíceis e felizes para todos nós. Sempre acreditei nele e continuo acreditando agora que tomou outro rumo diferente daquele que parecia seguir àquela época. Tive também o prazer de ler parte dos originais tanto do embrião quanto do agora quase maduro objeto literário.

Minhas reclamações surtiram efeito, haja vista o poeta ter retomado com velocidade voraz suas publicações nesta rede.

Contudo tem sido um inferno conviver com o poeta. Não sei onde já li que todo poeta é maluco e chato. Neste caso o nosso personagem enquadra-se bem para ambas as expressões. O tal livro é desculpa pra tudo de errado que faz. Deixando sua progenitora à beira de um ataque de nervos com a desorganização total a sua volta. É sempre a mesma desculpa: - Mãe, eu tô escrevendo. – Mãe tô escrevendo um livro. Por causa disso se acha no direito de virar a casa de pernas pro ar impune. Coisas de poeta!

Inspirado em tal fato, eu que não tenho o dom da poesia mas forço a barra de vez em quando, fiz um pequeno poema para homenageá-lo. Espero desta vez não ser atacado nem chamado de traidor. Tomara que o poeta entenda que tudo que eu queria era voltar a ler os seus versos.



O Marquez dos Pobres
(Adriano Carôso)

Perdoai-o oh Lourdinha!
Tire do rapaz o crivo,
Ele está escrevendo um livro.

Ou Lourdinha, perdoai-o!
Como você está vendo,
O rapaz tá escrevendo.

Perdoai-o oh Lourdinha!
Sei que isso não querias,
Nosso Gabriel Garcia.

Dessarumando a casa,
O banheiro encharcando,
Mas um livro tá brotando.

Dê Lourdinha o seu perdão,
De santa progenitora,
Que só falta a editora.

Este ato oh minha mãe!
Pode até valer pro réu,
Um novo prêmio Nobel.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

CONTRA O VERSO II

Eu brigo por muitas coisas,
Nas quais eu não acredito.
Adoro chamar de feio,
Aquilo que acho bonito.

Eu sou foda, sou cruel!
Devia ser rebaixado,
De promotor a réu.

CUIDADO COM SEU PRÓXIMO PREFEITO




José Eduardo, o Bocão




Hoje assisti indignado, pela primeira e última vez, a trechos do programa “Se Liga Bocão” exibido diariamente na TV Aratu, canal 04, repetidora do SBT em Salvador. Indignado pela total falta de qualidade e pelo sensacionalismo apelativo do seu apresentador, José Eduardo, conhecido como Bocão, que, na minha modesta opinião, daria um ótimo médico, engenheiro, faxineiro ou qualquer coisa, menos apresentador de televisão. Programa do tipo que explora a falta de cultura, a miséria e inocência do povo. Aquelas pessoas que, normalmente, são quem elegem seus representantes, já que são maioria absoluta no nosso país. Havia um aglomerado de pessoas na praia de Boa Viagem, parece que receberiam algum tipo de ajuda, não sei, não tive saco de esperar a matéria. Uma verdadeira multidão que exibia cartazes feitos à mão com pérolas gramaticais do tipo: “ZÉ DUARDO POR FAVOR MIM AJUDE”.

Seguindo a receita criada pelo já falecido Fernando José, radialista esportivo que mais tarde virou apresentador de um programa intitulado “Balanço Geral”, o mesmo que até hoje faz sucesso com Raimundo Varela que naquela época era uma espécie de comentarista e assistente de Fernando, este exibido pela TV Itapoan, canal 05, repetidora da Record. O slogan do programa era “Mato a Cobra e Mostro o Pau”. E o pior é que mostrou mesmo. Mostrou e meteu o pau na cabeça, para não dizer outro lugar, do mesmo povo que ele dizia defender com unhas e dentes e que o colocou na prefeitura de Salvador. Nunca a cidade ficou tão mal tratada, suja, esburacada e coisa e tal. Nunca o povo foi tão desrespeitado. Tanto é que, com dois anos de mandato, Fernando José foi eleito numa pesquisa de opinião o prefeito menos popular do Brasil. A coisa foi tão feia que, dizem as más línguas, o cara já nem saía de casa com medo do furor popular. Passou a chamar seu barbeiro para cortar o cabelo em casa tanto era a sua impopularidade.

Quando seu nome começou a ser cogitado para sucessão na prefeitura, o cara teve o despautério de falar o seguinte: “Meu povo! Eu não serei candidato. Estou aqui para olhar pelo povo e não para me meter na política. Se me candidatar não votem em mim.” Ninguém me contou, eu mesmo vi. Pena que o povo não seguiu o seu conselho e meses mais tarde o elegeu prefeito de Salvador com a maioria maciça dos votos. Isto valeu quatro anos de sofrimento e desrespeito com nossa cidade e com o cidadão soteropolitano.

O pior de tudo é que o povo não aprende. Raimundo Varela, que assumiu o programa no lugar de Fernando, agora se lança candidato para as próximas eleições. Ele acha que pode governar uma cidade deste porte, dando tapas na mesa e mostrando cartão verde para a corja de ladrões que extorquiram os cofres públicos de São Francisco do Conde e hoje são procurados pela polícia. Confesso que morro de medo que ele ganhe, tamanha é a audiência do famigerado programa.


Raimundo Varela


Ele se gaba de não ter medo de ninguém, de enfrentar qualquer um. Acha-se no direito de criticar todo mundo como bem entender. Lembro-me muito bem, na década de oitenta, ainda antes do “Balanço Geral”, quando os dois apresentavam juntos o programa esportivo do meio dia, na mesma TV Itapoan, de uma vez que Varela lançou insinuações maldosas, sugerindo que Zanata, então lateral direito do Bahia, tinha um caso homossexual com Agnaldo Timóteo, conhecido cantor brasileiro que estava em Salvador para apresentações. Ele só não contava que Agnaldo comparecesse ao programa no dia seguinte para exercer seu direito de resposta e perguntar no ar se ali havia homem capaz de chamá-lo de viado. Varela meteu o rabo entre as pernas e mostrando-se um verdadeiro covarde, mudou completamente o discurso. Este é o homem que quer governar nossa cidade.

Precisamos estar atento para não deixar estes aproveitadores tomarem conta das nossas vidas e do nosso dinheiro se locupletando com a nossa burrice. Vamos impedir este absurdo. Já imaginou Salvador governada por Varela, provavelmente por dois mandatos, sendo sucedido por Bocão? SE LIGA POVÃO!!!!!
Fotos extraídas dos sites oficiais dos
programas.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

SALVADOR - SÃO PAULO - O Roteiro da Loucura e da Irresponsabilidade - IV

Chegando no hotel tive que confessar a Gatão não ter conseguido falar com Kantney mas, faria dali mais uma tentativa. Se não desse certo, estávamos em Copacabana. Não faltaria um hotel baratinho para nos acolher. Depois de uns minutos de conversa com Sílvia e Mame, liguei mais uma vez e aí Kantney atendeu. Que alívio! Me explicou direitinho como chegar à sua casa e realmente foi muito fácil. Ele morava em Cosme Velho e não estava muito distante dali. Cheguei lá sem problemas. Acomodados e muito bem por sinal. Na casa havia um anexo muito confortável, com entrada independente, banheiro no quarto, uma cama super macia e cheirosa, televisão, enfim, um cinco estrelas comparado ao hotel de São Matheus. Um único problema, afinal nada é perfeito, é que só tinha uma cama de casal. Teria de dormir com Gatão ao lado. Não era bem o que eu imaginava da minha primeira noite no Rio de Janeiro.

Na casa todos iriam a uma formatura aquela noite e não poderiam nos fazer companhia. Entregaram-nos as chaves nos deixando bem à vontade. Por outro lado, embora tivéssemos vontade de sair para curtir a noite, nossos parcos recursos de viagem não permitiam tal aventura. O jeito foi descer a ladeira a pé e comer uma pizza na esquina da rua. Uma pizza maravilhosa diga-se de passagem. Se não me falha a memória a pizzaria chamava-se Mama Rosa ou algo parecido. Lembro que Gatão ficou indignado porque lá não tinha catchup. Foi aí que o ensinei a sentir o prazer de comer uma boa pizza sem maculá-la com nenhum destes condimentos americanos. Apenas regada com um excelente azeite de oliva. Ele babou.

Na manhã seguinte, quando todos ainda dormiam, às 6hs da manhã, saímos em rumo a São Paulo, não sem antes deixar um bilhete agradecendo a hospitalidade. Voltamos à Copacabana, passeamos um pouco na orla, sentimos a temperatura das águas cariocas, ficamos pasmos com a beleza das mulheres, verdadeiros monumentos, que passeavam aquela hora da manhã. Que colírio! Eu estava em Copacabana mas, imediatamente, lembrei de uns versos de Chico Buarque que falam assim “Ver Ipanema, foi que nem beber Jurema, que cenário de cinema, que poema à beira-mar”. Uma grande verdade.

Demoramos um pouco no nosso passeio carioca. Quando pegamos a Dutra e paramos para abastecer, pois não pretendíamos mais parar, já eram 10:30hs. A viagem até São Paulo foi tranquila. Exceto por um engarrafamento de duas horas motivado por um acidente na estrada, tudo era novidade e, por isso mesmo, muito agradável. Às 17hs entrávamos em Sampa, “...Túmulo do samba, mais possível novo quilombo de Zumbi...”, com suas avenidas largas, seus prédios gigantescos, seu trânsito infernal. Justiça seja feita, aquela hora estava até muito tranquilo, também era final da tarde de um sábado. Não tivemos dificuldades de chegar a Zona Leste onde iríamos nos hospedar. Mais precisamente na Vila Carrão. Eu já conhecia um pouco pois como já disse, namorava com uma paulista na época e andei indo por lá algumas vezes. Também fui muito bem orientado por um tio dela de como, chegando a cidade, pegar o acesso pra lá através da Av. Aricanduva. Quando dei por mim estava parando na porta da casa dela. Aí tem até uma história engraçada. Vejam o que é a inocência de uma criança. Meu aniversário tinha passado a poucos dias atrás. Quando toquei a campanhia ela veio atender junto com um sobrinho que na época devia ter uns cinco anos. A primeira coisa que ele falou foi a seguinte: - Não vai dar ao Adriano o relógio que comprou de presente de aniversário? Ela ficou vermelha de raiva por ele ter estragado a surpresa.

Passamos exatamente uma semana por lá que ficou marcada pelo frio e pela frieza com que minha namorada estava me tratando. Fizemos aquilo que fomos fazer. Muitas compras para revender na Bahia. Passeamos também um bocado. Comemos maravilhosamente bem. Na casa da minha sogra o tempero era irretocável. Casa portuguesa com certeza. No sábado seguinte, justamente depois de levar um pé na bunda na noite anterior, desolado, assumi a direção para iniciar a viagem de volta. Estava começando a parte da aventura que seria o maior de todos os absurdos que já cometi na vida: a volta para Salvador.