Acabado o sexo ela vestiu sua roupa e se perguntou o que estaria fazendo ali. Não era por amor, nem por dinheiro. Sentira pena daquele rapaz. Quando ele a abordou, ela deu o preço: R$ 100,00. Ele oferece R$ 20,00. É só o que tenho. Não quero sexo, quero uma companhia, alguém pra conversar. Estou trabalhando, por R$ 20,00 nem um boquete dá pra fazer. Mas eu preciso, me ouve um minuto, eu te imploro. As lágrimas molharam seu bonito rosto. Não sabe porque, mas sentiu uma imensa vontade de fazer algo por ele e entrou no carro. É por pouco tempo. Quase não ganhei nada esta noite. O rapaz ligou a máquina e andou em silêncio por alguns minutos nas avenidas da cidade grande. Talvez dez, vinte minutos, ela não olhou o relógio.
Passaram-se horas. Agora o rapaz não mais parecia sofrido nem triste. Tinha paz no seu semblante. Ela sentia-se bem, sentia-se leve. Gostava daquele papo, esqueceu da calçada e do dinheiro que estava perdendo ou deixando de ganhar. Fazia muito que não era tratada como um ser humano comum, uma pessoa que tem defeitos e qualidades, uma mulher. Ele a convidou para um lanche. Como pode pagar se só tem os R$ 20,00 que vai me dar? Pensou, mas ficou para si. Aceitou o convite. Foram a uma lanchonete 24hs. Ele ofereceu o cardápio e disse que ela escolhesse à vontade. Intrigada, ela se preocupou em pedir algo bem barato, que os R$20,00 dessem pra cobrir. Um hambúrguer por favor. Dois. Ele complementou. Você tem filhos? Tenho um garoto de quatro anos, por isso estou nessa....Sua mão tocou suavemente o seu braço e disse: não precisa falar nada. Não quero saber o porque você faz o que faz. Se faz com dignidade é o que importa. Você me parece digna. Procuro ser. Como ele se chama? Marcelo. Bonito nome.
A conversa se estendeu por longos minutos e já quase amanhecia quando ela, por única e espontânea vontade, o beijou. Sem trocar mais palavras, os olhares falaram por elas, foram para um motel e se amaram como um casal de apaixonados que transa pela primeira vez. Ele acende um cigarro. Ela abre uma Ice. Ela pergunta. Você é casado? Sou. Não se atreveu perguntar porque o rapaz encontrava-se ali. Apenas sussurrou baixinho, bem.... Mais uma vez ele a beijou. Fizeram amor novamente e o relógio era a última coisa que importava. Acabado o sexo ela vestiu sua roupa e se perguntou o que estaria fazendo ali. Não era por amor, nem por dinheiro. Sentira pena daquele rapaz. Agora sentia admiração e respeito. Levantou, vestiu a roupa. Preciso ir. É a minha hora. Ele se vestiu, pagou a conta e perguntou: posso levá-la em casa? Sim. Na saída ele disse: obrigado pela noite, você foi maravilhosa. Sacou a carteira e pegou uma nota de R$ 100,00. Guarde o seu dinheiro. Não quebre esse encanto. Preciso desta noite na memória por toda a minha vida. E o silêncio reinou até a casa da garota.
4 comentários:
Vc dará continuidade a esta narrativa? Fiquei imaginando o depois... teria acontecido uma mudança na vida de ambos ou apenas a doce lembrança de uma noite especialmente inesperada e incomparável?
Conta mais um pouco.
Concordo que uma continuação seria bem interessante.
Mas de qualquer forma, o que foi escrito até aqui já merece os Parabéns.
Você sabe, eu adoro suas palavras.
Beijos e mais uma vez, obrigada pelos comentários.
beijo
Vou pensar nesta possibilidade, mas acho que o texto está completo. Se a inspiração bater quem sabe rola uma continuação. Obrigado pelo carinho!
Muito bom!
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