quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A PRIMEIRA PROFESSORA A GENTE NUNCA ESQUECE!

Qual o menino que nunca se apaixonou por uma professora? Que nunca teve sonhos com a tia do pré, desejos proibidos no banheiro pela pró do primário ou sonhos eróticos com a gostosa de Geografia do colegial? Eu. Talvez porque, assim como as empregadas lá de casa(é comum ouvirmos casos de meninos que comeram as empregadas das suas casas) nunca, pelo menos nesta fase, tinha tido uma professora que me despertasse atenção. Admiração sim, e muita, mas paixão nunca.

Quando isto veio acontecer pela primeira vez, eu já era um adulto, no alto dos meus 36 anos, e fazia um curso de culinária no Senac. Cândida, a professora de ética profissional que me despertava desejos nada éticos, mas, como o curso era de culinária, deliciosos sem dúvida. Resultado, voltei a ser criança. Assistia àquelas aulas babando. Quando ela ía de saia então, ficava louco e não conseguia fixar uma linha das explicações mas decorei todas as curvas daquelas pernas maravilhosas. Tinha também umas calças apertadíssimas sem cós que, quando, ela baixinha que era, se espichava para escrever na parte mais alta do quadro, revelava uma minúscula tira das suas belas calcinhas. A vermelha era a minha preferida mas a preta também tinha o seu lugar, e que lugar! Como vocês podem ver, virei o adolescente apaixonado pela professora, tarado seria o termo mais apropriado. Sem desmerecer a beleza, sensualidade e simpatia de Cândida, talvez fosse mesmo pela extrema carência que me abatia naquela época.

Mas, este mundo dá voltas e, na vida, sempre tem a primeira vez. Voltarei no tempo, para o Leobino Cardoso Ribeiro, em Serrinha-Ba, onde estudei o 2º, 3º e o 4º ano do primário, em 76, 77 e 78 respectivamente. Minha professora era Pró Noélia. Uma senhora séria porém muito amável, de quem guardo boas recordações mas passou longe de me despertar algo parecido com paixão.

Morei quatro anos naquela cidade, minha irmã se casou com um cara de lá, separou, casou com outro de uma cidade vizinha e trabalha lá até hoje. Meu pai, depois de passar longos anos em Santo Amaro, depois de aposentado voltou pra lá, mas mesmo assim eu tinha tudo para me afastar de Serrinha e jamais voltar a por os pés naquele rincão. Isto só não aconteceu por um motivo básico. A família e os amigos que lá fiz, com quem mantenho até hoje laços de amizade fraterna. Como nunca dou as costas à um amigo e à família, acabei por não dar as costas à cidade embora já tivesse tido muita vontade de fazê-lo. Aí o destino se encarrega de mostrar o porque das coisas acontecerem nas nossas vidas.

Em outubro do ano passado conheci Laércia. Professora do Leobino Cardoso Ribeiro. Pró Lai, como é carinhosamente chamada pelos alunos, cruzou o meu caminho para mudar minha vida e ser a minha primeira professora. Não, não me matriculei, não voltei a estudar ainda. Mas a primeira com quem pude realizar os sonhos reprimidos e me apaixonar de verdade. Neste ano letivo da relação, estou aprendendo muito, aluno aplicado que sou, e espero passar sem provas finais ou recuperação. Tenho me esforçado muito pra isso. Quero ser o primeiro aluno da classe, o CDF, o que senta na primeira fila e aquele que desperta a admiração da Pró. Porque assim como o sutiã e a geladeira, a primeira professora a gente nunca esquece. Como esquecer de LAI?

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

QUATRO COISAS SOBRE MIM

Minha amiga Ana enviou-me este meme onde devo relatar coisas sobre mim que vocês saibam ou não. Como não sou de fugir aos desafios lá vão elas:

- QUATRO TRABALHOS QUE TIVE EM MINHA VIDA.

1. Iniciei minha vida profissional aos 15 anos fazendo imposto de renda para uma família de fazendeiros milionários do interior da Bahia.
2. Aos 20 anos iniciei uma curta carreira de professor de matemática do segundo grau, nível médio, até meus 25 anos.
3. Depois trabalhei como produtor e gerente financeiro ajudando a lançar bandas como Timbalada, Banda Eva(Ivete Sangalo), Araketu dentre outras.
4. Hoje sou gerente financeiro de uma rede de farmácias de Salvador. Estou me preparando para dar uma guinada na minha vida e mudar de ramo.

- QUATRO LUGARES EM QUE VIVI

Foram muitos, Vou enumerar os quatro mais marcantes por ordem decrescente de importância na minha vida

1. Santo Amaro da Purificação-Ba
2. Salvador-Ba(onde vivo hoje)
3. Serrinha-Ba
4. Juazeiro-Ba

- QUATRO PROGRAMAS DE TV QUE ASSISTIA QUANDO CRIANÇA.


1.Vila Sésamo
2. O desenho animado Speed Racer
3. O Túnel do Tempo
4. Perdidos no Espaço

- QUATRO PROGRAMAS DE TV QUE ASSISTO

1. Sou um noveleiro inveterado. Se me prender assisto do início ao fim.
2. Telejornais em geral
3. Programa do Jô(Tá cada dia pior)
4. A Grande Família

- QUATRO LUGARES EM QUE ESTIVE E VOLTARIA.

1. Lençóis-Ba na Chapada Diamantina
2. Porto Alegre-Rs
3. Cataratas do Iguacú
4. Campos do Jordão-Sp

- FORMAS DIFERENTES QUE ME CHAMAM.

1. Velho Dil(A mais comum)
2. Dico(Esquecida na infância)
3. Didico(Esquecida na infância)
4. Aline. É isto mesmo. Aline. E ainda para completar tem sub-título e tudo. A Muriçoca de Biquini.

- QUATRO PESSOAS QUE TE MANDAM CORREIOS QUASE TODOS OS DIAS.

1. Paulo Valentino
2. Raymundo Salles Brasil
3. Maurício
4. Todos os dias só os três acima.

- QUATRO COMIDAS FAVORITAS.

Por ordem de preferência

1. Comida Italiana
2. Comida baiana
3. Maniçoba
4. Comida chinesa

- QUATRO LUGARES EM QUE DESEJARIA ESTAR AGORA.

1. Em Belém-Pa ao lado da minha filha Júlia, meu maior tesouro, meu maior amor.
2. Em Porto Alegre. Sempre ao lado dos meus queridos amigos.
3. Na Chapada Diamantina
4. Em Serrinha nos braços da minha namorada para onde estou indo daqui a pouco.

- QUATRO AMIGOS QUE CREIO QUE ME RESPONDERÃO.

1. Éverton Vidal
2. Leandro
3. Lorena
4. Jacinta

Assim vocês conhecem um pouco mais sobre mim. Façam suas listas.

Beijos!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

ILHA DO PIRATA - O FIM DA HISTÓRIA - VII

Os anos que trabalhei com Ray foram maravilhosos, uma grande experiência na minha vida. Trago no coração uma saudade boa daqueles dias de tensão, de noites viradas, muito cálculos, muita alegria, muita arte e sempre, nunca foi diferente, no final tudo dava certo. Eu, que nunca fui artista, sentia uma enorme satisfação ao ver o reconhecimento do cliente. Fico imaginando como Ray deve sentir-se nestes momentos.

Depois do cenário da Fonte Nova, Ray começou a retomar a antiga amizade com João Teixeira. Como já falei antes, gostei de cara de João. Admiro o seu jeito verdadeiro, desses que dizem na tampa o que pensam, sem meias palavras ou dissimulações. Sem contar seu alto astral e seu caráter irrepreensível. Ele também é um grande artista embora tenham estilos completamente diferentes de criar. Ray é do computador. Uma fera na manipulação do 3D Stúdio, Corel Draw e Photoshop, softwares cujos recursos eu duvidaria existir não tivesse sido testemunha ocular de suas proezas. Já João é da ilustração, do desenho manual. Cada um a sua maneira, ambos de grande talento. O ponto em comum está na capacidade de executar na prática o que criam no papel. Foi então natural que surgisse ali, uma parceria para futuros trabalhos. João tinha em Ray uma espécie de ídolo. Um dia nos confessou que foi o exemplo de Ray que lhe mostrou ser possível viver da própria arte.

Trio Elétrico de Ivete Sangalo - Carnaval 2003
O primeiro trabalho que fizeram juntos quase entra no livro dos recordes. A maior fita do Bonfim do mundo. Tinha 300m de comprimento e circulava todo o perímetro de um mega hotel no complexo de Costa do Sauípe, no litoral norte da Bahia. Até hoje eles fazem vários cenários para este Hotel, um antigo cliente de João. Decorações para natal, reveillon e outras festas.

O último trabalho que participei antes de sair foi uma parceria dos dois e também um dos mais bonitos. A decoração de São João da cidade de São Gonçalo dos Campos. São Gonçalo é uma cidade pequena, mas com um grande potencial, uma indústria tabagista com duas fábricas de charutos, onde são fabricados os melhores charutos brasileiros, e um grande frigorífico especializado no abate de frangos.

Foram vários os pontos que tiveram interferência cenográfica. Dois portais nas entradas da cidade, decoração do palco principal onde aconteceriam os shows, uma feira de artesanato com barraquinhas típicas de festas juninas e para mim, os dois elementos mais bonitos de toda a decoração. A Casa do Fumo e a Casa da Farinha. Cada uma montada numa praça diferente. Ficaram exuberantes. Era difícil acreditar que o forno da casa de farinha fosse cenário. Parecia real de tão perfeito.

Cenário do Programa Bahia 50 Graus da TV Record. Transmitido Ao Vivo de Salvador em Janeiro 2003


Foi também um trabalho que envolveu uma equipe muito grande. Mas uma vez a JC e Carlinhos estavam presentes. Como São Gonçalo fica perto de Amélia Rodrigues, cidade onde João tem um sítio maravilhoso e um atelier bem equipado, e perto também de Feira de Santana onde o comércio é excelente, fizemos nossa base em Amélia. Tivemos alguns contratempos. Chuvas torrenciais quase levam água abaixo algumas peças já prontas e atrasos consideráveis nas parcelas a receber. Houve momento que chegamos a pensar em largar tudo e parar o serviço no meio. Temíamos muito pela parcela final, de onde ainda muito se tinha a pagar tanto a fornecedores como aos operários e de onde o lucro do trabalho saíria. Resolvemos arriscar. A cidade ficou linda, e, embora a última parcela tenha demorado um pouco de sair, quando recebida cobriu todas as despesas pendentes, bem como financiou uma grande farra de comemoração.

Ray Vianna é para mim mais que um amigo ou um compadre, antes de tudo é um grande irmão. Uma pessoa cuja amizade pretendo preservar para sempre. Além do mais, ele tem em mim um de seus mais fervorosos fãs. Obrigado Ray!

Decoração do Pelourinho para o Carnaval 2007. Criação e execução de Ray Vianna, João Teixeira e Euro Pires





quarta-feira, 10 de setembro de 2008

MEME MUSICAL

Faz que tempo que Lorena me pediu pra responder esse meme. Como tenho lido poucos blogs ultimamente e escrito pouco também, só hoje, depois de uma visita no Re-Novidade, descobri isto. Não posso deixar de atender ao pedido de um ídolo.

Ele consiste no seguinte:

1. Enumere 7 canções que você ouve sempre, que estão no seu mp3, mp4, Ipod e afins, que você cantarola pela rua. Enfim, suas músicas de cabeceira.
2. Repasse a missão para sete pessoas especiais. (Dica: escolha alguém de quem você deseje conhecer o gosto musical ou que você já conheça e saiba que a vale a pena).

Difícil, muito difícil. Sete é um número muito pequeno além de ser conta de mentiroso. A música pra mim depende da época. Tem tempo que ouço um determinado artista à exaustão e depois o deixo um pouco de lado. Vou então enumerar as sete músicas que estou ouvindo mais nos últimos dias.

1.Boa Sorte
(Luiz Guedes/Thomas Roth/Márcio Borges)
Beto Guedes

2. Se Eu Quiser Falar Com Deus
(Gilberto Gil)
Gilberto Gil

3.Samba Pro Porto
(Luciano Carôso/Márcio Valverde/Carlos Colavolpe)
Claudia Cunha

4.Outros Sonhos
(Chico Buarque)
Chico Buarque

5.Clube da Esquina Nº 1
(Milton Nascimento/Lô Borges/Márcio Borges)
Milton Nascimento

6.Dama do Cassino
(Caetano Veloso)
Jussara Silveira


7. O Filho Que Eu Quero Ter
(Toquinho/Vinícius de Moraes)
Toquinho

Vou repassar este desafio para sete pessoas que eu gostaria muito de conhecer melhor o gosto musical.

Jacinta
Mary
Nanda Nascimento
Cakcau Loureiro
Leandro
Carol
Mundo Azul

Espero por vocês. Beijos!

P.S. Bem que eu falei que sete era um número pequeno. Recebi um comentário de uma amiga especial "reclamando" sua presença mais do que justa aqui. Vamos então subverter as normas do meme e incluí-la. Venha também Regina, será um prazer!

Regina Coeli






segunda-feira, 8 de setembro de 2008

ILHA DO PIRATA – Fonte Nova Sem Futebol – VI

Publicado em 03 de maio de 2007 no marcador textos


A capa do DVD MTV AO VIVO 10 ANOS de Ivete Sangalo
A inauguração da Ilha foi um sucesso. As pessoas ficavam encantadas com a nova decoração, faziam questão de comentar e parabenizar Ray pelo resultado. No dia seguinte ele deu entrevista numa rádio local falando sobre a ilha e o seu trabalho. Foi convidado a visitar outras casas de shows que pretendiam investir na decoração. Ficamos mais dois dias em Porto Seguro. Não houve novos serviços por lá, exceto um ano depois quando voltamos para desmontagem do cenário, mas saímos com o doce sabor de dever cumprido. Sinto até hoje, um grande orgulho de ter participado daquele trabalho.

Na volta a Salvador, tivemos a primeira reunião com a produção de Ivete Sangalo e a única, pelo menos que eu tenha participado, com a presença dela. Foi na casa de Cíntia, a sua irmã. Ivete, que eu já conhecia pessoalmente da Perto da Selva, embora ela óbvio não lembrasse de mim, sempre a mesma pessoa que costumamos ver na televisão. Extrovertida, brincalhona, verdadeira, boca porca, fala um palavrão atrás do outro, e muito objetiva. Passou o briefing do projeto, ou seja, as instruções do que ela pensava sobre a cara do cenário. Lembro que ela foi taxativa: - Não sei como você vai fazer, mas quero um globo de boate. Globo este que Ray genialmente idealizou ser retrátil. Num determinado momento do show ele descia e virava a tela de projeção. Puta dor de cabeça este globo nos deu. Contratamos um engenheiro para calcular detalhadamente todos os elementos do mecanismo. Desde a potência do motor ao tamanho de cada peça. Nas vésperas do show, durante os primeiros ensaios, o primeiro problema. Ivete não ficou satisfeita com o globo, falou pra Ray: - Cara você me prometeu uma viagem pro Caribe e me levou pra Fernando de Noronha. De fuder, mas não é um globo de boate. O pior é que ela tinha razão. Pensando em não aumentar demais o peso da peça, Ray projetou o globo com um forro de lona e pedaços de acrílico espelhado colados. Tanto o formato, assim como a quantidade de espelhos, não deram o efeito desejado. Tanto é que tivemos de fazer depois a semi-bola de fibra de vidro e concentrar muito mais os pedaços de espelho. Aí Ivete foi ao delírio. Na madrugada que antecedeu ao show, durante os testes finais, o motor do globo queimou. Saímos com o dia quase amanhecendo do Parque de Exposições e, já às 7hs da manhã, estávamos reunidos na porta de Jorginho Estrela, que colou com a gente depois da ilha até o final do verão, decidindo as providências que resolveriam o problema. Entre globos e motores salvaram-se todos, foi um sucesso total.

Depois do cenário de Festa, Ray passou a fazer diversos trabalhos para Ivete, incluindo vários trios elétricos e o cenário da maior produção que já participei na vida, o show de Ivete na Fonte Nova para a gravação do seu primeiro DVD. Torcedor fanático do Bahia, freqüentador assíduo daquele estádio, sempre sonhei um dia visitar suas dependências. Nem imaginava que iria passar uma semana inteira quase morando lá dentro.

Engraçado que o show foi em 21 de dezembro de 2003 e, por causa do campeonato brasileiro, a Fonte Nova só foi liberada dia 15, segunda-feira, já que o Bahia daria seu último vexame do ano dia 14 ao perder de 7 X 0 para o Cruzeiro e ser rebaixado para a segunda divisão. Não me lembro exatamente porque, mas eu não fui ao estádio naquela segunda. Graças a Deus. Não suportaria ver o que Ray e Paulo Pipoca, ambos torcedores do Vitória, me relataram com todo o prazer. Camisas e bandeiras do meu time rasgadas e queimadas pelas arquibancadas, rádios estilhaçados, enfim, um cenário degradante.

A criação deste cenário específico, não foi de Ray e sim de Mônica Sangalo, outra irmã de Ivete. Na verdade Mônica mostrou a ele algumas ilustrações do que ela pensava, mas para virar um projeto executável, era preciso muitas alterações. A cara ficou a de Mônica, mas o dedo de Ray foi fundamental e acabou mudando completamente alguns elementos. A execução foi totalmente nossa mais uma vez contando com a equipe brilhante da JC sob a batuta do seu infalível maestro Carlinhos, sem contar boa parte da nossa equipe de Porto Seguro.

Neste cenário, dois grandes problemas poderiam ter atrapalhado o brilho da festa e posto abaixo o excelente trabalho de Ray, não fosse à agilidade e talento do nosso amigo Paulo Pipoca. Primeiro o elevador. Ivete entrava no palco de baixo, através de um elevador criado por Ray. Um grande círculo à frente, no centro do palco que tinha um formato de meia lua. Era suspenso por um desses carrinhos andaimes que comumente vimos em grandes atacados. Na sua base, dois semi-círculos de vidro bem grosso permitiriam a passagem de luz por baixo. Horas antes de começar o show, um dos vidros não suportou o calor dos holofotes e partiu. Com muita rapidez, Paulo colocou uma emenda de madeira que tapou o buraco, mas deixou um pequeno batente. Embora Ivete tivesse avisada, passamos o show inteiro apreensivos com medo que ela tropeçasse. Mais uma vez, Deus não permitiu o pior. Hoje, assistindo ao DVD, com os olhos clínicos de quem teve lá, em cada minuto daquela montagem, dá pra notar o pequeno armengue* que aquilo ficou, mas que salvou nossa pele.



Como se não bastasse o elevador, todos os pontos de força do palco eram de 220v. Porém os canhões que soltariam durante o show, a chuva de papel picado brilhante, eram 110v. Tivemos o cuidado de deixar um ponto com esta voltagem para ligar tais máquinas que já estavam inclusive testadas. Acontece que, enquanto nós almoçávamos, algum infeliz, simplesmente cortou nossos pontos 110v e desligou as máquinas. Mais uma vez Paulo, minutos antes do show começar, numa rapidez assustadora, arranjou fio e, sabe Deus de onde, puxou um ponto novo religando os canhões. Ainda bem. Foi justamente desta chuva de papel brilhante, que nasceu a foto da capa do DVD.
*Armengue: Expressão típica da Bahia que significa coisa mal feita ou sem acabamento.

domingo, 7 de setembro de 2008

SAMBA NUNCA É DEMAIS

Carlos Colavolpe, Márcio Valverde e Luciano Carôso

"Acredite sinhá moça,
Não duvide meu rapaz,
Samba nunca é de menos,
Samba nunca é demais..."
Luciano Carôso/Márcio Valverde/Carlos Colavolpe

Para os amantes do samba, da boa música e da poesia, tenho o orgulho de apresentar um trabalho quentinho, saindo do forno, realizado por três talentos maravilhosos da música popular brasileira: meu irmão Luciano Carôso e os meus amigos fraternos Márcio Valverde e Carlos Colavolpe. O cd "Samba Nunca é Demais". Uma pérola! Clique no link abaixo para ouvir o CD. Bom samba para todos vocês até porquê, samba nunca é demais.

OUÇA

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

ILHA DO PIRATA – Quando Aparece Ivete Sangalo – V

Publicado em 27 de abril de 2007 no marcador Textos

O Show Festa de Ivete Sangalo - Parque de Exposições Salvador-Ba, 22 de Dezembro de 2001.

Não que João tenha feito algo pra me separar de Ray, é bom esclarecer bem este fato. É que suas idéias e um pequeno incidente num trabalho que fizemos juntos, com certeza ajudaram meu compadre a tomar a decisão de acabar nossa parceria.

João que também é artista plástico, chamou Ray pra dividir um trabalho que ele estava prestes a pegar, a decoração da cidade de São Gonçalo dos Campos-Ba, para o São João de 2005. Não foi o primeiro que fizeram juntos depois que eu estava com Ray, mas foi o último já que saí logo depois. Hoje eles continuam com esta parceria em alguns trabalhos que, de tanto talento, só pode ir muito longe. Na primeira vez, chamei João e expliquei a ele como era meu acordo com Ray, que era comissionado mas que tal comissão estava embutida no preço de cada serviço e que, cada desconto cedido pro cliente, automaticamente significava um desconto na minha remuneração. Ele aceitou prontamente e sequer cogitou a possibilidade de me propor algo diferente. Naquele São João, executamos o serviço em Amélia Rodrigues, cidade mais próxima de São Gonçalo onde João tem um sítio e mantém um atelier, bem perto de Feira de Santana, que tem um comércio muito bom sendo às vezes até melhor e mais barato que o de Salvador.

Passamos semanas no sítio de João e tivemos sérios problemas com o contratante que estava dando trabalho para pagar as parcelas acordadas no contrato. Isto deixou-nos com os nervos a flor da pele e numa noite, durante um balanço financeiro, João disse achar que na comissão, eu estava ganhando demais. Pensava ele que eu, assim como todos os outros deveria ter um cachê específico previamente acordado. Ray concordou e falou que precisávamos revisar nosso acerto. Imediatamente fui contra. Não achava justo ele concordar , e não acho até hoje. Sei da importância da minha colaboração e para mim aquilo era uma desvalorização ao meu trabalho que jamais poderia aceitar. Os tons até se alteraram um pouco mas logo contornamos a situação. A verdade é que naquela mesa, meu destino profissional começou a mudar. Concluído aquele trabalho, um mês depois Ray dissolveu a nossa parceria, mas nunca a nossa amizade.

Sei que este não era o momento, mas já que João entrou na história, resolvi completar a informação. Voltemos pra Porto Seguro de onde não deveríamos ter saído.

Enquanto a equipe trabalhava sem descanso em Salvador, voltei sozinho a Porto para tomar umas providências necessárias a nossa chegada com a equipe e o material. Alugar uma casa para hospedar a galera, contratar secretária para fazer café da manhã, janta e lavar a roupa do pessoal, combinar com a equipe da ilha como seria a montagem e permanência do material por lá, contratar um barco para o nosso deslocamento diário pra ilha bem como o transporte do material e equipamentos, acertar o fornecimento de almoço durante a montagem, pesquisar o comércio local e essas coisas de produção. Tudo resolvido voltei para Salvador me reintegrando à turma até estar tudo pronto para o embarque final.

Eu, Carlinhos e Renato fomos de carro, se não me falha a memória em 20 de setembro de 2001. Saímos cedo e entramos em Porto Seguro às 21hs. Ray foi de avião dois dias depois pois estava entregando um cenário para televisão que acabara de concluir, Paulo foi conversando sem parar durante toda a viagem com o motorista, na boléia do caminhão que levou as peças e equipamemtos e o resto do grupo de ônibus. No dia seguinte à nossa chegada, os meninos e o caminhão desembarcaram e imediatamente arregaçamos as mangas e botamos a mão na massa.

Durante os trinta e três dias que duraram a montagem, eu e a equipe íamos cedinho pra ilha. Estacionava meu carro no cais e ía de barco com a turma. Quando precisava de qualquer coisa, pegava a lanchinha que era de propriedade da ilha e ía pra cidade comprar. Quando o almoço chegava também atravessava o mar para ir buscar no continente. De tanto que rodei lá dentro, acabei conhecendo a cidade melhor do que muito morador. Costumava até brincar que já poderia ser motorista de taxi por lá. Só não conheci praia e pontos turísticos, mas o centro, a periferia e todo o comércio, virei de cabeça pra baixo.

Aqui abro um parêntese para falar da Ilha. Que lugar maravilhoso. Uma ilha temática, cheia de aquários imensos, com peixes de diversas espécies, tubarões, arraias e tantos outros. Na verdade, uma multi-casa de shows. Lá tinha festas todas as terças e eu, como bom noctívago, não perdi uma sequer. Lá existem vários ambientes. Um espaço para forró, outro para MPB, o meu preferido, uma boate, bares, restaurantes, lojinhas de souvenirs e um palco central para grandes shows. A noite, quando iluminada, principalmente os aquários, ficava deslumbrante. Nos dias de show a ilha enchia de turistas que muitas vezes se excediam. Era comum na manhã seguinte, encontrarmos camisinhas usadas e pontas de cigarro de maconha pela chão. Nunca vi tantas mulheres bonitas reunidas num mesmo lugar como naquelas noites de terça.

Faltando umas duas semanas para inauguração, eu estava junto de Ray quando o celular dele tocou. Vi que ele estava explicando para o interlocutor estar ocupado no momento por causa do trabalho em Porto Seguro mas assim que voltasse a Salvador manteria contato para falar sobre o assunto. Era Cíntia Sangalo, irmã de Ivete que queria contratá-lo para criar e executar o cenário do show de lançamento do seu próximo cd, FESTA.


O cenário de Festa antes do show.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

ILHA DO PIRATA – Conhecendo Porto Seguro – IV

Publicado em 24 de abril de 2007 no marcador Textos

O Portal de Entrada da Ilha

Quando eu morei em Belmonte, no sul da Bahia, ainda com 02 anos de idade, tive em Porto Seguro pela primeira, e até 2001, a única vez da minha vida. Não guardo lembranças desta viagem, apenas a visão de um mar cheio de recifes em barreias que dava a impressão de haver um muro natural separando a costa do mar. Até hoje não sei que praia é aquela. Mesmo nos mais de quarenta dias que passei por lá no início deste século, não consegui reconhecê-la. Embora longos dias na cidade turística, isto somando as quatro vezes que lá estive naquele ano e no ano seguinte, muito poucos passeios ou quase nenhum, pude fazer. Era trabalho de domingo a domingo, exceto pelas noites boêmias com Renato Vianna irmão de Ray, quase nenhuma diversão. Estou sendo muito injusto já que aquele trabalho foi uma verdadeira diversão. Duro sem dúvida, mas divertido.

Em Setembro de 2000, a Perto da Selva dava claros sinais de declínio e eu vinha muito insatisfeito com as condições de trabalho na época. Foi aí que Ray, saindo de uma experiência frustrada com a empresa Pauppuro Design e Arte e com a vida financeira virada de cabeça pra baixo, me pediu socorro. Ele havia dissolvido a sociedade que tinha na Pauppuro, aberto uma nova empresa, mas as dívidas e a total falta de talento para administração das finanças, estavam emperrando sua vida. De início foi coisa de amigo. Trabalhava o dia inteiro na Perto da Selva e ia à noite pro seu escritório e atelier no bairro da Boca do Rio. Equacionei a separação do antigo sócio que até então andava travada por falta de entendimento, renegociei as dívidas com o banco e fornecedores e ajudei no planejamento de sua nova etapa de vida. Não havia convite para que eu ficasse efetivo.

Acontece que o destino nos reserva várias surpresas. Já em novembro, quando eu tinha acabado de voltar dos meus únicos quinze dias de férias gozadas após cincos anos na Perto, a uma linha da explosão pela insatisfação total em que vivia, tive, em pleno expediente, uma briga séria com Edmundo, meu irmão e um dos três sócios da empresa. Nervos arrefecidos pela sensata interferência de Carlinhos Amaral, o gerente de lá. Aquele episódio foi preponderante numa decisão que tomei ali no mais inapropriado momento, o do descontrole emocional. Não fosse por Carlinhos tinha mandado Edmundo e Perto da Selva tomar naquele lugar ali mesmo. No entanto, mesmo com a interferência apaziguadora e dos diversos conselhos do experiente Carlinhos, não desisti de tal decisão. Edmundo não sabe, mas suas palavras naquele dia, foram à gota d´água. Era um momento difícil, Júlia acabara de completar um ano, eu não tinha nenhuma reserva monetária, meu casamento começando a desmoronar e nenhuma outra perspectiva de emprego.


O Pirata da Montila










Cenário Para Fotografias
Réplica em tamanho natural de um ser humano, do símbolo do Run Montila.

Foi assim que fiz minha proposta a Ray. Sabia que ele não poderia pagar nem metade do que eu ganhava, mas apostava muito no seu trabalho. Antes de pedir a demissão, conversei com ele. As bases eram as seguintes. Ele me pagaria um valor fixo que equivalia na época a menos de um terço do que ganhava e um percentual sobre o bruto dos trabalhos fechados dali por diante. Embutiríamos esta comissão no orçamento de cada serviço. Era aí que eu apostava. Sabia que em alguns serviços, poderia tirar um pouco do atrasado e, na média, equivaler aos meus proventos anteriores. Acertamos tudo, com a promessa de em dois anos, havendo melhora no desempenho da Ray Vianna Design e Arte, o nome fantasia da nova empresa, repensaríamos as bases no sentido de haver aumento no meu fixo e no percentual da comissão. Consegui que a Perto da Selva me demitisse e, com isso, recebi a minha indenização podendo também retirar meu FGTS. Não durou muito tempo esta grana, os primeiros meses com Ray foram muito difíceis.


Sinalização - Placa com o mapa completo do lugar, ao estilo dos mapas piratas.

Foi quando, por volta do meio do ano de 2001, apareceu a proposta que dá título a esta série de textos, Ilha do Pirata, por intermédio de um produtor baiano, Rodrigo Palhares, que conhecemos na época da Timbalada, estabelecido em São Paulo. Ele tinha contrato com a Seagram´s do Brasil, fabricante do Run Montila, para ambientar uma ilha em Porto Seguro, a Capitania dos Peixes, com o merchandising da bebida. A ilha passaria a se chamar Porto Montila, A Ilha do Pirata. Foram intermináveis minutos de conversas telefônicas até chegarmos a um consenso no valor do projeto. Neste meio tempo, fizemos a primeira viagem ao local. Eu Ray e Renato. Fotografamos a ilha inteira, imensa por sinal, tiramos medidas, fizemos as locações de peças que já haviam sido previamente solicitadas mesmo antes do projeto chegar ao papel. Ainda sem nada fechado, no meio das negociações, Ray mergulhou no mundo dos filmes e livros piratas. Este foi inclusive um projeto feito no sentido contrário. O projeto foi apresentado sem a definição de valor pelas partes, junto com o respectivo orçamento. Tira peça daqui, altera material dali até chegar a um número aprovado pela Seagram´s.

O Bar do Pirata - Um dos Ambientes da Ilha.

Recebida a primeira parcela, começou o trabalho de execução. Vale ressaltar que, além da parte administrativa dos negócios, eu também fazia o papel de produtor executivo. A empresa tinha um grande cast de funcionários, eu e Paulo Pipoca. Este uma figura incrível. Um cara espirituoso, com múltiplos talentos. Carpintaria, marcenaria, fibra de vidro, pintura, cozinha dentre tantos outros. Quando quer, sabe ser o cara mais chato do mundo. Nunca para de falar, mas estou pra ver a pessoa que não goste dele. É o que se chama de pau para toda a obra, um animal para trabalhar. Ray já tinha pré-montada uma equipe de primeira que era sempre contratada para os maiores serviços, além de Carlinhos, O Sócio, como o chamo, dono da JC Montagens, figura indispensável, juntamente com sua equipe, nos serviços de Ray. Ao todo entre a equipe de Ray e de Carlinhos, vinte e uma pessoas foram arregimentadas para trabalhar no projeto. Só tínhamos dois meses para execução e montagem já que batemos martelo no início de agosto e a ilha inaugurava em vinte e três de outubro. Só para citar alguns, Jorge Estrela, o chefe da produção, Renato Vianna que, juntamente com Ray, gerenciava a parte artística e de modelagem, um outro Paulo, o Pity Bitoca, que além de multi-funcional, nos fazia dar risada o tempo todo, Juca, Rafael, Nonô, Tararita, Mezenga, Dae, Cid, Mun, Edson, Tico e muitos outros. O trabalho começou na Boca do Rio. Foram dias memoráveis com aquela equipe reunida, totalmente entrosada. Muita risada, almoços maravilhosos preparados por Paulo Pipoca e, às vezes, por mim, várias garrafas de Montila, já que tínhamos de prestigiar o nosso patrocinador, e por aí vai. Muito foi feito lá, até os vizinhos darem queixa na prefeitura reclamando do cheiro de thinner e dos fios de lâminas da fibra de vidro. Era uma área residencial e tivemos que mudar de mala e cuia para o galpão da JC aceitando o convite de Carlinhos. Foi durante estes dias da Boca do Rio que conheci um cara de quem sou admirador e gosto muito até hoje, com quem simpatizei da primeira vez que o vi, mas, falo isto sem nenhuma mágoa, foi um dos fatores responsáveis pela minha separação profissional de Ray. João Teixeira.