domingo, 9 de setembro de 2007

VAQUEJADA DE SERRINHA II

Público da Vaquejada 2006 no show de Zezé di Camargo e Luciano



É maravilhoso viajar pelo interior. Aqui em Teofilândia então onde conheço um monte de gente legal, terra do meu cunhado Moisés, onde mora minha irmã Sílvia, é uma delícia. A 20km de Serrinha, cidade onde já morei e hoje mora o meu pai, que está realizando a Vaquejada, festa concorridísima realizada anualmente, sempre em Setembro no final de semana mais próximo do feriado da independência. Este ano que o feriado prolongou o final de semana ficou ainda mais lotada. A festa muda a rotina da pequena cidade, hoje com uns 75mil habitantes. Não existem vagas nos hotéis, muitas pessoas alugam suas casas para os visitantes. Os bares ficam super cheios e o consumo de bebidas alcoólicas é extravagante. Este é um ponto negativo, algumas pessoas abusam demais. A cidade que tradicionalmente já tem mulheres de rara beleza, torna-se o metro quadrado com maior número de beldades da Bahia.

Na sexta à noite eu, Sílvia e Moisés fomos ao Parque Maria do Carmo para ver a festa. Teve show da Banda Calypso dentre outras. Fiquei assustado com a estrutura do lugar. Fazia muito tempo que não ia à Vaquejada. A última vez que fui lá, ainda era realizada num outro parque, defronte do atual, bem menor e sem a mega estrutura deste. Devia ter pelo menos umas 20mil pessoas e mesmo assim não tava apertado. Fiquei mentalizando e contabilizando os números do evento. Os ingressos custam R$ 20,00 na sexta, R$ 25,00 no sábado e R$ 45,00 no domingo. Considerando que das 20mil pessoas apenas 15mil pagaram imgressos, já que alguns privilegiados têm acesso gratuito, como eu que fiquei no camorote de um grande banco onde trabalha a minha irmã e um dos patrocinadores do evento, só a bilheteria rende R$ 1.350.000,00. Fora os camarotes que custam em média R$ 190,00 para todos os dias de festa. Acredito que pelo menos um terço dessas pessoas vão de carro e o estacionamento custa R$ 5,00. Aí seriam mais R$ 75.000,00. Ainda tem a taxa de inscrição dos vaqueiros que concorrem aos diversos prêmios, que varia de R$ 100,00 para amadores a R$ 500,00 para profissionais. Não sei precisar quantos inscritos mas com certeza são muitos. São cinco dias de corridas que acontecem até a madrugada. Embora eu ache a vaquejada um esporte malvado com os animais, no caso os bois, não posso deixar de reconhecer que é muito interessante. Numa pista de areia com 110m de comprimento, um boi corre com a dupla de vaqueiros cuja finalidade é, um guiar o animal para que o outro o segure pelo rabo e o derrube. O boi tem que cair no espaço de 10m demarcado por duas linhas ao final da pista. Quando isso acontece o narrador anuncia o pregão que se tornou famoso no meio: Valeu Boi! Vamos considerar também a quota de cada patrocinador. Este ano foram nove grandes empresas. Uma grande cervejaria, um grande banco, uma concessionária de celular, uma fábrica de caminhonetes americana, uma fábrica de tintas, uma fábrica de cachaça e outros. Não quero ser leviano e falar do que não sei, mas com certeza cada um dos patrocinadores não deixou menos de meio milhão para ligar sua marca ao evento. Ainda tem a taxa que os comerciantes pagam para vender qualquer tipo de produto por lá. Desde um velho espetinho de gato até restaurantes de grande porte, passando pelos bares, loja de souvenirs e outras coisas. Na cidade falam, não pude atestar a veracidade da afirmação, que a cervejaria dá ao evento, todas as latas que são vendidas durante a festa. Tenha certeza que são milhões. A latinha inclusive é personalizada especialmente para o evento. Aí, os donos de bares que exploram a festa, são obrigados a comprar a cerveja da organização. Dizem até que eles contratam catadores para recolherem as latas vazias e depois vendem por R$ 2,70 o quilo. Uma verdadeira mina de ouro esta festa. Mesmo com toda despesa de produção, segurança e estrutura, com o gasto nas premiações, que este ano foi em torno de R$ 100.000,00, é lucro certo. Lucram todos na verdade. Os organizadores, a cidade, a população, o visitante. De algum modo, dos lucros ao emprego, dos impostos à diversão, todos saem ganhando com a festa. Por isso, seus organizadores estão de parabéns. São dois irmãos muito conhecidos na região, Vardinho e Carlinhos, de quem fui vizinho dois anos quando morei em Serrinha, o segundo inclusive, era muito meu amigo, brincávamos de futebol de botão, gude e outras brincadeiras que hoje em dia estão acabando por causa dos computadores e jogos eletrônicos. A vida tratou de nos separar, cada um seguiu seu próprio rumo, mas foi bom reencontrá-lo na vaquejada.
Carlinhos(esquerda) e Vardinho, os organizadores, com Ivete Sangalo na edição 2006.

Quando voltamos pra casa eram mais de 4hs da manhã o que não me impediu de acordar cedo e ir para o mercado comprar as carnes que serão assadas logo mais no churrasco que faremos para despedida do feriado. Comer um beiju na manteiga, um espetinho de gato e tomar uma gelada com o amigo Souto, ou Duca, como preferirem. Depois uma excursão pelo bairro da Olaria, reduto da família de Moisés, cumprimentando o pessoal e bebericando mais umas geladas por lá. Aí fomos para o Jorro, levar a criançada num passeio. Caldas do Jorro é uma estância de águas térmicas, a 60km daqui de Teofilândia. Algumas décadas atrás, através de perfurações em busca de petróleo, jorrou uma água quente, com 48º, e hoje o lugar é muito visitado inclusive pelas propriedades medicinais das suas águas. Além do banho quente, lá é muito tradicional se comer bode. Frito ou assado, sempre acompanhado de uma deliciosa farofa d´água, um néctar dos deuses. Tem também o fígado de bode assado envolvido no redém, uma capa de gordura. Calorias à parte, vale a pena experimentar. A criançada, minha Júlia, Vitor, filho de meus compadres Gil e Mônica que trouxe comigo para o fim de semana, Moara, Mércia e Matheus, filhos de Moisés, amaram o passeio e se esbaldaram nas bicas térmicas. No Jorrinho, vilarejo perto do Jorro onde a água não é tão quente assim e eu, particularmente, acho um banho mais gostoso, curei um pouco a cerveja com horas e horas de banho. Assim, completamente renovado, estou aqui escrevendo este texto pra vocês e pronto pra tocar fogo na churrasqueira. Hoje é dia de Flafluzinho Pra Banguela!!!

Um comentário:

Unknown disse...

Esse é o meu cunhado!!!.
Você está de parabéns. Escrevendo muito bem!!! Fiquei bastante emocionado, principalmente por ser citado de forma tão carinhosa. Minha cidade, a rua onde nasci, meus tesouros: (FILHOS e sua IRMÃ que amo tanto). Ler este depoimento sobre o final de semana foi reviver/visualizar todos os momentos gostosos do feriadão que passamos juntos. Já estou com saudades!!! Que venha o próximo feriadão