quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

QUANDO O DESTINO QUER...

Continuação da estória publicada em 20 de setembro de 2007


Quando Evandro acordou, a visão que teve foi assustadora. Seu corpo desacordado no chão de uma biblioteca intacta. Seus livros valiosos jaziam na estante, criteriosamente arrumados como sempre. Estaria tendo uma alucinação. Há poucos instantes as prateleiras estavam vazias. Como isto poderia acontecer? Lembrou da sala e correu para verificar. Ficou surpreso ao perceber que não andava e sim flutuava lentamente. Um forte terror invadiu sua mente e ele teve por um momento nova ânsia de desmaio. Na sala, tudo no seu devido lugar. O fio do telefone conectado, o aparelho na devida posição. O que estaria acontecendo? Voltou à biblioteca e ficou longos minutos contemplando o seu corpo no chão sem entender o que estava acontecendo.

Foi aí que lembrou do acidente. Mais uma vez o remorso o corroeu. Rapidamente saiu flutuando até local e mais surpreso ainda ficou ao ver o mendigo são e salvo, sentado na calçada comendo um pão velho provavelmente dado por algum transeunte. De repente o inesperado. O mendigo levanta-se, visivelmente bêbado e atravessa a rua rapidamente. Um carro, em alta velocidade o atropela jogando-lhe a alguns metros de distância. O mendigo agonizava e sangrava muito. O carro parou e seu motorista desceu. Como podia? Era ele. Assustado olhou em volta como se procurasse testemunhas àquela hora da madrugada. Após alguns segundos de dúvida, pegou o mendigo colocou no banco de trás e o levou a unidade de emergência mais próxima.

Lá chegando imaginou como a vida era injusta, como o mundo era cruel. Como podia alguém ser tratado num local como aquele? O que estava sendo feito com os milhões que o governo arrecadava com a previdência? Bem, ele não ia consertar o mundo. Estava mesmo preocupado em saber o estado do pedinte. Foi aí que veio o médico e deu a notícia. O mendigo não resistira aos ferimentos e acabara de vir a óbito. Evandro empalideceu. Uma dor aguda começou a tomar-lhe o braço esquerdo projetando-se levemente para o peito. De repente a dor ficou insuportável, como se alguém batesse em seu peito com muita força. Perdeu os sentidos e desmaiou. Imediatamente o médico acionou os enfermeiros e o removeram para uma unidade de tratamento intensivo. Muitos aparelhos foram ligados. Deram vários choques em seu peito, uma agitação insana tomou conta da sala. o aparelho que monitorava seus batimentos mudou o gráfico na tela e o ritmo dos sinais. Não entendia nada, mas devia ser uma coisa boa a tirar pela mudança positiva dos semblantes da equipe. O médico então retirou a máscara e falou sorrindo: - Ainda não foi desta vez meu amigo! Só então Evandro entendeu que estava morto.

2 comentários:

Djean Felipe Lima disse...

Oi Adriano! Rapaz esse blogspot é bom mesmo. como vc me achou? Acabei de inaugurar esse blog. Tenho um de poesias que ninguem nunca visita nem comenta hahah! Espero q esse seja mais visitado e comentado! Li o seu texto, tambem gostei!Temos escritas diferentes, vc vai mais direto ao ponto. Vou te linkar la. Taí o blog de poesia: http://www.djeanfelipe.theblog.com.br

Abraços!

Paulo Bono disse...

Caroso, gostei da história do busu.
Sempre quis escrever uma dessas, sobre assentos reservados e gostosas roçando no ombro da gente.

um grande abraço, cara