terça-feira, 20 de novembro de 2007

A PRIMEIRA VEZ

Eu tinha uns 14 anos de idade quando aconteceu. Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece, mas comigo foi diferente. Até ontem, enquanto eu lia os textos quase eróticos de Paulo Bono, o dia que perdi a minha virgindade estava apagado na minha memória. A segunda vez não, esta ficou gravada nos meus mais íntimos escaninhos, a primeira, no entanto, só veio à tona ontem, 24 anos depois.

Foi com a Magali, vamos chamá-la assim. Ela era irmã de uma quase vizinha em Santo Amaro da Purificação e, como era desempregada e despreparada, fazia as vezes de secretária doméstica na casa da irmã. Seus sobrinhos eram meus amigos de bola de gude, de jogos de botão, tênis de mesa, babas no campo do Círculo Operário, das viagens proibidas para o banho poluído e fedorento na Pitinga, aos fundos da fábrica de papel que jogava todos os seus detritos naquelas águas e tantas outras travessuras infantis. Bons tempos aqueles. Não tínhamos vídeo game, mas tínhamos bicicleta. Não tínhamos computadores, mas tínhamos os amigos e a Pitinga. Lá por sinal, sempre havia o concurso da maior pica, dos pentelhos mais crescidos e as histórias das experiências sexuais de cada um. Um querendo contar mais vantagens que o outro. Eu, donzelo que era, sempre procurava ficar à parte destas conversas. Quando não havia jeito, inventava mentiras que não convenciam a ninguém, principalmente a mim mesmo. Bons tempos aqueles! “Eu era feliz e não sabia”. Donzelo mas feliz.

Magali, embora fosse uma baranga de primeira, exercia sobre mim um poder de sedução fascinante. Deixava-me excitado toda vez que a encontrava. Eu, com meus hormônios aflorando mais intensamente a cada dia, ficava alterado sempre que estava perto dela. O pior é que a moça, não tão moça assim, já que devia beirar os quarenta anos, parecia ter um fetiche pedófilo e provocava mais ainda o menino a cada dia, que não agüentava mais masturbar-se no banheiro da casa da irmã dela ou da sua própria. Era foda!

Ela foi me envolvendo num jogo de sedução digno das histórias de Nelson Rodrigues. Uma vez, eu estava no quarto conversando com um de seus sobrinhos quando ela entrou e disse a ele que sua mãe o chamava. Meu amigo prontamente atendeu. Ela prontamente sentou ao meu lado e começou a acariciar meu pênis por cima do short. Quando o minúsculo aumentou de tamanho, tornou-se pequeno então, ela num gesto rápido, puxou para fora pela lateral da cueca e começou a masturbá-lo de uma forma sensacional. Eu quase fui à loucura. Foi aí que sua irmã entrou no quarto e ela num gesto muito mais rápido que o primeiro, tirou a mão dali e disfarçou como se nada tivesse acontecido. Eu queria um buraco para enfiar a cara, mas acho, ou melhor, tenho certeza, que D. Filomena, a irmã de Magali, nada percebeu. Era uma senhora ingênua e desligada.

Tantas outras situações como esta se repetiram depois. Eu comecei a freqüentar aquela casa quase todo dia, na esperança que Magali me brindasse com gestos obscenos, como da vez em que levantou a saia na minha frente, enfiou o dedo na vagina e depois lambeu. Quase um orgasmo infantil. Outra vez ela botou minhas mãos por cima dos seus seios grandes e moles. Aí não foi tão bom assim. A ereção, porém, foi inevitável.

Um dia, meus pais haviam viajado para visitar minha irmã no final de semana em outra cidade e me deixaram sozinhos em casa. Embora eu fosse um garoto de apenas 14 anos, isto não era incomum. Eles confiavam em mim. Aí eu pensei: - esta é minha oportunidade. É hoje! Saí de casa correndo e ofegante até vencer os dois pequenos quarteirões que separavam Magali da minha primeira trepada. Embora Magali me instigasse de todas as formas, nunca dantes havia tomado a iniciativa de nada. Me borrava de medo. Enquanto corria pensava, hoje tenho que tomar coragem e chamá-la pra minha casa. Preciso completar o serviço e me tornar um homem de uma vez. Ao chegar, respirei fundo e entrei procurando manter a calma. -D. Filomena! Cadê os meninos? –Foram jogar bola meu filho! Porra, só faltava esta! Tinha de encontrar um pretexto pra ir lá dentro ver Magali e dar um jeito de falar com ela. –Vou entrando pra beber uma água! D. Filó, sentada na máquina de costura apenas mandou que pedisse a Magali na cozinha. Era tudo que eu esperava. Magali estava na pia lavando pratos e eu, tomado por uma coragem que não sabia possuir, rocei nela por trás já completamente alterado e fiz o convite: -Meus pais viajaram, estou sozinho em casa. Quando acabar o serviço vai lá pra gente namorar um pouquinho. Ela se virou, botou meu pau pra fora e caiu de boca como quem devora um picolé sem morder, apenas chupando. Fez isto por alguns segundos, parou, me recompôs, levantou e falou: -Você acha que tenho idade pra trepar com menino? Se enxerga! Filha da puta de uma figa!

Voltei pra casa desolado, querendo matar aquela cachorra. Não tinha outro jeito porém. Coloquei um vinil na vitrola com o som nas alturas. “A Página do Relâmpago Elétrico” de Beto Guedes. Fui pro banheiro e bati a que até então, tinha sido a melhor punheta da minha vida, e olha que tinham sido muitas. De sacanagem, não pensei em Magali. Fantasiei Gretchen, que àquela época era a rainha do bumbum, e que bumbum!, e a musa erótica de toda a minha geração, fazendo comigo as sacanagens que Magali fazia. Gozei alucinadamente e depois de tomar um bom banho relaxei no sofá da sala ao som de Lumiar. “Anda, vem jantar, vem comer, farrear até chegar lumiar....” Viajando intensamente na música adormeci. Não sei por quanto tempo fiquei em sono profundo, mas deve ter sido um bocado. Acordei com a campanhia tocando insistentemente. Era Magali. Visivelmente bêbada, mas não a ponto de não poder me fazer homem naquela tarde de sábado. Pra falar a verdade, foi uma merda. Não sei se porque estava puto, se porque ela era um baranga, só sei que preferi mil vezes a Gretchen. E, por causa disso, até ontem apaguei da memória a minha primeira vez! Boa mesmo foi a segunda com Madalena, mas esta é uma outra história....

2 comentários:

Paulo Bono disse...

Magali era puta. Mas viva as Magalis!

abraço

Adriano Carôso disse...

Que seria de nós sem elas? Viva as Magalis!