José Ribeiro de Almeida. Este é o nome do meu avô paterno, o Zé Ribeiro, que conheci muito mais pelas histórias que ouvi sobre ele e pelas suas poesias, do que pelo convívio, já que este quase não existiu. Não só com ele mas com quase toda a família de meu pai, extremamente numerosa, convivi muito pouco. A maioria moradora de Cravolândia, onde nasceram, uma pequena cidade do interior da Bahia. Passei minha infância mudando de cidade em função do trabalho do velho Carôso. Para ser mais exato, nasci em Salvador mas na época meus pais moravam em Feira de Santana para onde fui com dias de existência. Depois mudamos para Belmonte no sul da Bahia, já perto de Porto Seguro. De lá lembro muito pouco. Uma das poucas lembranças é que ainda não havia luz elétrica na cidade. Existia um gerador que era ligado às 19hs e desligado às 22hs. Depois fomos para Mundo Novo, já mais próximo da Chapada Diamantina, onde fui apelidado de Sujismundo. Este era um personagem de uma campanha em favor da higiene se não estou enganado. Um menino imundo como sugere o nome. O apelido veio por causa de uma brincadeira que eu e amigos da mesma faixa de idade fomos flagrados fazendo. Naquela época, o lixo das casas era colocado em tonéis de metal que ficavam nos passeios das ruas, desses bem grandes. A noite passava o caminhão recolhia o conteúdo e deixava o tonel vazio. Não me lembro quem teve a idéia, mas deitamos um deles, eu entrei dentro e os outros meninos empurraram. Além da surra e do castigo, valeu o apelido. De lá fomos para Juazeiro. Aquela mesma, cantada em versos tão lindos na música de Jorge de Altinho, “Juazeiro e Petrolina”, divisa com Pernambuco. Depois, Serrinha no sertão baiano. E, antes de vir definitivamente para Salvador, Santo Amaro da Purificação, no recôncavo. A famosa terra de Caetano Veloso e Maria Bethânia, dentre outros ilustres. Um verdadeiro celeiro de talentos.
Com tantas mudanças e sempre longe de lá, fui muito poucas vezes à Cravolândia na minha infância. Com isso, convivi muito pouco com os mais de dez tios que tinha e tenho por lá, além dos mais de cinquenta primos. Alguns ainda, até hoje não conheço.
Lembro que meu avô era uma figura conturbada, que gostava de impor sua vontade, sistemático e severo. Mudava de humor inexplicavelmente. Na mesma hora que tava um doce, fechava a cara e botava pra fora quem tivesse na frente. Era também cheio de manias. Trocava o dia pela noite e só mesmo minha avó Letícia, com aquele temperamento resignado, para aguentar a situação que ele impunha. No entanto, aquela mente controvertida, era capaz de criar verdadeiras pérolas no quesito poesia. Morreu deixando um trabalho maravilhoso, inédito e de grande volume, que hoje se perde no tempo, provavelmente sendo comido pelas traças. Existe uma pessoa porém, que talvez seja o único capaz de resgatar boa parte da sua obra. É meu tio Aristóteles, ou melhor, Tote. Apaixonado pelo trabalho do pai, Tote sabe de cor várias poemas e epigramas dele, e deve, acredito, estar zelando pelo que sobrou de sua obra. Uma vez ele me deu uma fita cassete, onde recitava várias poesias de meu avô, algumas até já publiquei por aqui, com sua voz grave e dramática. Esta se foi junto com um carro que me foi tomado de assalto. Este Tote é uma figura. Metido a filósofo, gosto quando ele, no meio de alguma discussão ou debate, me sai com o seu velho e manjado jargão: - É por isso que Tote não presta! Estou combinando com meu irmão Edmundo, uma viagem à Cravolândia para, com o auxílio de Tote, tentarmos ajudar neste resgate.
Das poucas lembranças que tenho do velho Zé Ribeiro, a que mais me marcou foi a de uma madrugada onde ele, com sua barba grisalha e fumando seu indefectível cachimbo, ficou conversando e recitando suas poesias para mim e Luciano, outro irmão meu, até o dia amanhecer. Éramos duas crianças pela faixa dos onze e treze anos respectivamente. Naquele dia, ele estava com um ótimo astral.
Com tantas mudanças e sempre longe de lá, fui muito poucas vezes à Cravolândia na minha infância. Com isso, convivi muito pouco com os mais de dez tios que tinha e tenho por lá, além dos mais de cinquenta primos. Alguns ainda, até hoje não conheço.
Lembro que meu avô era uma figura conturbada, que gostava de impor sua vontade, sistemático e severo. Mudava de humor inexplicavelmente. Na mesma hora que tava um doce, fechava a cara e botava pra fora quem tivesse na frente. Era também cheio de manias. Trocava o dia pela noite e só mesmo minha avó Letícia, com aquele temperamento resignado, para aguentar a situação que ele impunha. No entanto, aquela mente controvertida, era capaz de criar verdadeiras pérolas no quesito poesia. Morreu deixando um trabalho maravilhoso, inédito e de grande volume, que hoje se perde no tempo, provavelmente sendo comido pelas traças. Existe uma pessoa porém, que talvez seja o único capaz de resgatar boa parte da sua obra. É meu tio Aristóteles, ou melhor, Tote. Apaixonado pelo trabalho do pai, Tote sabe de cor várias poemas e epigramas dele, e deve, acredito, estar zelando pelo que sobrou de sua obra. Uma vez ele me deu uma fita cassete, onde recitava várias poesias de meu avô, algumas até já publiquei por aqui, com sua voz grave e dramática. Esta se foi junto com um carro que me foi tomado de assalto. Este Tote é uma figura. Metido a filósofo, gosto quando ele, no meio de alguma discussão ou debate, me sai com o seu velho e manjado jargão: - É por isso que Tote não presta! Estou combinando com meu irmão Edmundo, uma viagem à Cravolândia para, com o auxílio de Tote, tentarmos ajudar neste resgate.
Das poucas lembranças que tenho do velho Zé Ribeiro, a que mais me marcou foi a de uma madrugada onde ele, com sua barba grisalha e fumando seu indefectível cachimbo, ficou conversando e recitando suas poesias para mim e Luciano, outro irmão meu, até o dia amanhecer. Éramos duas crianças pela faixa dos onze e treze anos respectivamente. Naquele dia, ele estava com um ótimo astral.
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