segunda-feira, 21 de maio de 2007

A LOJINHA DE PRESENTES



Quando ele entrou na lojinha de presentes pela primeira vez, sua vida mudou. Algo novo aconteceu no seu íntimo. Seu coração bateu num ritmo diferente e um sentimento iconoclasta invadiu o seu ser. Atrás do balcão, aquela mulher. Bonita? Ele não sabia dizer, magnética com certeza. De tanto que a observou, quase esquece de escolher a lembrança que entrara ali para comprar.

Queria saber mais sobre ela. Seria casada? Teria namorado? Do que gostava? Não tinha coragem de perguntar e, sem outra alternativa, passou a freqüentar a lojinha constantemente, sempre arranjando um pretexto para entrar lá. Com o tempo foi fazendo amizade com a moça e descobrindo sua beleza, seu encanto, sua candura. Sem perceber, ficou completamente apaixonado.

Um dia, ao entrar na lojinha, viu-a brincando com um menino que a chamou de mãe. Ele desmoronou. Catatônito, não teve ação. Saiu pensando que a moça era casada. Se tinha filho, era óbvio, tinha de ter um pai. Não sabia ele que a moça nunca chegou a casar. Ainda grávida, terminou o relacionamento de anos e criou o filho sozinha. Menina de coragem aquela, de personalidade e, justamente por isso, ele não a dobraria.

O tempo passou e os dois tornaram-se amigos. Amizade que pra ele era apenas uma ponte para conquistá-la. Àquela altura, já tinha certeza que queria aquela mulher, faltava apenas comunicá-la. Aí estava o maior problema. Tímido, ele não conseguia se abrir, mas, aos poucos, ía dando claros sinais que tinha outras intenções que extrapolavam o campo da pura e simples amizade. A moça muito contida, fazia ouvidos de mercador. As vezes dava a impressão de estar gostando de ser cortejada daquela maneira. Ele ficava confuso, será que tinha alguma chance? Descobriu que pra saber finalmente, teria que ser mais direto. Se encheu de coragem e um dia falou: - Não percebe que além de amizade alimento outras esperanças com você? Aceitaria jantar comigo? A moça nem disse que sim, nem disse que não. Recusou o jantar mas não descartou totalmente a possibilidade. Disse que no momento não estava aberta pra uma nova relação mas quem sabia do futuro? Mais uma vez o confundiu deveras.

Pouco tempo depois, ela apresentou-lhe uma menina como filha de seu novo namorado. Foi a gota d'água. Ele tentou não demonstrar mas a decepção em seu rosto era patente. Decidiu nunca mais cortejá-la e passou a tratá-la como simples amiga. Ficou inclusive, um bom tempo sem pisar na lojinha. No fundo porém, o sentimento que nascera desde a primeira vez que entrara ali, alguns anos atrás, até hoje acompanha o seu coração. Este bate mais forte toda vez que o rapaz entra na lojinha de presentes.

Um comentário:

Unknown disse...

E ai Velho Dil? Aposto todo o meu pobre dinheirinho que conheco este rapaz e sei onde fica esta lojinha de presentes.