VIAGEM NO TEMPO

Eu nunca gostei muito de fotos, ou melhor, fotos eu amo, o que não gosto é de sair nelas. Não sou nada fotogênico, sempre acho que não fico legal. Eu conheço um grande pintor santamarense, por sinal há muito não o vejo, Zé Raimundo, não lembro o nome artístico que ele usa, que dizia não pintar faces jamais. Ele falava: -Se na foto, que exprime o que a pessoa realmente é, elas reclamam, imaginem na pintura! Zé que me perdoe, mas não concordo com ele. Nem sempre a foto é fiel ao que somos. Já vi muita gente feia em foto que na verdade é bonita pessoalmente e o contrário também. Não falo dos tempos de agora que o Photoshop faz milagres, falo de uma época em que a foto era o que saía do clic e pronto. Não havia manipulação. Mas, como ía dizendo, tem gente que nasceu com o dom de ser fotografado, sai bem de qualquer jeito, não é o meu caso. Por isso, sempre que posso, fujo da mira das lentes.

Acontece que Lorena, do Strange Little Girl, me propôs este desafio de viajar no tempo e resolvi aceitar. Confesso que, encorajado por uma situação inusitada. Certa feita, coisa bem recente, dois anos atrás mais ou menos, uma amiga de longas datas, a Lika lá de Porto Alegre, me apresentou a uma grande amiga sua, Helena. Depois, quando eu já havia voltado para Salvador, ela mostrou a Helena umas fotos do início da nossa amizade. Esta logo falou: -O tempo fez muito bem a Adriano! Eu concordo com ela. Quando vejo minhas fotos antigas, me acho muito pior do que sou hoje. Não que agora eu seja algo que preste, mas antigamente eu era muito pior. Como na foto acima em que eu tinha a mesma idade da minha filha, 08 anos. Foi tirada em 1977. Da esquerda para direita, Luciano(irmão), Valéria(prima), eu(de boné) e Polyana(irmã de Valéria). Hoje, todos pais de família, mas, na época, eu e Luciano, parecíamos duas "libélulas prontas para bater as asinhas".

O tempo passou e eu fui crescendo feito uma vara de bambu: alto, torto e fino. Cheguei a ter os meus 1,82m de hoje pesando 54kg. Eu tinha um tio, que Deus o tenha, Antonio Carlos, que dizia o seguinte: -Adriano, não precisa de raio X, é só botar contra o sol que dá pra ver tudo. Daí nasceram um monte de apelidos: esqueleto, magro, meio quilo, Aline a Muriçoca de Biquini e um monte de outros que não lembro mais, graças a Deus. Cheguei aos meus dezoito anos como nessa foto horrorosa acima na qual estou com Lika(ela está linda, já eu...). Veja se Helena não tinha razão.

Mas, o tempo não perdoa. Vem a idade e com ela os quilinhos a mais, o que no meu caso era até muito bom, não tivessem eles vindo apenas na barriga e no rosto. As pernas continuam parecendo de sabiá, grossas...! Em todo o caso, estou mais satisfeito comigo hoje do que ontem. Não virei um modelo, mas melhorei um tantinho. Esta foto, tirada em São Paulo agora no último 02 de maio, dia em que completei exatamente 39 anos, junto com Patrícia, que por sinal também estava de aniversário nesse dia, e a esposa do meu sobrinho Léo, Laura, no mercado municipal, está aí para provar isto. Tô certo ou tô certo?