Domingo passado, eu entrei numa aventura sem igual. Não iria contar aqui, mas como meu irmão, se aproveitando da infinita vantagem que o fato lhe dá, está escancarando em seu blog, mentiras escabrosas, resolvi contar a verdade dos fatos para que vocês, queridos leitores, leiam as duas versões e tirem as próprias conclusões. Eu sou um grande admirador de contistas. Daquelas pessoas que têm o talento de pegar uma história real e transformar num conto de carochinhas. De prender o leitor como se aquilo fosse o maior romance do mundo. Edmundo é mestre nisto, mas nada lhe dá o direito de falar tamanhas inverdades ao meu respeito. Até porque, sou torcedor do Bahia desde que tinha sete anos de idade, e ele, bem mais velho que eu, achava que futebol era coisa de maluco. Cansei de o ver falar que ouvir um jogo no rádio, além de lhe dar uma profunda depressão, era coisa de quem tinha de se internar. Pois é, eu não me internei e muita crítica sofri por causa disto. Até que o tal, depois de entrar na fase dos enta, foi trabalhar no Vitória(leia vicetória,com letra minúscula e tudo). O cara virou, da noite para o dia, o maior rubro negro que já conheci. E o maior pirracento também. Coisa que sempre fui, independente o assunto, seja futebol ou mulher, física quântica ou poesia, por causa de tudo que aprendi com ele, que sempre foi um espelho e ídolo pra mim. Mas, resumindo a narração, vamos aos fatos reais.
Sábado, 02 de maio, era meu aniversário e eu, a contive de meu pai, fui para o interior comemorar. Edmundo, sabido de marca maior, que conhece minhas fraquezas como ninguém, me ligou e disse: -Velho Diu! Tenho dois ingressos para o Ba-Vi. Se você quiser me dar uma carona, já que meu carro está parado por causa da batida, te dou o outro pra gente ir junto. Eu falei: -Tedinho não sei, vou pra Serrinha na carona de Ruy e não sei que hora ele volta no domingo. Vai ter o churrasco do meu aniversário, boca livre que meu pai tá bancando e isso eu não quero perder. Se Ruy voltar cedo eu vou com você. Ele, sabendo como me influenciar desde que eu nasci, disse: -Eu não posso garantir nada, se você não vier, vou fazer um plano B. Acho outro amigo, talvez um Vitória, que queira ir comigo, ingresso de graça e tudo o mais e aí não posso garantir nada. Meu orgulho foi às alturas e me deu vontade de mandá-lo tomar banho para não dizer outra coisa. Mas, como até então eu precisava dele, preferi ficar calado.
E, com medo de perder a boca livre do estádio, ou por saber que ele não queria amigo nenhum, Vitória ou Bahia, e sim o irmão de quem estava morrendo de saudade, do interior o liguei e falei: -Não marca nada com ninguém. Se Ruy não for cedo, vou embora de ônibus e chego no horário do jogo. O filho da puta falou: - Venha almoçar aqui em casa. Vou fazer um rango, a gente come e vai pro estádio depois. Eu disse: -Ôpa, muito bom. Como seu rango depois vamos pro jogo, assim não preciso gastar a grana para comer na rua. Nos 170kms que me separavam de Salvador, ele me ligou três vezes, querendo saber onde eu estava e se ia mesmo cumprir o nosso combinado. Eu sempre falando que estava chegando.
Parei na porta de casa ao meio dia na carona gratuita de Ruy. Nem me despedi direito, subi, botei a camisa do Bahia, como chovia muito e fazia frio, pus o gorro também. Peguei meu carro e fui filar o feijão na casa do carcamano. Chegando lá ele falou: -Meu coração tá apertado, algo me diz pra não irmos pro estádio. -Que nada, vim de viagem tão cedo, agora vai amarelar? No fundo eu estava com o mesmo sentimento. Algo me dizia para não ir. Comemos o feijão, maravilhoso por sinal, e saímos pro campo. Eu ainda o chamei para tomar uma, mas ele, cheio de mania que é, disse que só beberia do meio do segundo tempo pra frente. Eu achei pertinente.
Eu precisava comprar pilhas para o meu rádio e Edmundo queria que eu comprasse no mercadinho do condomínio dele. Lá só tinha pilha da bala, alcalina de R$ 4,25. Eu que comprei meu radinho por R$ 5,00 no camelô da Fonte Nova, não aceitei pagar. Disse: - Vou comprar no camelô a paraguaia por R$1,00. Ele falou: - Vendedor de rádio e pilha é que não vai faltar nas redondezas do estádio.
No caminho para o estádio, ele o tempo todo falava: -Vamos voltar, ouvimos o jogo pelo rádio tomando uma lá em Gil(um bar em seu condomínio), não tomamos chuva e, independente do resultado, estou preocupado com você. Todo fantasiado de Bahia. Até nos encontrarmos na volta do jogo, você voltará na contra-mão da torcida do Vitória, que estará alegre ou feliz, mas com certeza a fim de brigar. Vi que o cara tinha total razão, ainda quero escrever sobre isso. As torcidas estão transformando um lazer numa guerra. Uma diversão numa tortura. Paramos no estacionamento, pagamos R$ 5,00, comprei uma capa de chuva por mais R$ 5,00, e fomos em direção ao estádio. Não havia um vendedor de pilhas sequer. Fomos até depios do campo e voltamos e nada. No caminho, eu fantasiado de Bahia, ele de Vitória, cruzamos com um grupo de torcedores rubro-negros. Uns quinze mais ou menos. Quando me viram com a camisa do Bahia cantaram: "Camisa feia, cheia de cor, todo viado que conheço é tricolor!" Eu tremi na base. Imaginei a cena que Edmundo havia descrito. Eu voltando na contra-mão da torcida. Não importava o resultado. Estava ali para tomar no cu, além de porrada é claro. Comecei a temer pela minha sorte. Aí resolvi aceitar a sua proposta. Voltar para casa. Mas aí ele começou a tirar onda. Já tá aqui, voltar pra que? Foi aí que Deus intercedeu.
Naquele momento, caiu um toró torrencial. Foi o motivo que achei para convencer o cara. Vale lembrar que, no meio do engarrafamento monstro que pegamos, tinha uma campanha de vacinação contra gripe. Os agentes nos convenceram a tomar a vacina. Ele desceu primeiro enquanto eu tentava encostar o carro. Ouvi a agente falando pra ele: -O Sr. Vai tomando a vacina enquanto seu filho estaciona. Toma filho da puta! Mesmo assim voltou ele cartando que eu era torcedor W.O. Pôs até esse título no seu post. Ou seja, que eu tinha corrido do pau. Mas ele topou. Naquele momento, nem imaginávamos ainda que o jogo iria passar na tv, ao vivo para todo mundo. Fomos pra Gil e assistimos ao jogo na televisão devidamente protegidos do torrencial dilúvio que caiu sobre o Barradão, mais conhecido como Barralixo.
O Bahia precisava ganhar por uma diferença de dois gols para ser campeão. Edmundo já havia falado que não gostaria que nossa rivalidade esportiva transformasse aqule encontro fraternal numa briga de família. Fizemos este pacto então. O jogo começou e logo aos 14min o Baêa meteu 1x0. Edmundo ficou logo emburrado. Mais tarde começou a reclamar de uma falta que o juiz não marcou. Eu falei: - Quem não sabe brincar não desce pro play. Infeliz idéia esta minha. Ele, que não conhecia o ditado, tomou aquilo como pirraça. Nos descontos do primeiro tempo, aos 46min, o Baêa broca de novo: 2x0. Placar do primeiro tempo. Eu, já me sentindo o campeão, entoei uns versos de uma paródia que fiz com o hino do Vitória, fazendo alusão ao fato do time nunca ter sido campeão brasileiro. Eu já fui duas.
Eu sou, um time sem glória
Não tenho história, nem tradição
Eu sou, sou o vicetória
E nunca fui um campeão
No segundo tempo tudo mudou de figura. O vitória, que jogava pior que o Bahia, fez 2X1 e em seguida empatou o jogo. A cada lance Edmundo falava: - Quem não sabe brincar não desce pro play. Quando o jogo acabou ele ligou para o filho e contou a mesma cantilena: - Quem não sabe brincar, não desce pro play. Mesmo assim tomamos amigavelmente mais um lote de cerveja até que fui para casa.
Segunda, quando acordei na maior ressaca, recebi um recado do meu sobrinho Pablo, filho de Edmundo, que havia ligado e dizia: - Quem não sabe brincar, não desce pro play.
E, com medo de perder a boca livre do estádio, ou por saber que ele não queria amigo nenhum, Vitória ou Bahia, e sim o irmão de quem estava morrendo de saudade, do interior o liguei e falei: -Não marca nada com ninguém. Se Ruy não for cedo, vou embora de ônibus e chego no horário do jogo. O filho da puta falou: - Venha almoçar aqui em casa. Vou fazer um rango, a gente come e vai pro estádio depois. Eu disse: -Ôpa, muito bom. Como seu rango depois vamos pro jogo, assim não preciso gastar a grana para comer na rua. Nos 170kms que me separavam de Salvador, ele me ligou três vezes, querendo saber onde eu estava e se ia mesmo cumprir o nosso combinado. Eu sempre falando que estava chegando.
Parei na porta de casa ao meio dia na carona gratuita de Ruy. Nem me despedi direito, subi, botei a camisa do Bahia, como chovia muito e fazia frio, pus o gorro também. Peguei meu carro e fui filar o feijão na casa do carcamano. Chegando lá ele falou: -Meu coração tá apertado, algo me diz pra não irmos pro estádio. -Que nada, vim de viagem tão cedo, agora vai amarelar? No fundo eu estava com o mesmo sentimento. Algo me dizia para não ir. Comemos o feijão, maravilhoso por sinal, e saímos pro campo. Eu ainda o chamei para tomar uma, mas ele, cheio de mania que é, disse que só beberia do meio do segundo tempo pra frente. Eu achei pertinente.
Eu precisava comprar pilhas para o meu rádio e Edmundo queria que eu comprasse no mercadinho do condomínio dele. Lá só tinha pilha da bala, alcalina de R$ 4,25. Eu que comprei meu radinho por R$ 5,00 no camelô da Fonte Nova, não aceitei pagar. Disse: - Vou comprar no camelô a paraguaia por R$1,00. Ele falou: - Vendedor de rádio e pilha é que não vai faltar nas redondezas do estádio.
No caminho para o estádio, ele o tempo todo falava: -Vamos voltar, ouvimos o jogo pelo rádio tomando uma lá em Gil(um bar em seu condomínio), não tomamos chuva e, independente do resultado, estou preocupado com você. Todo fantasiado de Bahia. Até nos encontrarmos na volta do jogo, você voltará na contra-mão da torcida do Vitória, que estará alegre ou feliz, mas com certeza a fim de brigar. Vi que o cara tinha total razão, ainda quero escrever sobre isso. As torcidas estão transformando um lazer numa guerra. Uma diversão numa tortura. Paramos no estacionamento, pagamos R$ 5,00, comprei uma capa de chuva por mais R$ 5,00, e fomos em direção ao estádio. Não havia um vendedor de pilhas sequer. Fomos até depios do campo e voltamos e nada. No caminho, eu fantasiado de Bahia, ele de Vitória, cruzamos com um grupo de torcedores rubro-negros. Uns quinze mais ou menos. Quando me viram com a camisa do Bahia cantaram: "Camisa feia, cheia de cor, todo viado que conheço é tricolor!" Eu tremi na base. Imaginei a cena que Edmundo havia descrito. Eu voltando na contra-mão da torcida. Não importava o resultado. Estava ali para tomar no cu, além de porrada é claro. Comecei a temer pela minha sorte. Aí resolvi aceitar a sua proposta. Voltar para casa. Mas aí ele começou a tirar onda. Já tá aqui, voltar pra que? Foi aí que Deus intercedeu.
Naquele momento, caiu um toró torrencial. Foi o motivo que achei para convencer o cara. Vale lembrar que, no meio do engarrafamento monstro que pegamos, tinha uma campanha de vacinação contra gripe. Os agentes nos convenceram a tomar a vacina. Ele desceu primeiro enquanto eu tentava encostar o carro. Ouvi a agente falando pra ele: -O Sr. Vai tomando a vacina enquanto seu filho estaciona. Toma filho da puta! Mesmo assim voltou ele cartando que eu era torcedor W.O. Pôs até esse título no seu post. Ou seja, que eu tinha corrido do pau. Mas ele topou. Naquele momento, nem imaginávamos ainda que o jogo iria passar na tv, ao vivo para todo mundo. Fomos pra Gil e assistimos ao jogo na televisão devidamente protegidos do torrencial dilúvio que caiu sobre o Barradão, mais conhecido como Barralixo.
O Bahia precisava ganhar por uma diferença de dois gols para ser campeão. Edmundo já havia falado que não gostaria que nossa rivalidade esportiva transformasse aqule encontro fraternal numa briga de família. Fizemos este pacto então. O jogo começou e logo aos 14min o Baêa meteu 1x0. Edmundo ficou logo emburrado. Mais tarde começou a reclamar de uma falta que o juiz não marcou. Eu falei: - Quem não sabe brincar não desce pro play. Infeliz idéia esta minha. Ele, que não conhecia o ditado, tomou aquilo como pirraça. Nos descontos do primeiro tempo, aos 46min, o Baêa broca de novo: 2x0. Placar do primeiro tempo. Eu, já me sentindo o campeão, entoei uns versos de uma paródia que fiz com o hino do Vitória, fazendo alusão ao fato do time nunca ter sido campeão brasileiro. Eu já fui duas.
Eu sou, um time sem glória
Não tenho história, nem tradição
Eu sou, sou o vicetória
E nunca fui um campeão
No segundo tempo tudo mudou de figura. O vitória, que jogava pior que o Bahia, fez 2X1 e em seguida empatou o jogo. A cada lance Edmundo falava: - Quem não sabe brincar não desce pro play. Quando o jogo acabou ele ligou para o filho e contou a mesma cantilena: - Quem não sabe brincar, não desce pro play. Mesmo assim tomamos amigavelmente mais um lote de cerveja até que fui para casa.
Segunda, quando acordei na maior ressaca, recebi um recado do meu sobrinho Pablo, filho de Edmundo, que havia ligado e dizia: - Quem não sabe brincar, não desce pro play.
Um comentário:
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Tá, eu só vim aqui rir!!! =P
Aaaaaaaa os irmãos!
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